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20 Julho 2020 | AutoData EXCLUSIVO » ESTUDO GLOBAL As análises da KPMG sugerem que uma deglobalização das estratégias das empresas não signi ca necessariamente abandonar os planos de investimentos em mercados asiáticos, sobretudo na China, o maior e ainda principal foco de cresci- mento na região. O que vem ocorrendo neste momento são estudos de “quantos ovos os execu- tivos colocarão em cada cesta regional distribuída no globo”. Essa analogia feita por Bacellar leva em conta uma série de elementos bastante complexos, como legislação, políticas industriais, parque industrial instalado, vocação da região e per l do consumidor. Nesse contexto, mesmo que a América do Sul não tenha sido apontada na pesquisa como uma região em que essa transformação possa ocorrer, é por aqui que a indústria tem grandes oportunidades. Para o beme para o mal. Bacellar lembrou do caso da Ford e sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP, que acaba de ser vendida. É o exemplo de como os líderes globais de uma mon- tadora estão distribuindo os ovos nas tais cestas: “Acabou aquela história da matriz aceitar perdas e socorrer algumas opera- ções regionais”. Aqueles que não apresentarem resul- tados correm o risco de ter os investimen- tos deslocados para outras operações: “Provavelmente foi isso que aconteceu com a fábrica da Ford. Outro movimento surpreendente da montadora foi elimi- nar globalmente a produção de sedãs. O que isso quer dizer? O dinheiro colocado nesses produtos e nessa fábrica foi des- locado para outra ação, provavelmente na China, onde a Ford tem grandes planos de crescimento”. Ou seja: a regionalização também tem o seu lado perverso e não seria surpresa, em um futuro próximo, que outras fábri- cas e até operações inteiras deixassem a América do Sul. Mas esse destino está reservado apenas para aqueles que não demostrarem a capacidade de fazer di- nheiro por aqui. Os números de produção sustentam a hipótese de que a América do Sul, prin- cipalmente o Brasil, podem ter um papel importante nessa tendência de regiona- lização automotiva. Segundo a Oica, a or- ganização internacional das montadoras, dentre os fabricantes comvolumes anuais superiores a 2 milhões de unidades apenas o Brasil registrou crescimento da produção: 2,2% em 2019 ante 2018. Mesmo que o impacto da pandemia tenha impedido a continuidade da recu- peração de produção e vendas o potencial do mercado, a vocação em combustíveis de baixa emissão e as características do consumidor altamente conectado na eco- nomia digital são atraentes demais. Mas a pergunta que sempre ca no ar há décadas é: os setores industriais do País e a indústria automotiva, em particular, poderão induzir uma transformação capaz de gerar um ambiente de protagonismo por aqui? “Em vez de simplesmente uma mudança regional global na indústria automotiva esperamos testemunhar uma variedade de mudanças mais localizadas para diferentes tecnologias, mercados e aplicações, auxiliadas por um grau de desglobalização ainda indeterminado após a covid-19” Trecho do estudo global da KPMG 2020

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