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23 AutoData | Julho 2020 com Ricardo Bacellar, líder da KPMG para o setor automotivo no Brasil, “hoje o ESG está muito presente no desenvolvimento de negócios das grandes empesas. Virou moeda forte no mundo dos negócios”. Portanto é uma questão de tempo para o ESG chegar às empresas automotivas no Brasil, principalmente as 100% nacionais. Isso já ocorre aqui em setores como o alimentício, que capta investimentos na bolsa de valores com seus relatórios de avaliação do desempenho ambiental, so- cial e de governança, ASG, em português. No caso das montadoras o que apa - renta ser um processso decisório que virá de cima para baixo, conhecido como top- -down, ainda tem um obstáculo e tanto a superar: o consumidor. A pesquisa da KPMG identi cou que em contrapartida à opinião dos líderes do setor está a posição das pessoas, ainda pouco assertivas com relação à impor- tância da sustentabilidade na decisão de compra. Enquanto 98% dos executivos acreditam que a sustentabilidade é um fator de diferenciação para os negócios 17% dos consumidores não reconhecem esse valor. Mas 42% dos executivos e seus clientes concordam que a sustentabilida- de será um atributo inerente ao produto, muito mais do que um acessório. Para ganhar o protagonismo na ava- liação da clientela a sustentabilidade precisa fazer sentido na ponta do lápis e essa equação matemática ainda não está pronta. É justamente aí que reside a grande oportunidade para as montadoras, na avaliação da KPMG. Novamente tomando emprestado o exemplo da indústria de alimentos não seria natural, assim como acontece com os rótulos dos produtos oferecidos nos supermercados, os clientes da indús- tria automotiva basearem suas decisões conhecendo os materiais utilizados, as matérias-prima e de onde vieram? E a reu- tilização ou reciclagem das peças, dos veículos inteiros? Diante dessas e demuitas outras ques- tões a KPMG reconhece que chegou o momento de a indústria automotiva aplicar critérios e políticas de atuação que levem emconta o conceito Berço ao Túmulo, que acompanha todas as etapas de concepção e vida útil de um produto. O estudo da consultoria sugere que, independente do tamanho das di culda - des que chegaram com o coronavírus, a indústria automotiva tem uma janela de oportunidades nos próximos anos que pode mudar a trajetória dos negócios. E a sustentabilidade é o pilar dessa cons- trução. MATÉRIA-PRIMA DEFINE PROPULSÃO Mesmo que a China continue a impul- sionar a utilização de veículos elétricos e essa opção venha a ser aplicada emmuitas outras regiões, os recursos disponíveis lo- calmente vão determinar o direcionamen- to das estratégias das montadoras daqui por diante. 73% dos executivos concordam que a oferta regional de matéria-prima vai de nir o caminho dos propulsores que serão fabricados nos próximos anos. O estudo global da KPMG concentra seus questionamentos nos recursos na- turais utilizados nas baterias dos carros elétricos porque, ao contrário do aço, por exemplo, estes insumos essenciais ainda não possuemuma cadeia global totalmen- te estabelecida. Mas a leitura que se faz para o íon-lítio coloca a China emvantagem com relação à produção de veícuos elétricos na Europa, e segundo o estudo também se aplica a outras alternativas de baixa emissão. E até tecnologias ainda mais e cientes para tor - nar viável a continuidade da utilização de combustíveis fósseis na matriz energética de uma determinada região. Para Bacellar “quando a FCA fez o anúncio do investimento na produção de nova geração de motores em Betim, e que um deles seria 100% a etanol, muitas pessoas não compreenderam a estraté- gia”, Não à toa o anúncio foi feito no ano passado por Mike Manley em sua primeira visita ao País como CEO da FCA, quan - do enfatizou a intenção de transformar

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