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84 Abril 2021 | AutoData MONTADORAS » FUTURO falha. “A promessa da GM é para daqui quatorze anos”, lembra Warren Browne, ex-executivo da montadora e consultor automotivo sediado nos Estados Unidos. “Nada garante que até lá Mary Barra [atual CEO e porta-voz do compromisso] não estará curtindo sua aposentadoria”, ob - serva – a executiva hoje tem 60 anos e assim, em 2035, terá 74. A regra geral, de qualquer forma, pa- rece ser o fato de que o descumprimento tem um efeito geral infinitamente menor, tanto externa quanto internamente, do que a divulgação da promessa em si. Normalmente o efeito negativo é míni- mo quando não irrisório, quando alguém eventualmente se lembra daquilo que foi afiançado tantos anos antes. Exceção cabe justamente à Asia Motors e à Jac Motors, pois as duas se beneficiaram de programas oficiais que previam isenções tributárias para importação de veículos e, diante do descumprimento do com- promisso de construir fábrica, receberam multas milionárias da Receita Federal. Para Andy Gryc, especialista estadu- nidense em marketing automotivo, as promessas das montadoras, mesmo as descumpridas, têm um efeito positivo dentro de um movimento calculado que ele chama de BHAG, sigla para Big Hairy Audacious Goal. Ele escreveu assim em artigo publicado no ano passado: “Tenho a certeza de que, no caso da Volvo, a Vision 2020 ajudou a aprimorar a mentalidade de segurança da empresa. Durante doze anos todos os funcionários sabiam, em termos cristalinos, o objetivo da empresa, permitindo-lhes tomar deci- sões técnicas e de produto que sempre os levariam adiante na construção de car- ros mais seguros. O impacto é positivo, mesmo que ainda não tenham atingido a perfeição”. Parece ser o caso da GM, no qual até o logotipo da empresa foi drasticamente alterado para ilustrar a mudança de foco rumo aos elétricos. Não resta dúvida que, ao longo dos próximos catorze anos, todas as ações da empresa terão como objeti- vo atender à promessa de 2035 – mas, de qualquer forma, ao que tudo indica, também nada sério acontecerá se não for alcançada. Não custa nada, portanto, também considerar um pouco de cautela quando promessas deste tipo, em especial as de prazo mais alongado, forem anunciadas: nem tudo, como mostra a história, aconte- ce ao pé-da-letra. Aparentemente caberá em quase todos os casos a máxima de São Tomé: Ver para Crer. Divulgação/Jac

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