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77 AutoData | Julho 2021 Divulgação/Fiat montar uma fábrica no Brasil já haviam surgido tantas vezes no final dos anos 60 que muito pouca gente ainda dava cré- dito a esse tipo de notícia. Exceção feita a alguns saudosistas moradores italianos dos bairros da Mooca e da Bela Vista, o antigo bexiga, emSão Paulo, a notícia mais uma vez publicada nos jornais daquele dia também acabou passando quase que despercebida. Uma reação, na verdade, bastante compreensível e de certa forma inteira- mente correta. A fábrica brasileira da Fiat não passava na época de um amontoado de números e desenhos, que devidamen- te reunidos num projeto estavam sendo apresentados aos órgãos competentes do governo. Nem mesmo a localização exata da fábrica estava ainda definida e muitomenos o número de automóveis que seriam produzidos por dia, ou um número de metros quadrados e de empregados que a fábrica necessitaria. Independente de todas essas indefi - nições, porém, naquele mesmo dia, em Turim, na fábrica italiana da Fiat, um grupo de engenheiros estava reunindo-se mais uma vez para continuar discutindo um assunto muito importante para a empre- sa: a escolha do modelo que deveria ser fabricado dentro de cinco anos no Brasil. As informações ainda eram poucas e em consequência apenas um ponto es- tava definido até aquele dia: o primeiro automóvel Fiat brasileiro não poderia ser pesado e volumoso. Amaior brecha estava justamente no outro extremo do mercado, na faixa dos carros confortáveis porém pequenos, robustos e econômicos. Uma definição, sem dúvida, mas ainda muito pequena para tornar mais fácil o tra- balho do grupo de engenheiros. Dos mo- delos fabricados pela Fiat na Europa pelo menos uma dezena deles aparentemente enquadrava-se dentro das características do mercado brasileiro. Os estudos saíram então das mesas de reuniões da fábrica de Turim e transferi- ram-se para as ruas e estradas brasileiras, para os hábitos e costumes do homem brasileiro, para as análises sociais, políti- APROVADO COM NOTA 8 “Após vários dias de chuva imperti- nente, aquela manhã paulistana de 1971 surgiu quente e ensolarada. Nas ruas do centro da cidade algumas poças de água e lama ainda denunciavam a chuva que havia caído torrencial até o começo da madrugada. A Fiat brasileira não passava então de umpequeno escritório alugado naAvenida São Luís, quase em frente à biblioteca mu - nicipal de São Paulo, e de algumas notícias que estavam sendo publicadas nos jornais do dia sobre as intenções da empresa de fabricar seus automóveis no Brasil. A população, entretanto, muito mais preocupada em se desviar das poças de água, parecia não dar a menor importância para isso. Os rumores de que a Fiat iria

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