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78 Julho 2021 | AutoData ANIVERSÁRIO » FIAT 45 ANOS cas e econômicas do Brasil. Era preciso determinar exatamente, sem qualquer margem de erro, qual seria o gosto do brasileiro em termos de automóveis no segundo semestre do ano de 1976, cinco anos depois, portanto, da época em que a pesquisa estava sendo realizada. Rua por rua, estrada por estrada, muni- cípio por município, cidade por cidade, Es- tado por Estado, todo o Brasil foi detalha- damente estudado. A primeira conclusão foi interessante: o brasileiro rodava mais, muitomais, quase duas vezes mais por ano com um automóvel do que o europeu. A dificuldade da estrutura de transportes de massa fazia com que o brasileiro rodasse quase 20 mil quilômetros por ano com o seu automóvel, enquanto o europeu raramente ultrapassava os 12 mil. Um fator que ganhava importância ain- da maior quando se considerava que as estradas brasileiras eram diferentes das europeias, ou que as estradas de terra ain- da eram uma constante em boa parte do território nacional. O carro brasileiro teria, sem qualquer sombra de dúvida, de ser quase tão robusto quanto um tanque de guerra, tão versátil quanto um Jeep e tão confortável quanto um carro de passeio. Iniciaram-se então as fases mais espe- cíficas dos estudos dos hábitos e costu - mes do povo brasileiro. Uma fase muito delicada, pois a rigor seria ela que deter- minaria exatamente qual modelo a ser utilizado como base para o carro brasileiro. As pesquisas eram detalhadíssimas e in- crivelmente específicas. Numa delas, por exemplo, o fator a ser determinado era a idade com que o brasileiro geralmente se casava. Esse item, aparentemente sem qualquer importância para uma indústria automobilística era, na verdade, quando somado a outras informações já conse- guidas, praticamente fundamental. Caso o estudo mostrasse que o brasileiro ca- sava tarde, com bastante idade, as linhas do carro obviamente deveriam ser mais arrojadas, o desempenho mais esportivo etc. Caso o resultado fosse o contrário, as linhas do automóvel deveriam ter uma tendência mais conservadora, seu espaço interno deveria ser maior, o espaço para pacotes oumalas deveria ser relativamen- te grande etc. É bom lembrar, porém, que não se tra- tava unicamente de saber qual o hábito naquele ano, o que poderia ser facilmente verificado por meio de uma pesquisa de porta em porta. O que precisava ser de- terminado era de que forma estariam os hábitos cinco anos depois, na época do lançamento do carro, e nos anos seguin- tes, quando estaria efetivamente dispu- tando o mercado. Forammeses e meses de incansáveis pesquisas, estudos e análises. No final a conclusão estava tirada: o primeiro Fiat brasileiro deveria ser derivado ou do Fiat 126, ou do Fiat 127 ou do Fiat 128. Daí para frente, início de 1972, somente os testes “ As pesquisas eram detalhadíssimas e incrivelmente específicas. Numa delas, por exemplo, o fator a ser determinado era a idade com que o brasileiro geralmente se casava”

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