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79 AutoData | Julho 2021 práticos com os próprios automóveis po- deriam determinar qual deles seria o mais indicado. O Fiat 128, que já era fabricado na Ar- gentina, não precisaria ser testado: a em- presa portenha já havia feito isso quando preparava o lançamento do carro naquele país, e mantinha continuamente alguns carros circulando pela América Latina como teste. Seu desempenho, desta for - ma, já era sobejamente conhecido. Res- tavam, portanto, o Fiat 126 e o Fiat 127, o primeiro commotor traseiro refrigerado a ar o segundo commotor dianteiro refrige- rado a água. Ambos, teoricamente, ideais para o mercado brasileiro. O grupo encarregado de fazer os es- tudos que resultariam na escolha de um dos três optou pela política de testá-los um de cada vez, como forma de evitar qualquer comparação imediata entre eles. Foi organizada uma imensa lista de que- sitos e a cada teste efetuado o carro iria recebendo uma nota: no final o modelo que recebesse a média mais alta seria o escolhido para servir como base para o primeiro Fiat brasileiro. 1972 estava apenas se iniciando quan- do os primeiros Fiat 126 foram desembar- cados no Brasil. Alguns meses mais tarde foi a vez dos primeiros 127. Todos rodaram o Brasil de ponta a ponta passando por tudo aquilo que um carro brasileiro teria que enfrentar em seu dia a dia. A cada teste os modelos foram recebendo as suas respectivas notas e no final, comparados os boletins, o vencedor, commédia de 8,0, foi o Fiat 127. Os outros, um pouco tristes, voltaram para a Itália. Aescolha do Fiat 127 como ummodelo básico para o desenvolvimento daquele que deveria ser o primeiro Fiat brasileiro, longe de significar o final da fase de estu - dos e de pesquisas, serviu apenas para dar início a uma nova, longa, difícil e definitiva fase de testes. Afinal, a média 8,0 conseguida nos testes iniciais, apesar de mostrar que o Fiat 127 era o modelo que melhor se adaptava ao mercado brasileiro, serviu para demonstrar também que um árduo caminho teria que ser percorrido para se chegar ao Fiat 147, um carro que somente poderia ser colocado no mercado quando conseguisse nota 10 na maioria dos testes. Havia necessidade, também, de iniciar os testes com as autopeças e componentes fabricados no Brasil, que paulatinamente iriam ser desenvolvidos pelas indústrias contratadas e incorporados aos carros que estavam sendo testados. Foi uma fase longa e difícil, que se ini- ciou num Fiat 127 fabricado na Itália com peças italianas e que terminou no Fiat 147 inteiramente fabricado no Brasil, comqua- se todas as suas peças e componentes nacionais. Três pontos principais tinham que ser levados em consideração: 1) elevada temperatura média de ação, 2) estradas acidentadas, poeirentas e caracterizadas por passagens com notáveis declives e 3) utilização de gasolina com baixo teor de octanagem. No primeiro caso o problema obrigou a adoção de razoáveis mudanças no sistema de refrigeração, necessárias para manter as temperaturas adequadas do motor. As estradas acidentadas forçammais a utiliza- ção do sistema de suspensão, bem mais resistente do que o original, enquanto as vias poeirentas levaram a um reestudo dos diversos retentores do motor, de forma

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