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25 AutoData | Junho 2022 antes da pandemia muitas montadoras já haviamanunciado umamudança na forma de agir, passando a privilegiar a produção de automóveis commaior valor agregado para aumentar a rentabilidade. Essa forma ganhou ainda mais relevância durante a pandemia. Hoje seguem produzindo me- nos, mas sem perder lucratividade – e às vezes até aumentando os lucros. “Diversas fabricantes registraram lucros recordes durante a pandemia, contrarian- do os princípios básicos da economia de escala. Hoje as montadoras não trabalham mais com grandes estoques, estão segu- rando a volta do terceiro turno de produção até terem uma visão mais clara do que vai acontecer no futuro, mesmo que seja no médio prazo, pois no longo prazo ninguém consegue enxergar nada em lugar nenhum do mundo hoje.” ARREFECIMENTO EM 2022 De acordo com dados da Fenauto o mercado de automóveis usados vem se recuperando este ano, após registrar que- da nos últimos meses. Enílson Sales faz as contas: “Até a terceira semana de maio chegamos a 52mil carros usados vendidos por dia útil, enquanto em 2019 [antes da pandemia] essamédia era de 58mil carros/ dia. No ano passado chegamos a ver 63 mil carros/dia útil. Estamos nos recupe- rando em velocidade não tão boa quanto acontecia há um ano, mas mensalmente estamos ganhando pequenos porcentu- ais com relação ao melhor resultado do semestre registrado em 2021”. Nazaré, da Abla, aponta outros fatores importantes que atualmente dificultam o desempenho melhor do setor de semi- novos: a perda do poder de compra do brasileiro e a maior dificuldade no acesso ao crédito. “A taxa de juros está tão alta que nos fi - nanciamentos atuais quase nãohá diferença novalor da parcela deumplanode sessenta meses emcomparação comode 48meses, mas você paga doze parcelas a mais.” Mais: “O alto custo do carro e do finan - ciamento, somados à perda de poder de compra do consumidor causam impactos sobre o mercado de seminovos. Como se não bastasse ainda existe a influência do momento econômico e político que vive- mos, que gera insegurança e, assim, cai por terra avontade de investir, de fazer as coisas acontecerem, de trocar o carro, de arriscar”. O presidente daAbla lembra ainda que esses fatores não afetam tanto as vendas de automóveis novos porque o preço ele- vado desses veículos nos últimos anos já restringiu estemercado ao público demaior poder aquisitivo – “Tanto que existem até filas de espera para modelos mais caros”. LOCADORAS PODEM REDUZIR PREÇOS Um fator poderá puxar para baixo os preços de seminovos: a entidade dos fa- bricantes de veículos, a Anfavea, sustenta a expectativa de que as locadoras têm demanda para comprar 600 mil veículos este ano. Com isso as empresas de aluguel Imagem/istockphoto

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