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66 Junho 2022 | AutoData ESPECIAL AUTODATA 30 ANOS » AUTOPEÇAS 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20 Faturamento dos fabricantes de autopeças US$ bilhões/*Projeção 10,1 13,2 14,3 16,6 16,1 17,4 14,8 11,2 13,3 11,9 11,3 13,3 18,5 25,3 28,5 35,1 “O momento era difícil, os níveis de escala e produção eram insuportáveis”, lembra Paulo Butori, conselheiro do Sin- dipeças que foi presidente da entidade por 22 anos, de 1994 a 2016. “Muito difícil.” Com a indústria à beira do abismo a salvação veio com a Câmara Setorial Au- tomotiva, concertação de governo, em- presários e trabalhadores do setor que fechou três acordos, em 1992, 1993 e 1995, com redução demargens e impostos para baixar os preços dos carros e assim criar mercado suficiente para sustentar a cadeia e garantir investimentos. Nessa época foi criado o carro popular 1.0 de até US$ 7 mil, com IPI reduzido a 0,1%, o que multiplicou as vendas. Após os acordos da Câmara Setorial os níveis de produção saltaram para a casa de 2 milhões de unidades no fim da década. A indústria e sua cadeia foram salvas pelo volume, pois evoluções tecnológicas ainda tardariam a acontecer. Na pindorama do início dos anos 1990 os veículos ainda usavam carburadores, a maioria das caixas de câmbio tinham só quatro marchas à frente, trio elétrico era coisa de carnaval na Bahia, pois vidros, retrovisores e travas só eram acionados ou ajustados por força manual, assim como as pesadas direções mecânicas, que sem nenhuma assistência desafiavam os mais fracos nas manobras. Naquela época cer- tamente nenhum carro deixaria de ser pro- duzido por falta de semicondutores, pois eles sequer eram necessários, quase não havia sistemas eletrônicos a bordo. Se os produtos finais da indústria no País tinham sérios déficits evolutivos tec - nológicos os fornecedores de autopeças não eram diferentes – até porque nunca tinham sido estimulados a evoluir pelos seus maiores clientes, em torno de meia dúzia de fabricantes de veículos multina- cionais, que desde os anos 1950 tinham se acomodado no Brasil em ummercado cativo, fechado à concorrência das im- portações, e até então não precisaram oferecer grandes evoluções tecnológicas. “A indústria brasileira de autopeças era muito nacional e não tinha evoluído, estava atrasada em comparação a outros países, tinha baixa produtividade. Quase não havia eletrônica nos veículos e os fornecedores eram focados em peças metálicas, muito aço e pouco alumínio”, recorda Besaliel Botelho, presidente da Associação de En- genharia Automotiva, AEA, que em 1985 havia voltado da Alemanha para trabalhar na subsidiária brasileira da Bosch, onde ficou por 37 anos e foi presidente da ope - ração latino-americana nos últimos quinze, até o fim de 2021. Nesse período Botelho recorda de ter coordenado o investimento de US$ 25mi- lhões para inaugurar, em 1995, a primeira

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