389-2022-06

65 AutoData | Junho 2022 Divulgação/ZF Divulgação/ZF desindustrialização do setor – nem tanto no número de empresas, mas em redução da produção de componentes nacionais. Ainda assim é notória a expansão do setor ao longo de três décadas, quando o faturamento das empresas associadas ao Sindipeças foi multiplicado por três, de US$ 10 bilhões em 1992 para US$ 30 bilhões em 2021, com pico de US$ 54,5 bilhões alcançado em 2011 – graças à pro- dução acima de 3,4 milhões de veículos e do câmbio valorizado que naquele ano oscilou de R$ 1,60 a R$ 1,90. O problema é que o setor é muito pa- recido com a sociedade brasileira: extre- mamente desigual. Segundo o Sindipe- ças 95% do faturamento da cadeia ficam com as grandes empresas do setor, que representammenos de um terço das qui- nhentas empresas associadas à entidade. Com esse tamanho e desigualdade a indústria de autopeças no País é associada à imagemde umgigante de frágeis pés de barro, em que dois terços dos negócios estão no andar de baixo da cadeia, são fornecedores dos fornecedores que têm baixo faturamento e poucos recursos a investir – o que gera desindustrialização e distorções, como sistemistas emontadoras que precisam importar componentes bási- cos como peças fundidas em falta no País. VIRADA DO ATRASO Após a chamada década perdida da economia nacional os anos 1990 chega- ram com confisco de dinheiro nos bancos, inflação que após isso resistiu acima dos 1 mil por cento ao ano, e um presidente da República que em raro momento de honestidade chamou os carros nacionais de “carroças” – e reabriu as importações de automóveis fechadas desde os anos 1970. Os anos de proteção de mercado custaram caro: os veículos produzidos no País tinham visível atraso tecnológi- co, eram vendidos a preços exorbitantes, com impostos igualmente escorchantes, em mercado pequeno e estagnado que não passava de 700 mil unidades/ano, com produção de menos de 1 milhão e exportações paradas na casa de 200 mil.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=