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70 Julho 2022 | AutoData INDÚSTRIA » MONTADORA nacional. Após a aprovação passam a ser aplicadas sobre essas importações alíquo - tas de 16% para veículos completamente desmontados, CKD, e de 18% para semi- desmontados, SKD. É o caso da Audi, que importa os Q3 coma carroceria já soldada, pintada e todos os itens do interior instalados, como painel, bancos e revestimentos. Na linha do Paraná, em apenas seis estações, é executada a montagem do powertrain – a junção de motor, transmissão e eixos – e seu encaixe na carroceria. Por último são instaladas as rodas calçadas comos pneus, que também chegam prontos da Hungria. Leonardo Lahud, secretário executivo da Camex, explica que “a Audi é a primeira empresa que pretende usar o regime, mas qualquer fabricante de veículos poderá apresentar projetos nasmesma condições, que serão avaliados caso a caso”. Antônio Calcagnotto, diretor de relações institucionais da Audi, negociou o regime especial no Ministério da Economia, mas afirmou que o projeto contou como apoio e concordância do Sindipeças, que reúne os fornecedores de autopeças, e daAnfavea, a associação dos fabricantes de veículos: “Todos entenderam que é impossível en- contrar fornecedores no Brasil para volu- mes tão baixos. Não encontraríamos peças aqui para 4 mil carros por ano. Por isso foi fundamental a aprovação do instrumento”. Aaprovação do regime foi uma espécie de compensação para os mais de R$ 150 milhões em impostos que aAudi tinha a re - ceber da época do Inovar-Auto, quevigorou de 2012 a 2017. O programa criou sobreta- xação de 30 pontos porcentuais sobre o IPI de veículos importados, mas oferecia a devolução desses valores a empresas que prometessem produzir no País, como foi o caso da Audi, BMW e Mercedes-Benz, que juntas recolheram a mais cerca de R$ 280 milhões. Em2020 aAudi tinha condicionado a re- tomada da produção no Paraná ao recebi- mento dessa restituição. Segundo Calcag- notto, devido a restrições orçamentárias, o governo não deverá restituir esses valores tão cedo, mas deixou a possibilidade aberta para o futuro. DE VOLTA AO COMEÇO A Audi reabriu sua linha de montagem exclusiva dentro da mesma fábrica que fundou, em 1999, com participação de 30% no investimento de US$ 500 milhões combinado com a sócia Volkswagen, que faz parte domesmo grupo. Em linha com- partilhada com o VWGolf a Audi produziu no Paraná, de 1999 a 2006, poucomais de 57 mil unidades do hatch A3. Depois, em2015, aAudi retomou a ope- ração na fábrica da sócia com investimento informado de R$ 500 milhões, para evitar o pagamento da sobretaxação de 30 pon- tos porcentuais no IPI aplicada a veículos importados pelas regras do Inovar-Auto. Com o fim do programa, em 2017, e a falta de estímulos para produzir no Brasil com partes importadas, encerrou a montagem da geração anterior do SUVQ3 em 2019 e do A3 Sedan em 2020. Agora, comoutro regime, volumes ainda menores e nenhum diferencial de preço ou configuração em relação aos mesmos modelos antes importados, aAudi faz nova tentativa. Para o presidente Daniel Rojas é cedo para projetar o quanto a operação pode contribuir para o crescimento das vendas no Brasil: “Acreditamos que os car- rosmontados aqui terão boa demanda, mas é difícil dizer quantos poderemos vender porque ainda temos muitas restrições de falta de semicondutores, que deve se es- tender para 2023”.

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