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47 AutoData | Abril 2024 agora teriam de vir obrigatoriamente para atender a legislação de emissões do País, mas não existe uma auditoria para saber quanto cada empresa vai aplicar de fato”. LEGISLAÇÃO FORÇA INVESTIMENTO Dos bilhões em investimentos anunciados há uma década para os bilhões divulgados agora existem diferenças fundamentais de foco. No início dos anos 2010 o objetivo era ampliar fábricas e construir novas para atender um mercado que não parava de crescer e chegou perto dos 4 milhões de veículos zero-quilômetro, em 2013. Para atender ao cenário de demanda crescente da época os fabricantes focaram em desenvolver e produzir carros compactos de altos volumes, muitas vezes produtos globais depenados de tecnologias pela engenharia local para custar menos – e ainda assim podiam ser considerados os piores veículos mais caros do mundo. Hoje o cenário é completamente inverso: o mercado interno e exportações mal utilizam metade da capacidade de produção das fábricas de veículos no País, calculada pela Anfavea em 4 milhões/ano, assim não há porque investir em ampliação da produção, mas, ao mesmo tempo, as legislações de emissões, eficiência energética e segurança são bem mais rigorosas, exigindo o desenvolvimento de sistemas mais sofisticados e caros. Este é o foco dos fabricantes atualmente, como aponta Roa, da KPMG: “Os investimentos que estão sendo anunciados agora são para mudar completamente o parque tecnológico e o portfólio dos fabricantes, que precisarão entregar necessariamente produtos de baixas emissões”. Wong reforça: “Nenhuma fabricante com os carros que fabrica hoje vai conseguir atender as exigências de emissões do Proconve L8 [oitava fase do Programa Nacional de Controle de Emissões Veiculares de veículos leves, que entra em vigor a partir de 2025 com metas de redução de gases poluentes que serão gradualmente apertadas até 2031]. Para atender todos terão de ter carros híbridos ou elétricos no portfólio de produtos”. De acordo com as regras do Proconve L8 as emissões de poluentes não serão mais medidas e homologadas por modelo, como acontece hoje, mas cada empresa terá de atingir uma meta corporativa, representada pela média de emissões aferidas do conjunto de carros que vende no País: “Para cumprir com esta obrigação e não ficarem sujeitas a multas, no fim desta fase, lá em 2030, as montadoras precisarão ter de 50% a 60% de modelos de baixa emissão no portfólio para compensar os que emitem mais. Sem híbridos e elétricos ninguém chega lá”.

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