27 AutoData | Abril 2025 “Entendemos que políticas de incentivo à ciência, tecnologia e inovação, a exemplo do Programa Mover, poderão potencializar o avanço deste segmento.” ETANOL CRESCE No Brasil, segundo o diretor de inteligência setorial da Unica, Luciano Rodrigues, o etanol tradicional da cana-de- -açúcar responde, atualmente, por cerca de 80% da produção nacional. A parcela restante tem origem no milho, que vem crescendo ano a ano como matéria-prima para produção do biocombustível. A estratégia faz sentido, uma vez que o milho é plantado como segunda colheita, em geral, em terras que foram usadas pouco antes para o plantio da soja. Se antes o grão era pouco utilizado para produção de etanol no Brasil, agora é uma alternativa mais do que viável comercialmente. Dos 35,9 bilhões de litros produzidos anualmente no País, 6,3 bilhões foram derivados do milho. Embora as fontes atuais de etanol sejam cana e milho Rodrigues também destaca o promissor uso do agave, planta que tem uma variedade dedicada à produção de tequila e pode ser cultivada em regiões áridas, como no Nordeste brasileiro. Com longa história de uso de etanol o Brasil se apresenta ao mundo como um exemplo positivo, pois a produção de biocombustíveis no País, além de reduzir significativamente emissões fósseis, ocupa menos de 1% do território nacional e não concorre com o cultivo de alimentos. De acordo com Roberto Braun, diretor de comunicação corporativa e ESG da Toyota, o benefício da utilização de biocombustíveis fica claro em um Corolla híbrido com motor flex abastecido com etanol, que emite cerca de 70% menos CO2 do que um veículo com motor convencional a gasolina. A solução brasileira gera interesse crescente por biocombustíveis em outros países, como a Índia e o Japão, que buscam seguir o modelo brasileiro. Braun contou que até o momento híbridos flex são enviados comercialmente apenas para o Paraguai, país que já tem boa infraestrutura de abastecimento de etanol. Mas a Toyota também enviou protótipos para testes na Indonésia, Índia e Colômbia. “Nesta condição o Brasil já exporta para a Colômbia. Passaria, então, a exportar o veículo flex e o híbrido flex produzido aqui no Brasil. Da mesma forma a Bolívia, que tem produção de cana, e a Argentina, que tem produção de etanol, com cerca de 50% da cana e 50% do milho. Por lá há uma mistura de 12% de etanol, que poderia aumentar.” Pablo Di Si, que já foi chamado de dinossauro por defender o etanol, ressaltou que o combustível nunca funcionará na Alemanha: não porque eles não querem mas, sim, porque eles não têm: “Se tivessem etanol não teriam carros elétricos e, sim, a etanol” [Com reportagens de Caio Bednarski, Lucia Camargo Nunes e Júlio Cabral] Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Unica Roberto Braun, diretor de comunicação corporativa e ESG da Toyota
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