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45 AutoData | Abril 2025 A área de montagem inacabada em Camaçari apresentada pela BYD em dezembro: a planta do projeto mostra os novos prédios da fase 1 em amarelo e da fase 2 em laranja. Naquela ocasião Stella Li, vice-presidente da empresa e CEO para as Américas, disse que enquanto os brasileiros “estiverem celebrando o carnaval [nos primeiros dias de março] nós estaremos comemorando o início da produção”. A promessa veio acompanhada, ainda, de outras pouco factíveis, como o anúncio de construção de 28 novos prédios adicionais – sem que o primeiro deles tivesse sido concluído – às instalações onde a Ford produziu veículos por duas décadas, além da contratação de 10 mil pessoas para a operação até agosto deste ano, número que dobraria para 20 mil em pouco tempo. Mas a festa de Momo passou e nada do prometido aconteceu até agora em Camaçari, enquanto a BYD não confirma nem cancela ou retifica os planos anunciados. Apesar de insistentes pedidos da reportagem em obter informações oficiais Fotos Divulgação/Thuane Maria/GOVBA a matriz da empresa na China proibiu os executivos da subsidiária brasileira de manter qualquer conversa com a imprensa após o embargo das obras na Bahia. Depois de denúncias publicadas pela Agência Pública, no fim de novembro, que descreveu condições insalubres de trabalho e análogas à escravidão no canteiro de obras, em 23 de dezembro o empreendimento foi embargado após visita de agentes do Ministério Público do Trabalho ao local, com o resgate de 163 trabalhadores chineses trazidos pela construtora contratada Jinjiang. A BYD negou que conhecesse o problema – embora conheça muito bem a Jinjiang, que já participou da construção de três de suas fábricas e está envolvida no projeto de outras três na China – e afirmou que não tolera desrespeito aos trabalhadores, sem no entanto justificar a razão de trazer operários do Exterior, na contramão da geração de empregos que prometeu criar na Bahia. PLANOS OCULTOS O fato é que, depois do episódio, a BYD se fechou em copas, sequer cancelou oficialmente a data de início de operação marcado para o começo de março, nem comunicou quando retomaria as obras, que até onde se sabe continuam paralisadas. Mas, sem divulgação, a empresa continuou a levar adiante seus reais planos no Brasil: importar o máximo possível de carros prontos com imposto reduzido enquanto manobra junto ao governo a aprovação de um regime de exceção de tarifas, ex-tarifário, para trazer kits de veículos parcialmente montados na China e iniciar esta operação de montagem final no País em algum momento do segundo semestre, sem precisar de fornecedores locais de autopeças. Ao mesmo tempo a BYD trata de formar enormes estoques de carros importados para escapar de novo aumento do imposto de importação, que em julho sobe de 18% para 25% no caso de elétricos e de 20% para 28% para híbridos plug-in, voltando à alíquota normal de 35% em julho

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