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50 Abril 2025 | AutoData INDÚSTRIA » DESENVOLVIMENTO com partes importadas da matriz, como a BYD parece querer fazer pelos próximos três anos, no mínimo. LOBBY PODEROSO Executivos, especialistas e consultores ligados diretamente à cadeia automotiva consultados, que concordaram falar sobre este tema sob o manto do anonimato, disseram que as manobras da BYD prejudicam o desenvolvimento da indústria nacional porque podem causar distorções em regras que deveriam ser comuns a todos. Nenhum desses interlocutores está surpreso ou critica a forma como a BYD tem se relacionado com os representantes do governo federal, cuja função é receber e encaminhar as demandas não só da fabricante chinesa mas de todas as outras empresas. O perigo é se esse lobby está ou não transcendendo as vias normais desse jogo de empresários e os poderes em níveis municipal, estadual e federal. Questionado se o Estado está acompanhando os recorrentes atrasos no cronograma e se a BYD estaria cumprindo tudo com o que se comprometeu para a sua instalação em Camaçari, a resposta do governo da Bahia foi uma sucinta e pouco esclarecedora nota enviada em 17 de março: “O governo do Estado acompanha a atuação da BYD na unidade de Camaçari, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que segue realizando visitas semanais à planta para realizar vistorias técnicas. O governo do Estado trabalha de forma integrada com as instituições federais, órgãos de fiscalização, sindicatos e representantes do setor produtivo, para garantir que o desenvolvimento econômico ocorra em harmonia com a valorização dos trabalhadores”. Poucos dias depois, em 27 de março, o governador Jerônimo Rodrigues se reuniu com Stella Li e outros representantes da BYD para acompanhar o andamento da instalação da fábrica em Camaçari, que segundo nota publicada pela assessoria de comunicação “está na fase final de ajustes para iniciar suas operações”. Ainda segundo o comunicado a BYD também está avançando nas tratativas para a instalação de um centro de pesquisa na Bahia. Mas nada se divulgou sobre prazos e o real estágio de desenvolvimento da empresa no Estado. Consultada a assessoria de comunicação da BYD disse que estava buscando junto aos seus executivos respostas às questões enviadas por AutoData referentes aos seus pleitos sobre o ex-tarifário. Mas até a publicação desta edição as respostas não chegaram. O que se tem na mesa, portanto, neste momento, são demandas que poderão oferecer uma vantagem competitiva ainda maior a apenas uma fabricante em detrimento de investimentos da indústria automotiva que já estão em curso e outros que podem vir a ser anunciados. O governador Rodrigues, o ministro Costa e a maioria da bancada da Bahia no Congresso já conseguiram vantagens importantes para a BYD. O governo estadual comprou e revendeu à BYD o terreno da fábrica em Camaçari e concedeu ali os mesmos descontos de impostos estaduais que a Ford tinha. Adicionalmente, em 2023, também conseguiram incluir na reforma tributária a extensão do Regime Automotivo do Nordeste até 2032, beneficiando diretamente a fabricante chinesa com isenção de IPI. Tudo, no entanto, parece ser insuficiente para a BYD, que quer mais benefícios para montar seus carros no País, talvez ainda pensando com a cabeça de quem vive na China. Stella Li com Lula a bordo de novo modelo da BYD: lobby constante em Brasília. Divulgação/Presidência da República

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