Abimaq vê tendência de recuperação nas exportações

A indústria de bens de capital mecânicos terminou 2015 com boas expectativas para 2016 no que diz respeitos às exportações. Segundo dados da Abimaq divulgados na quarta-feira, 27, em novembro e dezembro os embarques registraram crescimento na comparação com os meses imediatamente anteriores, de 29% e 14%, respectivamente, o que “pode ser interpretado como um indício de inversão da curva”, segundo comunicado da associação.

Mas no total de 2015 as vendas externas terminaram em retração de 16% ante 2014, para US$ 8 bilhões. Em compensação as importações caíram mais, 23%, para US$ 18,8 bilhões, o que representou redução de 28% no déficit da balança comercial do segmento, para US$ 10,8 bilhões. A Abimaq, entretanto, entende que “a redução do déficit na balança comercial de máquinas e equipamentos de um patamar da ordem de US$ 1,5 bilhão mensal para perto de US$ 1,0 bilhão/mês resulta muito mais da redução das importações do que uma melhora nas exportações”. E que esta baixa nas importações é “coerente com o ambiente recessivo na indústria brasileira de transformação”.

O consumo aparente fechou 2015 em baixa de 11,7%, para R$ 130 bilhões. E o número de empregados caiu 8%, para 309 mil ao fim de dezembro, aponta a Abimaq. Já a capacidade instalada chegou em dezembro com 65,8% de uso, queda de 5% tanto ante novembro quanto na comparação com o mesmo mês de 2014. Mas a carteira de pedidos cresceu 6,5% na correlação com novembro, ainda que seja 3,9% menor na comparação anual.

A Abimaq concluiu que “as incertezas políticas combinadas com a política econômica recessiva, onde o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos, têm tornado inviável qualquer decisão de investimento no País. Os dados do mês de dezembro ratificam este cenário de contração dos investimentos e apontam para mais um ano de queda”.

Inadimplência do setor fecha o ano em 4,1%

Os atrasos nos pagamentos de financiamentos de veículos por pessoas físicas fechou o ano passado em 4,1%, mesmo índice registrado em novembro. Segundo dados preliminares divulgados pelo Banco Central do Brasil na quarta-feira, 27, a inadimplência do setor automotivo encerrou 2015 com leve avanço de 0,2 ponto porcentual com relação há um ano antes.

Embora a crise econômica tenha afetado o setor e a economia brasileira, a inadimplência não variou muito durante o ano, permanecendo estável de dezembro de 2014 a agosto do ano passado em 3,9%. Apenas em setembro o índice registrou leve variação positiva, passando para 4,1%.

Após um leve recuo em outubro, os atrasos nos pagamentos voltaram a subir em novembro, mas permaneceram em 4,1% em dezembro, mesmo com o aumento nas taxas de juros pelos bancos, que acompanharam a evolução da Selic.

Em entrevista à Agência Brasil o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou que a seletividade e cautela dos bancos na hora de conceder o crédito ajudam a manter a inadimplência controlada – no crédito às família, segundo o BC, a inadimplência atingiu 4,2%, estável com relação a novembro mas 0,5 p.p acima de 2014, enquanto no crédito às empresas o índice cresceu 0,7 p.p. no ano, para 2,6%.

“A inadimplência, mesmo em período de retração da atividade, está relativamente bem comportada”.

Lifan deve interromper atividade de fábrica no Uruguai por metade do ano

A Lifan deverá interromper as atividades de sua fábrica instalada em San José, no Uruguai, por todo o primeiro semestre de 2016, retornando à produção ali apenas a partir de julho. A previsão foi revelada à Agência AutoData por executivos chineses que atuam na unidade brasileira, com sede em Salto, no Interior de São Paulo.

A unidade possui duas linhas: de motores, que já está paralisada desde outubro, e a de veículos, que parou no fim do ano. A previsão inicial era de retorno das atividades de ambas a partir de março, mas de acordo com porta-voz da fabricante caso as projeções de venda para este ano não sofram modificação neste primeiro trimestre a Lifan pedirá extensão da paralisação por mais três meses, ou até o fim de junho.

A fábrica monta três modelos para atender exclusivamente ao mercado brasileiro: o SUV X60, o sedã 530 e o caminhão leve Foison. Ainda de acordo com o porta-voz há estoque suficiente para atender ao volume de comercialização previsto pelos primeiros seis meses deste ano, daí a necessidade de interromper as atividades produtivas no Uruguai.

A projeção da Lifan é comercializar no País em 2016 em torno de 5 mil a 6 mil unidades, o que representaria resultado estável perante 2015 e também 2014. A estimativa inicial para 2015, porém, era chegar às 7 mil unidades vendidas.

De qualquer forma a fabricante pode, de certa maneira, comemorar os resultados do ano passado: suas vendas caíram cerca de 6% – de 5,3 mil para 5 mil – ante baixa de 26% do mercado total e de 58% e 40% das concorrentes chinesas Chery e Jac Motors, respectivamente.

A Lifan também celebra um empate técnico com a Jac Motors como a marca chinesa mais vendida no Brasil no ano passado: as separaram no total apenas vinte unidades. A Chery ficou atrás, com 4 mil, segundo dados da Abeifa.

As vendas do X60 ficaram em 3 mil unidades, 32% menos na comparação com 2014 mas ainda assim, segundo a empresa, em algumas praças como Florianópolis, SC, os resultados são próximos aos dos líderes do segmento como o Honda HR-V e o Jeep Renegade.

Até por conta disso a Lifan trabalha para trazer ao mercado nacional versão do SUV com câmbio automático CVT, que deverá ser oferecido a partir do segundo semestre na versão topo de gama, denominada Vip – o modelo já é vendido na China. E com isso a possiblidade do lançamento no País do X50, igualmente SUV porém de menor porte, ficará para segundo plano.

Ford apresenta a terceira geração do Sync

A Ford aproveitou a abertura da Campus Party, na terça-feira, 26, no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, em São Paulo, para apresentar a terceira geração do seu sistema de conectividade Sync. O recurso que traz as funcionalidades dos smartphone para o ambiente interno do carro foi aprimorado com novos atributos, tais como acesso por comando de voz, facilidade no uso de aplicativos, capacidade de conexão com vários dispositivos móveis e interface gráfica inédita, semelhante às presentes em tablets e smartphones.

“A Ford não é somente uma fabricante de veículos, mas também uma empresa de tecnologia. Em Palo Alto, na Califórnia, temos um centro de pesquisa e inovação para acelerar nossos desenvolvimentos para a área”, relatou Steve Armstrong, presidente da Ford América do Sul. “Queremos ser relevantes em mobilidade e a tecnologia é a ferramenta para facilitar a vida das pessoas.”

Embora já esteja disponível nos Estados Unidos, Armstrong não revelou quando tampouco em que modelos o Sync 3 estará dentro da gama da fabricante no País, se limitando a dizer apenas que esta iniciativa ocorrerá “ao longo do ano”.

Atualmente o Sync em sua geração anterior é oferecido em todos os modelos da Ford vendidos no País e a estratégia, em tese, é fazer o mesmo com a novidade apresentada. De acordo com Gustavo Schianotelo, engenheiro chefe da engenharia elétrica da fabricante, o Sync 3 é um projeto global, o que favorece oferta de tecnologia de ponta, mas com grande contribuição do time brasileiro. “Nossos engenheiros ajudaram muito no desenvolvimento do sistema, como aplicativos locais, mapas e recurso de reconhecimento de voz, com grandes melhorias.”

Segundo o representante da Ford o desenvolvimento do Sync 3 foi baseado nos melhores produtos e práticas executadas pelas fabricantes de tablets e smartphones: “o benchmarking não foi com a indústria automotiva”.

Agora, muito parecido com o uso de celulares e tablets, a tela sensível ao toque do Sync 3 permite deslizar, reduzir ou ampliar a imagem. Traz mapas em duas ou três dimensões, recurso de pesquisa que se autocompleta ao mesmo tempo em que já mostra os lugares mais próximos, acesso por comando de voz, menu com ícones maiores e fácil atualização dos programas por wi-fi ou USB.

“A nova geração do Sync é uma plataforma multiconectada compatível com os sistemas Car Play, da Apple, e Android Auto, do Google”, assegura Schianotelo. “Ambas trabalharam junto com as montadoras para desenvolver sistemas mais adequados ao ambiente de um carro, onde não cabe distrações do motorista.”

Em seu estande na Campus Party a Ford montou espécie de laboratório no qual ao longo da semana convidará participantes da feira de tecnologia a pensar em soluções referentes ao universo da mobilidade e da indústria automotiva.

A empresa desafiará os visitantes com o tema O Que Você É Capaz de Criar em 90 minutos, colocando à disposição dos participantes kits eletrônicos para colocar as ideias em prática.

Land Rover Itatiaia pode usar pintura da Chery em Jacareí

A Jaguar Land Rover, que inaugurada sua fábrica no Brasil no início do segundo trimestre em Itatiaia, RJ, está em negociações avançadas com a Chery para utilizar as instalações da cabine de pintura da montadora de origem chinesa em sua fábrica de Jacareí, no Vale do Paraíba, SP.

A informação foi revelada com exclusividade à Agência AutoData por fonte ligada à montadora de origem britânica. Procurada oficialmente, a Jaguar Land Rover não negou o fato, mas se limitou a afirmar, por meio de nota: “Estamos sempre avaliando diversas possibilidades para apoiar o desenvolvimento sustentável das operações no País, mas pormenores sobre isso permanecem confidenciais”.

O acordo faria todo o sentido para as duas fabricantes – ou, como prefere a JLR, seria uma tacada de mestre para o “desenvolvimento sustentável” de ambas no País.

A Chery possui uma enorme cabine de pintura em sua unidade de Jacareí, que foi construída com nada menos do que o dobro da capacidade atual da linha de montagem, para 100 mil unidades/ano – a linha pode montar 50 mil/ano e a montadora chinesa já construiu a área de pintura prevendo uma futura expansão, ciente de que esta é etapa mais difícil e dispendiosa em caso de necessário aumento da capacidade.

Entretanto a programação da Chery prevê a produção – e a consequente pintura – de apenas 5 mil unidades em 2016.

Vale lembrar que a área de pintura de Jacareí, assim como toda a fábrica, é praticamente 0 KM: seu início efetivo de atividades ocorreu em fevereiro de 2015, ou há apenas 12 meses.

E, de seu lado, a Jaguar Land Rover ainda não terá área de pintura em Itatiaia quando da inauguração, uma fase deixada mais para o futuro, para quando for obrigada a cumprir mais uma das etapas de produção dentro das regras do Inovar-Auto – as fabricantes de luxo, com baixo volume mas modelos de maior valor agregado, têm um ano a mais para cumprir as diversas etapas escalonadas pelas normas do regime automotivo.

Assim, caso a JLR utilize a área de pintura da Chery, poderá economizar uma pequena fortuna – o investimento total programado para Itatiaia é de R$ 750 milhões. Como a capacidade prevista é de 24 mil unidades/ano, mesmo se todos os modelos fossem pintados em Jacareí, além dos da Chery, a área de pintura ali ainda assim teria folga de 70 mil unidades/ano.

E para a Chery seria ótima saída para ocupar mais a fábrica e levantar recursos que ajudariam a reduzir os custos e, também, justificar de forma mais rápida investimento de US$ 400 milhões ali.

Pelas determinações do Inovar-Auto a Jaguar Land Rover poderia contratar a Chery como fornecedora do serviço de pintura, sem com isso ferir a legislação do regime automotivo. E logisticamente a tarefa não parece muito complicada: 180 quilômetros separam as duas fábricas em uma linha praticamente reta, pela Via Dutra.

Há ainda um elemento externo que certamente facilita as conversações: a Jaguar Land Rover e a Chery já são parceiras em termos globais. As duas têm uma fábrica em comum, joint-venture 50-50, em Changshu, na China, inaugurada no fim de 2014 – lá são produzidos o Evoque e o Discovery Sport, exatamente os dois modelos já anunciados para Itatiaia.

E, coincidentemente, o novo presidente da operação JLR no Brasil, Frank Wittemann, acumula passagem recente pela operação chinesa da montadora, aonde participou de reestruturação dos negócios.

48 meses? Sim, 48 meses!

Dentre todos os inúmeros e variados fatores que vêm derrubando as vendas de automóveis no mercado doméstico brasileiro há um, bem mais estrutural do que conjuntural, que deveria estar merecendo melhor atenção. Trata-se da rapidez com que vem se dando o aumento do intervalo das trocas de veículos. Consumidores de carros 0 KM que tradicionalmente faziam a troca após 24 a 36 meses esticam agora este prazo por até mais doze meses.

Pesquisas realizadas pela Ipsos, empresa que faz o acompanhamento sistemático do mercado, mostram que não é mais incomum consumidores permanecerem com o mesmo carro por até quatro anos.

É bem verdade que a conjuntura econômica conturbada e negativa atravessada pelo País contribui para postura mais conservadora por parte dos consumidores de forma geral. No entanto as pesquisas que vêm sendo realizadas pela Ipsos, a maior parte delas por encomenda direta das próprias montadoras, indicam que a questão nem de longe está restrita ao mundo conjuntural.

Quando consultados sobre as razões da ampliação do intervalo de troca os consumidores não escondem razões bem pragmáticas e com forte componente estrutural. Dentre elas figuram, com especial destaque, a melhora na qualidade dos produtos e o decorrente aumento dos prazos de garantia, que agora alcança com freqüência três anos e, em alguns casos, chega até a cinco.

Ou seja: ainda que num primeiro momento eventualmente tenham decidido o adiamento da troca por insegurança com relação ao futuro, o consumidor acabou percebendo que, com o aumento da qualidade e dos prazos de garantia, permanecer um pouco mais tempo com o mesmo veículo deixou de ser fonte potencial de problemas e insatisfações.

Na prática isto significa que, por mais que sua origem tenha sido conjuntural, esta mudança tem boas possibilidades de se tornar estrutural e, assim, permanecer mesmo depois que o cenário econômico volte a se mostrar mais favorável. Não é pouca coisa: afinal, num mercado de 2 milhões de unidades/ano, como é o projetado para este ano, basta que um em cada dez consumidores adote esta nova prática para que a venda potencial de 200 mil carros seja adiada para até doze meses à frente.

Não é só: o consumidor típico de carros 0 KM geralmente oferece seu usado como parte do pagamento. E, neste contexto, quando mais antigo for este carro usado menor será o valor da entrada e, por decorrência, maior será o valor a ser financiado. Esta talvez tenha sido, aliás, uma das razões da forte migração verificada no ano passado da base do mercado de novos para o top do de usados.

Com um usado mais antigo e de menor valor para oferecer como entrada muitos consumidores podem ter perdido a condição de permanecer no mercado de novos. Ainda mais quando se considera o simultâneo aumento das taxas de juros e da seletividade por parte dos bancos.

A se confirmar o caráter estrutural desta mudança duas outras muito provavelmente podem estar a caminho, talvez com reflexos bastante palpáveis já em 2016: o gradativo aumento dos prazos de financiamento e a mudança dos consumidores para uma faixa inferior do mercado.
São mudanças que podem vir juntas ou em separado, na exata dependência da necessidade específica de cada consumidor de recolocar o valor da prestação dentro de seu poder aquisitivo.

E há ainda um terceiro ponto que merece ser no mínimo observado com muita atenção pelo impacto que pode vir a ter a médio e longo prazos na vida do setor: consumidor que opta por ficar até 48 meses com o mesmo carro está claramente focado não no status mas, sim, na utilidade que este veiculo lhe oferece.

Será esta a nova face do futuro?

Cortes: vendas de caminhões em janeiro não reagem.

As vendas de caminhões continuam muito fracas neste primeiro mês de 2016. De acordo com informações reveladas com exclusividade à Agência AutoData por Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, os negócios neste janeiro estão na média apenas repetindo o desempenho registrado em novembro e dezembro – que representaram dois dos três meses mais fracos do ano passado.

Novembro foi o pior mês de 2015, com apenas 4,7 mil unidades, fruto de novo imbróglio envolvendo a linha de financiamento Finame PSI, que teve à época seu fim antecipado. Dezembro foi um pouco melhor, mas para somente 5,6 mil caminhões vendidos, o terceiro pior desempenho do exercício e acima apenas de fevereiro, com 5,2 mil.

Os números de caminhões neste mês, assim, não deverão ir muito além das 5 mil unidades. Como o desempenho de janeiro foi o melhor do ano passado, com 7,7 mil veículos comercializados, a queda no comparativo anual mais uma vez deverá ser relevante, para queda além de 30%.

Nem mesmo a estabilidade dos números de venda durante um trimestre anima Cortes, pois “o patamar está muito baixo”. O executivo atribui o quadro essencialmente ao cenário macroeconômico e à atual política de crédito.

Os estoques, ao menos, estão em níveis que não representam “nenhum absurdo”, segundo Cortes, pelas paradas e férias concedidas no fim do ano passado. A unidade de Resende, RJ, da MAN está operando de segunda a quinta-feira durante todo o mês – em 2015 este expediente foi utilizado a cada duas semanas.

México – Com as vendas internas pouco animadoras a saída é olhar para o mercado externo, e nesse quesito a MAN está bem otimista com sua operação no México, que é igualmente comandada por Cortes.

Nos ônibus, por exemplo, a fabricante comemora crescimento de 22% nas vendas no fechamento do ano passado em relação a 2014, o que lhe conferiu 1,7 ponto adicional de participação de mercado, agora em 13,3%. Nos micro-ônibus é a líder com quase 60% de mercado com oferta de dois modelos, oito e nove toneladas.

Segundo o presidente da MAN LA a estratégia adotada ali é similar à que deu certo no Brasil: oferecer produtos sob medida, adaptados às situações e condições locais – o México sempre sofreu influência do mercado estadunidense em sua oferta de comerciais. “Aos poucos estamos ganhando espaço, como ocorreu com os ônibus e com a linha de caminhões Delivery, iniciativa que depois foi copiada por concorrentes. Acredito que temos a mesma oportunidade agora com os Constellation, lançados ali no ano passado.”

A MAN possui fábrica no México, em Querétaro, na qual monta os chassis de ônibus Volksbus a partir de kit SKD enviados de Resende, agregando algumas partes locais e outras importadas da Europa, assim como alguns modelos de caminhões VW.

GM e trabalhadores entram em acordo e greve em SJC é encerrada

Chegou ao fim a greve na fábrica da General Motors de São José dos Campos, SP. Após seis dias de paralisação os trabalhadores aprovaram na manhã de terça-feira, 26, a proposta para o pagamento da segunda parcela da PLR, Participação nos Lucros e Resultados, referente ao ano passado e retornaram ao trabalho.

O acordo só foi possível graças à intervenção da justiça: na semana passada a GM ajuizou uma ação de dissídio coletivo no TRT de Campinas e a audiência ocorreu na tarde de segunda-feira, 25. Os trabalhadores, que desejavam receber R$ 6,4 mil para a segunda parcela da PLR, conseguiram que a companhia pagasse R$ 5,6 mil – a última proposta fora de R$ 5 mil.

Além do valor, ficou acordado na audiência que a montadora antecipe 50% do décimo-terceiro salário e garanta sessenta dias de estabilidade de emprego e salário. A conta dos dias parados será dividida: a companhia descontará apenas metade dos seis dias de greve.

Em nota a GM considerou positiva a decisão: “Mas não resolve a situação de competitividade do complexo, uma vez que a paralisação na operação por seis dias só contribuiu para aprofundar a séria crise que afeta a GM e a indústria automotiva”.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos também comemorou o acordo. Também em comunicado o presidente Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, deixou claro que as negociações durante o ano continuarão duras.

“Foi uma greve forte. Os trabalhadores começaram o ano dando um recado claro à GM: não cederão às pressões e lutarão por direitos e emprego”.

O uso de dados para uma direção melhor

Assim como os aplicativos utilizados em smartphones para tornar o carro cada vez mais conectado, uma nova geração de produtos de pós-venda vai ajudar os motoristas ávidos por tecnologias a reduzir acidentes e custos com seguros, além de economizar combustível e planejar rotas de forma mais eficaz.

Veículos em geral, como carros, caminhões e ônibus, se tornaram plataformas de informática móvel, e a transformação da tecnologia neles envolvida está se acelerando. Até 2020 todos os veículos novos estarão conectados à internet – e entre si – via sistema wi-fi. Estudos do departamento de transportes dos Estados Unidos estimam que as tecnologias de carros conectados podem reduzir em até 80% o número de colisões.

Para as empresas a riqueza sem precedentes de dados de carros conectados é um recurso valioso que pode ajudar os motoristas a economizar em combustível e seguro e a melhorar suas habilidades de direção. A plataforma DriveSync, desenvolvida pela Intelligent Mechatronic Systems, IMS, empresa com sede em Waterloo, na província de Ontário, no Canadá, pode coletar dados por meio de sistemas instalados pela montadora, de dispositivos de pós-venda ou até mesmo aplicativos para smartphones.

Estas informações, então, são analisadas em tempo real e podem ser usadas como uma ferramenta de treinamento para jovens motoristas melhorarem suas habilidades, ou como um sistema de gestão de frotas que ajude os operadores comerciais a reduzir o consumo de combustível – os dados também podem reduzir os custos com seguros. Já existem várias seguradoras da América do Norte que oferecem apólices mais baratas para motoristas que instalam o DriveSync e compartilham seus dados.

A velocidade de aceitação do consumidor e a demanda por tecnologias cada vez mais conectadas à internet surpreendem até mesmo alguns veteranos da indústria automotiva. A alta tecnologia tornou-se um diferencial de produto no mercado automotivo, ferozmente competitivo.

Outro exemplo interessante vem da Weather Telematics, empresa que também está sediada em Ontário e que utiliza ciência meteorológica avançada: combinando dados em tempo real de sensores de um veículo com informações atualizadas a cada minuto relacionadas com o clima, elaboradas a partir de uma variedade de fontes da internet, pode fornecer aos motoristas dados precisos sobre as condições climáticas imediatas das estradas à frente. E não são previsões do tipo ‘há 40% de chance de chuva em sua região’ ou algo semelhante, mas sim informações precisas quanto às condições específicas que o motorista irá enfrentar naquela estrada em particular, no quilômetro seguinte ou por meio de uma rota especial programada no sistema de GPS.

Considerando que somente nos Estados Unidos condições meteorológicas adversas – chuva, neblina, neve – contribuem para a ocorrência de dez mil mortes a cada ano nas estradas, e que os congestionamentos colaboram para o desperdício de quase 11 bilhões de litros de gasolina por ano, uma tecnologia deste tipo pode salvar vidas ao mesmo tempo em que gera importante papel na redução das emissões de gases poluentes.

O mercado crescente para a próxima geração de tecnologias automotivas está atraindo mais empresas para esta indústria. Ontário é uma das poucas jurisdições no mundo com clusters de classe mundial na produção automotiva e tecnologia da informação, e ali já se reúnem cerca de cem empresas envolvidas diretamente em desenvolvimento de tecnologias de carros conectados.

E essa é uma ótima notícia. O número de veículos nas estradas de todo o mundo deverá dobrar até 2035, saltando de 1 bilhão para 2 bilhões. Quaisquer tecnologias que possam tornar nossas estradas mais seguras e ao mesmo tempo reduzir as emissões de poluentes devem ser recebidas de braços abertos.

Todd Barrett é cônsul comercial de Ontário, Canadá, no Brasil. Em janeiro deste ano a província começou oficialmente a testar veículos autônomos em suas estradas.

Ex-presidente Lula nega qualquer relação com Mauro Marcondes Machado

O ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva prestou depoimento quanto às investigações da Operação Zelotes em Brasília, DF, que investiga possíveis irregularidades na edição de duas Medidas Provisórias ligadas diretamente a incentivos ao setor automotivo. Este ocorreu no dia 6 de janeiro e na sexta-feira, 22, seu teor completo foi divulgado na internet pelo jornal O Estado de S Paulo, que não pormenorizou a forma com que o documento foi obtido – disponível em http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/leia-a-integra-do-depoimento-de-lula-2/.

Resumidamente, em seu depoimento o ex-presidente negou qualquer relação direta, comercial ou de intermediação com Mauro Marcondes Machado, vice-presidente da Anfavea – atualmente afastado do cargo, que ocupava como representante da MMC, a Mitsubishi brasileira – e um dos principais investigados no caso. Ele encontra-se em prisão preventiva, assim como sua esposa, sócia em escritório de consultoria.

Lula afirmou conhecer Mauro Marcondes Machado desde 1975, quando ele estava no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o dirigente na Volkswagen, e “ao que sabe depois foi para a Scania e depois para a Anfavea”, segundo o texto do depoimento. E que só voltou a ter contato com Machado após assumir a presidência da República.

Em seu depoimento Lula afirmou que nunca recebeu pedidos de Machado com relação às MPs ou soube de qualquer pedido que este tivesse feito a algum representante do governo, e que desconhecia a relação comercial da empresa do vice-presidente da Anfavea com as montadoras MMC e Caoa.

Ao ser perguntado sobre um documento eletrônico encontrado no escritório da consultoria de Mauro Marcondes Machado pela Polícia Federal, segundo o inquérito, a afirmar, segundo o texto, que “a MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e governador Eduardo Campos”, o ex-presidente afirmou ao delegado que “combinação, neste sentido pejorativo, é coisa de bandido” e que esta não ocorreu.

Mas Lula afirmou ter se reunido com o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos – morto em acidente de avião em Santos, SP, durante campanha à presidência em 2014 –, e que este teria levado Cledorvino Belini ao encontro para tratar dos benefícios da instalação de uma fábrica da Fiat naquele Estado. Mas o ex-presidente não soube dizer se na ocasião Belini esteve no encontro como representante da Fiat ou da Anfavea. E depois o assunto foi tratado pelos ministérios, afirmou.

Resposta – Procurada pela Agência AutoData a FCA Fiat Chrysler Automobiles afirmou, em nota, que “todas as consultas e tratativas que resultaram na instalação de sua fábrica em Goiana, Pernambuco, foram mantidas direta e abertamente pela empresa, por meio de seus gestores, com os agentes públicos legítimos”. A montadora assegura ainda que “em momento algum contratou banca de advogados, consultorias, lobistas ou outros interpostos, bem como jamais recorreu a políticos e/ou seus representantes para intermediar qualquer conversação ou negociação”, complementando que “a negociação que levou a Fiat a aderir aos termos e condições da MP 512 foi iniciada por meio dos órgãos de desenvolvimento econômico do Estado de Pernambuco e das áreas técnicas dos Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”.

O comunicado diz também que “em 2010 a Fiat buscava alternativas para otimização logística e novas oportunidades de negócios, prospectando em diversos Estados brasileiros. Identificamos em Pernambuco um ambiente favorável de negócios, com um processo acelerado de industrialização em curso e a consolidação do Complexo Portuário-Industrial de Suape. Naquele momento a economia e o mercado brasileiro de automóveis estavam aquecidos e as perspectivas futuras pareciam ser de expansão sustentada. A única fábrica da Fiat no Brasil, situada em Betim, Minas Gerais, operava no limite da capacidade produtiva de 800 mil veículos por ano”.

Prossegue a nota: “O governo federal identificou a oportunidade de atrair montadoras de veículos para a região Nordeste de modo a adensar o tecido industrial que se constituía, inclusive no setor automotivo, e renovou através da MP 512 estímulos fiscais que já existiam desde 1997. Paralelamente, o Governo do Estado de Pernambuco oferecia condições estimulantes para a instalação de empreendimentos industriais no Estado. As negociações evoluíram naturalmente, conciliando o interesse do desenvolvimento regional e o interesse da Fiat na diversificação e pulverização dos investimentos pelo risco de sobrecarga na infraestrutura em Minas Gerais e na busca de um modelo logístico que incluísse um porto”.

Histórico – A Fiat anunciou a construção de uma fábrica em área do Porto de Suape no último trimestre de 2010. Nos últimos dias de dezembro realizou cerimônia de assentamento de pedra fundamental na área, evento que contou com a presença de Lula, em seus últimos dias do segundo mandato como presidente da República.

A fabricante pôde aproveitar benefícios fiscais de instalação na região a partir da então recente aquisição da empresa de autopeças TCA, de Jaboatão dos Guararapes, por seu braço Magneti Marelli – a regra vigente exigia que para compartilhar das condições mais favoráveis as montadoras interessadas já deveriam estar presentes na região.

Em agosto de 2011 a Fiat anunciou mudança de local da fábrica, de Suape para Goiana. A unidade foi inaugurada em abril do ano passado, como planta FCA, tendo como seu primeiro produto o Jeep Renegade. O segundo modelo ali produzido, a picape Fiat Toro, será lançada nos próximos dias.