Anfavea, Sindipeças e Abeifa terão novos presidentes

Nas próximas semanas grande movimentação ocorrerá em três das quatro principais associações que representam o setor automotivo brasileiro. Anfavea, que representa as montadoras, Sindipeças, as fabricantes de autopeças, e Abeifa, as importadoras e mais três fabricantes nacionais, elegerão novos presidentes.

Por uma coincidência de datas neste ano as três realizam eleições na mesma época, apesar de cada uma contar com seus próprios prazos para os mandatos na presidência.

A Agência AutoData, em reportagem exclusiva, revela os nomes das próximas lideranças para estas três importantes associações.

Apenas a Fenabrave, que reúne os distribuidores de veículos, segue sem alterações na liderança, uma vez que Alarico Assumpção Júnior assumiu em 1º. de janeiro de 2015 para mandato trienal. Ele prosseguirá no cargo, portanto, até o fim de 2017.

Anfavea – Antônio Megale, diretor de assuntos institucionais da Volkswagen, será o novo presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, para o triênio 2016-2019. A eleição ocorrerá nos próximos dias, com chapa única concorrendo, e a posse ocorrerá por volta de 20 de abril em São Paulo.

Essa não será a primeira experiência de Megale como presidente de uma associação de classe do setor automotivo. Ele já dirigiu a AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, por dois mandatos, de 2012 a 2014.

Megale, engenheiro mecânico pela UFRJ e pós-graduado em administração de empresas pela FGV, fez carreira na Ford, onde entrou em 1981. Passou pela fase Autolatina e também atuou na Chrysler e na Renault antes da Volkswagen, onde chegou em 2008. Nestas empresas ocupou postos nas áreas de engenharia, desenvolvimento, marketing e relações institucionais.

O primeiro vice-presidente para o próximo mandato será Rogelio Golfarb, vice-presidente de relações governamentais, comunicação e estratégia de negócios para a Ford na América do Sul. O executivo, assim, se credencia para assumir um segundo mandato como presidente da Anfavea quando da sucessão de Megale, no triênio 2019-2021. Caso confirmado Golfarb retomaria o posto quinze anos depois de sua primeira passagem pela presidência, que já ocupou no mandato 2004-2007.

A eleição na Anfavea, desta forma, ocorre sem maiores surpresas ou dissidências, respeitando o rodízio instituído há tempos: agora a GM dá lugar à VW, que por sua vez o dará à Ford na sequência. Não faltaram negociações e possibilidades de mudança neste quadro – chegou-se a falar em possível reeleição de Moan, bem como ao menos a indicação de uma chapa liderada por executivo de uma montadora newcomer para concorrer à presidência, rivalizando com o rodízio atual. Nada disso, entretanto, acabou por se confirmar.

Sindipeças – O Sindipeças, Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, terá um novo presidente após 22 anos: Dan Ioschpe sucederá Paulo Butori, que comanda a associação desde 1994.

Ioschpe, que comandará o Sindipeças para o mandato 2016-2019, é atualmente o presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion. Ele, que é torcedor do Grêmio, estudou jornalismo na UFRGS e fez MBA em administração em Boston, nos Estados Unidos, e fez carreira dentro de empresas do próprio Grupo.

As eleições, com chapa única, ocorrerão na quinta-feira, 18, na sede da associação, em São Paulo, e também nos Estados em que o Sindipeças tem diretorias regionais – Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Já Butori não se afastará totalmente da diretoria do Sindipeças: ele continuará no conselho, como um de seus membros. No conselho de administração Ioschpe terá a companhia de Adilson Sigarini, da ThyssenKrupp, Besaliel Botelho, da Bosch, Edison da Matta, da Mahle Metal Leve, George Rugitsky, da Freudenberg-NOK, Luis Pasquotto, da Cummins, e de Mario Milani, da Allevard Molas.

Abeifa – Por sua vez a Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, terá eleições em 15 de março para escolha do sucessor de Marcel Visconde, da Stuttgart Sportcar, que comandou o mandato 2014-2016.

As negociações em torno do nome para comandar a associação no período 2016-2018 ainda estão acontecendo, mas já é certo que Visconde não pretende se candidatar à reeleição.

O nome que surge com maior força para sucedê-lo é o de José Luiz Gandini, da Kia Motors. Caso confirmada esta seria sua quinta passagem pela presidência da Abeifa, antes Abeiva – ele deixou o cargo em 2012, quando foi eleito Flávio Padovan, à época na Jaguar Land Rover e hoje na Subaru. Antes Gandini foi presidente tanto como cabeça de chapa em eleições quanto substituindo dirigente que deixou o posto, na condição de seu vice.

O outro nome na disputa é o de Sérgio Habib, presidente da Jac Motors e atual vice-presidente da associação, o que faria dele o candidato mais óbvio. Porém, segundo fontes ligadas à entidade ouvidas pela reportagem, seu nome não é unânime dentro do quadro de associadas, que argumentam que a empresa que o executivo dirige não atravessa o melhor momento – recentemente revelou a décima-terceira mudança de planos para construção de fábrica em Camaçari, BA, anunciada em 2011 e que até hoje não saiu do papel.

Esse cenário, argumentam os nomes contrários à indicação de Habib para encabeçar a chapa, poderia complicar eventuais negociações da Abeifa junto ao governo federal em Brasília, DF, uma vez que o próprio executivo tenta resolver complicada questão junto ao MDIC: A Jac Motors foi habilitada ao Inovar-Auto em 2013 como investidora, pelos planos da fábrica, mas nunca recebeu a renovação anual obrigatória. Quando habilitado Habib importou veículos sem IPI majorado e seu atual plano, de produzir em CKD, não se enquadra nas obrigações assumidas à época.

Já Gandini tem a seu favor o fato da Kia Motors ainda representar a maior associada Abeifa em termos de volume de vendas de importados e a própria experiência anterior à frente da entidade. Ele nunca escondeu interesse em retornar ao posto, inclusive nas negociações que resultaram na indicação de Visconde, em 2014. Mas Habib, segundo as fontes, também deseja assumir o cargo.

Brilho discreto em ritmo de recuperação em Detroit

Mais boas notícias de início de ano, além daquelas geradas pela Nissan logo no quarto dia, dessa vez apresentadas em Detroit, Michigan, durante o primeiro dia do Naias 2016, evento mais conhecido como Salão de Detroit, nos Estados Unidos.

A Ford deve, até agosto, setembro, anunciar seu novo plano quinquenal – se não trienal. A General Motors anuncia a produção da nova família Cruze, sedã e hatch, ano-modelo 2017, em São Caetano do Sul, SP, ou Rosario, Argentina.

E a Volkswagen, por meio do presidente de seu conselho, falou com muita franqueza, e humildade, sobre sua encrenca maior, motores que escondiam a sujeira de emissões não coibidas – foi um instante muito importante, e até tocante, de muito contraste diante da alegada arrogância teutônica.

No caso da Ford o novo plano de investimentos não ignora sua operação de caminhões e implica, provavelmente, novos produtos.

No caso da General Motors a questão é descobrir o melhor lugar para produzir os novos Cruze à medida que São José dos Campos, por questões trabalhistas, e Gravataí, por impossibilidade de capacidade de produção, estão descartadas. De acordo com Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors brasileira, “em Gravataí não cabe e em São José dos Campos temos encrenca trabalhista. Rosário ou São Caetano ganharão esse volume, então”.

De qualquer maneira, e seja lá onde forem produzidos, esses novos Cruze serão mostrados no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro.

Detroit, o primeiro grande Salão do Automóvel do Ano, com 12 graus negativos lá fora – e sensação térmica de menos 18 –, parece querer voltar a resgatar seu passado glorioso. Os Estados Unidos produziram 17 milhões de veículos no ano passado, indicador de que o país vence a crise de maneira sustentável, e uma certa alegria toma conta, de novo, do Cobo Hall, Que não apresenta nenhum estande de montadora chinesa este ano.

A tônica das apresentações têm sido conectividade, veículos elétricos, mobilidade, prestação de serviços aos consumidores. Parece, até, que a ideia antiga de encantamento do consumidor volta com outro nome.

A Ford adota uma nova ideia para a sua comunicação de produtos, Make People’s Lives Better – fazer melhor a vida das pessoas em tradução razoavelmente livre –, e deixa claro quer seu core bussines tem tudo a ver com oportunidades emergentes, aquelas que a rotina da vida coloca sobre a mesa e sobre o colo de seus executivos. Mostrou a cara nova do Fusion, sua versão Platinum, ainda mais sofisticada, a híbrida e a plug-in. E a musculosíssima F-150 Raptor Supercrew, de impor respeito em qualquer situação, aquele tipo de veículo que parece a casa da gente.

Também a Mercedes-Benz mostrou novidades, como o SLC 43 e o novo Classe E. Mas vai aí uma crítica: como é que foi possível tornar o Classe E um carro tão feio?

Pela manhãzinha, mais frio ainda, foram anunciados os carro e utilitário do ano, indicação devidamente festejada pelos ganhadores: Honda Civic e Volvo XC 90.

Mercado brasileiro perdeu 1 milhão de veículos em 2015

Somados modelos 0 KM, seminovos e usados, o mercado brasileiro ficou 1 milhão de unidades menor no ano passado. Um levantamento da Agência AutoData com base nos dados da Fenabrave de licenciamento de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos e transferência de usados aponta que em 2015 os brasileiros consumiram 12,9 milhões de veículos, ante as 13,9 milhões de unidades de 2014.

A queda de um ano para o outro do mercado automotivo brasileiro foi de 7,2%, consideravelmente menor do que a redução do segmento 0 KM, que registrou retração de 26,6%. Além de ter volume maior, as vendas de modelos usados ficaram praticamente estáveis no período, com leve redução de 0,8%, para 10,3 milhões de unidades.

Quem puxou a queda no mercado foi, portanto, o mercado de 0 KM, por motivos elencados pelo presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior: falta de confiança do consumidor, economia instável e aumento no desemprego.

Boa parte da clientela acabou migrando para o segmento de usados, em especial seminovos, onde há boas ofertas de modelos ainda em garantia por preços semelhantes a seu equivalente 0 KM, com menos equipamentos.

Segundo a Fenauto, associação que representa os distribuidores independentes, as vendas dos considerados seminovos, de 0 a 3 anos de uso, cresceram 33% no ano passado, saltando de 3 milhões para 4 milhões de unidades – quase que a diferença de vendas de 0 KM, que caíram de 3,5 milhões para 2,6 milhões de veículos.

Em volume o mercado brasileiro retornou aos níveis de 2011, quando as mesmas 12,9 milhões de unidades 0 KM e usadas foram comercializadas. Foi a última vez que havia ficado abaixo dos 13 milhões de veículos: em 2012, 13,2 milhões, em 2013, 13,6 milhões, em 2014, 13,9 milhões.

2015 – Assim como ocorreu com o de 0 KM, o mercado de usados registrou queda em todos os segmentos no ano passado. Em automóveis e comerciais leves houve leve recuou de 0,6%, para cerca de 10 milhões de unidades, enquanto em caminhões a queda de 3,4% puxou o volume para 329,3 mil unidades e em chassis de ônibus foram transferidas 42,5 mil unidades, retração de 5,9%.

Argentina: em 2015 produção caiu 12% e vendas 6%.

O ano passado terminou com números em vermelho para a indústria automotiva. Segundo dados da Adefa, a Anfavea local, a produção alcançou 543,5 mil unidades, queda de 12% ante as 617,3 mil de 2014.

Em dezembro, isoladamente, a produção foi de apenas 35,2 mil unidades, queda de 13,4% ante o mesmo período de 2014.

As exportações terminaram o ano passado em retração mais significativa para os argentinos: as 245,7 mil unidades embarcadas representaram redução de 31,3% no comparativo com o acumulado de 2014, 358 mil. O Brasil seguiu disparado como o maior comprador, com 76,3% do total, deixando o México com 5% e Austrália e Nova Zelândia, juntos, com 4%.

O último mês do ano ficou com o pior resultado do acumulado, com somente 29 mil veículos embarcados, em forte queda de 62,3% na comparação com dezembro de 2014.

As vendas no atacado, aquelas registradas para as concessionárias, fecharam 2015 em total estabilidade, com 613 mil 267 unidades, redução mínima de 0,1% ante as 613 mil 848 um ano antes.

Mas no varejo, agora de acordo com dados da Acara, a Fenabrave argentina, a queda foi bem mais pronunciada: 643,7 mil unidades em 2015 ante 687,1 mil em 2014.

Ainda de acordo com os índices da Acara a Volkswagen liderou o mercado argentino em 2015 com 116 mil emplacamentos, alta de 2,8%. Foi seguida por Ford, 90 mil e queda de 2,2%, e Chevrolet, 86 mil e crescimento de 3,5%.

O modelo mais vendido na Argentina no ano passado foi o Gol, com 30,7 mil, queda de 11%, seguido do Classic, 28 mil e alta de 12,8%, com o Palio fechando o pódio com 26,7 mil, volume estável.

Renault-Nissan promete uma dezena de veículos com tecnologia autônoma

A Aliança Renault-Nissan mantém firme seu plano de oferecer aos consumidores veículos com tecnologia autônoma – ou seja, de auto-condução – até 2020. A estratégia foi apresentada em 2013 e na sexta-feira, 8, o conglomerado anunciou que lançará no mínimo uma dezena de modelos com esta configuração nos próximos quatro anos.

Segundo comunicado da Aliança, “esta tecnologia será embarcada nos carros voltados ao grande público, em larga escala e com preços acessíveis”. O plano prevê ainda para este ano a apresentação de modelos com controle automático da posição na faixa de rolamento, em estradas e congestionamentos. Dois anos depois, avanço para mudança automática de faixa, bastando ao motorista acionar a seta. E dois anos à frente deste novo salto, com modelos que param e avançam sozinhos nos semáforos, percorrem rotatórias, leem placas de velocidade máxima e a elas se adaptam e outros.

A tecnologia já está pronta – foi mostrada pela Nissan há três anos em um Leaf capaz de, também, desviar de pedestres distraídos. A questão agora é de equalizar seu custo e de acostumar o cliente a elas. Aparentemente a Aliança desistiu de esperar por regulamentações específicas nas leis de trânsito para adaptação aos veículos autônomos, um dos temores à época.

E também aparentemente a fabricante desistiu dos mercados sulamericanos para estas novas tecnologias: de acordo com a nota da Aliança, esta dezena de modelos será oferecida “nos Estados Unidos, Europa, Japão e China”.

Pelas estimativas da Aliança “a condução autônoma poderá limitar bastante o erro humano, causa de aproximadamente 90% dos acidentes mortais”.

 

Participação dos importados deve cair ainda mais em 2016

Os importados seguem em queda de participação no mercado brasileiro de veículos. O índice de 2015 fechou em 16,1%, segundo dados da Anfavea, próximo ao registrado em 2009, 15,6% – e que considera os modelos trazidos do Exterior tanto pelas empresas que não têm fábrica no País quanto as que também produzem por aqui.

Para 2016 a projeção é de nova retração: segundo Luiz Moan, presidente da associação, a estimativa é da participação total de modelos importados chegar aos 15%.

A fatia dos importados no mercado interno brasileiro só caiu nos últimos quatro anos. Em 2011 fechou em 23,6%, foi a 20,7% em 2012, a 18,8% em 2013 e 17,6% em 2014 e estes 16,1% em 2015. Se confirmada a retração prevista pela Anfavea para este 2016, assim, este seria o quinto ano seguido de baixa.

Pela projeção de mercado interno da associação, de vendas totais de pouco menos de 2,4 milhões de unidades, os importados, assim, representariam somente 356 mil. Em 2015 este volume foi de 414 mil unidades, em queda de 33% ante as 617 mil de 2014, que por sua vez já fora 13% menor que 2013, 707 mil, este 10% abaixo de 2012, 788 mil, montante 7% menor que o de 2011, 858 mil. Ou seja: no ano passado os importados venderam a metade do que o registrado quatro anos antes, e seu resultado deverá ser ainda cerca de 60 mil unidades menor neste ano.

Neste ano o cenário deverá ser fruto do aumento do dólar, atualmente na faixa dos R$ 4: quanto mais alto o câmbio, naturalmente, mais caros os importados ficam – no ano passado, por exemplo, a Chrysler reajustou de uma vez só em R$ 10 mil os preços de seu modelo Jeep Wrangler. Outras fabricantes seguiram esta tendência.

Mas o quadro vem de antes, fruto do Inovar-Auto: boa parte da queda das importações está ligada ao início de produção nacional dos modelos antes vindos de fora, como no caso dos BMW Série 3, X1 e X3. E em 2016 haverá quase uma avalanche de exemplos: Mercedes-Benz Classe C, VW Golf, os Audi A3 Sedan e Q3 e o Land Rover Range Rover Evoque são alguns deles.

A eles se soma ainda a renegociação do acordo de comércio automotivo do Brasil com o México, que passou a ser regido por cotas. Com elas, houve forte redução dos volumes de modelos vendidos no Brasil oriundos deste país.

MAN: líder pelo décimo-terceiro ano.

Foi mais apertado que em 2014, mas a liderança no mercado brasileiro de caminhões ficou novamente com a MAN, pelo décimo-terceiro ano consecutivo. Menos de quatrocentas unidades separaram a líder da segunda colocada, a Mercedes-Benz.

Em 2014 a diferença foi de seiscentos caminhões a favor da MAN. Ambas amargaram queda nas vendas este ano, um pouco abaixo do mercado em geral – a MAN caiu 45,9% e a M-B 46,1%, ante um mercado 47,7% inferior.

Com um desempenho acima do mercado, embora também em queda, a Ford recuperou a terceira posição do ranking, perdida no ano passado para a Volvo. Embalada pelo primeiro ano cheio de vendas do retorno dos modelos da Série F, a marca caiu 34,1%, mas ganhou 3,7 pontos de participação, fechando o ano com 18% das vendas.

A Volvo, agora quarta colocada, caiu 57,7%, e a Scania, quinta, 63,1% – com perda de 2,7 e 3 pontos porcentuais, respectivamente. A Iveco manteve a sexta posição, com 6,3% de participação.

Hyundai-CAOA e DAF tiveram desempenho oposto ao mercado e cresceram em 2015. Os caminhões HR registraram 693 unidades, avanço de 28,5%, enquanto a DAF subiu 72,4%, para 443 caminhões.

Completam o ranking a Agrale, com queda de 40,3% nas vendas, e a International, que licenciou apenas 67 caminhões, volume 93% inferior ao de 2014.

Ônibus – No segmento de chassis a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com quase metade do mercado: foram comercializadas 16,8 mil unidades, das quais 8,3 mil M-B.

Invertendo os papéis do segmento de caminhões, em ônibus a vice-liderança ficou com a MAN, com 3,7 mil chassis comercializados. A Iveco saltou três posições e ficou em terceiro, com 1,2 mil chassis vendidos, um crescimento de 62,4% – a única marca a registrar alta de 2014 para 2015.

Volvo, Scania e International completam o ranking, todas com retração nas vendas.

FCA é a campeã do ano

A FCA tem pelo menos dois motivos para comemorar em 2015: além de alcançar a liderança nas vendas do mercado brasileiro com a Fiat – pelo décimo-quarto ano –, a montadora conseguiu colocar sua outra divisão no ranking das dez marcas mais vendidas por aqui. Em dezembro a Chrysler superou a Mitsubishi e ficou na décima colocação do acumulado do ano.

A Agência AutoData usa os critérios da Anfavea para elencar o ranking de marcas. Para a associação das montadoras, Chrysler, Dodge, Jeep e RAM são consideradas uma só marca. Por esse critério, foram licenciados quase 44 mil veículos no ano passado, volume superior ao alcançado pela Mitsubishi, que alcançou pouco mais de 41 mil unidades e perdeu a décima posição, alcançada no ano passado.

Mas isoladamente a Jeep também alcançaria o décimo degrau. Segundo a Fenabrave foram licenciados 41,7 mil veículos da marca, ou pouco mais de setecentas unidades a mais do que os modelos Mitsubishi. O grande motor desse desempenho foi o Renegade, que fechou o ano com 39,2 mil licenciamentos.

A Fiat, novamente líder, fechou o ano com 439,2 mil unidades comercializadas, um recuo de 37,1% com relação ao resultado de 2014 – inferior à média do segmento de automóveis e comerciais leves, que caiu 25,6%. Por isso perdeu 3,2 pontos porcentuais de participação, caindo de 20,9% em 2014 para 17,7% no ano passado.

A General Motors, novamente vice-líder, também perdeu mercado: caiu de 17,4% para 15,6%, assim como a Volkswagen, cuja participação cedeu de 17,3% para 14,5%.

No sentido oposto a Ford, quarta no ranking, ganhou participação, saltando de 9,2% para 10,2%. O mesmo ocorreu com a Hyundai, que superou a Renault e fechou o ano com 8,3% das vendas, 1 ponto porcentual acima da agora sexta colocada.

A Toyota manteve a sétima colocação, mesmo com a queda de 10% nas vendas, e ganhou 1,2 ponto porcentual, alcançando 7,1%.

Já a Honda foi a única, além da Chrysler, a registrar crescimento das vendas no ranking: 11,2% superiores, com 6,2% de market share – um incremento de 2,1 pontos porcentuais.

A nona posição ficou com a Nissan. Os japoneses registraram 61,2 mil unidades no ano passado, volume 15,4% inferior ao de 2014, mas ganharam 0,3 ponto porcentual de market share, fechando o ano com 2,5% de participação no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves.

Mercado brasileiro em 2015 foi equivalente ao de 2007

As vendas de autoveículos – automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – no mercado interno brasileiro fecharam 2015 em baixa de 26,6%, para 2 milhões 569 mil unidades, ante quase 3,5 milhões em 2014. Ou seja: em apenas um ano o nível de comercialização desceu praticamente 1 milhão de unidades, quando utilizado um arredondamento bastante elástico.

Os números foram divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 7, em São Paulo.

Com isso o ritmo anual chegou perto daquele registrado em 2007, de 2,4 milhões. Em 2008 o volume foi superior ao de 2015, com 2,8 milhões.

Os comerciais leves, que tradicionalmente sempre levavam os patamares da faixa dos leves mais para cima, desta vez fizeram movimento contrário – cabe a lembrança de que os SUVs foram retirados desta categoria no início de 2015, transferidos para os automóveis.

Ao término do ano os comerciais leves caíram ao todo 33,6%, ou mais que os automóveis, em redução de 24% – no geral, os leves viram volume 25,6% menor.

Em dezembro, isoladamente, o mercado total brasileiro foi a 190 mil 472 unidades, queda de 38,1% ante as 307,9 mil do mesmo mês de 2014 – fortemente estimulado pelo fim do desconto no IPI – mas alta de 14,1% para as 167 mil de novembro.

Produção em dezembro foi a mais baixa para o mês desde 2008

Com a maior parte das fábricas em férias coletivas e os pátios cheios, não se esperava outra coisa de dezembro além de fracos números de produção. E o resultado foi significativo: saíram das linhas de montagem no mês passado apenas 142,9 mil autoveículos, o que representou forte redução de 30% na comparação com as 204 mil do mesmo mês de 2014 e de 18,4% ante as 175 mil de novembro.

Foi o índice mais baixo em produção para dezembro desde 2008.

Luiz Moan, presidente da Anfavea, declarou na quinta-feira, 7, que os níveis de estoque foram mesmo determinantes para o movimento registrado no mês pelas fabricantes. Para ele, o índice no fim de novembro alcançou “nível incompatível com um ritmo saudável para os negócios” – eram então 322 mil unidades estocadas, o equivalente a 50 dias de venda.

A iniciativa, ao menos, deu resultado: ao término de dezembro o volume caiu para 271 mil unidades, ou 36 dias de venda.

É importante observar, entretanto, que a queda se deu apenas nos pátios das fábricas, de 122 mil unidades em novembro para 69 mil em dezembro. Nos estoques da rede o volume continuou praticamente o mesmo, ao redor de 200 mil veículos.

2015 terminou com 2,43 milhões de autoveículos produzidos no País de acordo com os índices da Anfavea, em baixa de 22,8% ante as 3,15 milhões de 2014.

Este volume equivale ao registrado em 2006. De 2014 para 2013 os índices produtivos já haviam apresentado redução de 15%.

Com isso o número de empregos também caiu: ao todo, em 2015, a redução foi de 10%, o equivalente a quase 15 mil postos ocupados a menos neste ano na comparação com 2014. São agora 130 mil trabalhadores empregados pela indústria automotiva – ao fim de 2013, ou há dois anos, eram 157 mil.