O desempenho bem abaixo das expectativas do primeiro bimestre fará os fabricantes de implementos rodoviários revisarem suas estimativas para o ano. Inicialmente a Anfir, associação que representa o setor, projetava queda na ordem de 5% a 10% com relação ao ano passado, mas o presidente Alcides Braga já admite retração mais acentuada.
“Vamos esperar mais um pouco, talvez até meados de abril, quando poderemos ter uma visão mais clara da situação. Na verdade a gente mais torce do que faz previsão, então se cair até 10%, como no ano passado, será ótimo diante da atual conjuntura do mercado.”
Nos primeiros dois meses do ano foram licenciados 14 mil 728 implementos rodoviários, volume 41% inferior ao registrado em janeiro e fevereiro do ano passado, quando as vendas alcançaram 24 mil 987 unidades. Tanto a linha leve, de carroceria sobre chassis, quando a pesada, de reboques e semirreboques, apresentaram desempenho inferior: 32% e 55,8% de queda, respectivamente.
Braga afirmou que o desempenho foi negativo em todos os segmentos de negócios, com exceção ao mercado de transporte de toras, que apresentou crescimento de 70%. “Trata-se, entretanto, de um segmento de baixo volume, de cerca de 200 unidades. A queda foi generalizada nas linhas pesada e leve, sendo que esta última vinha apresentando resultados melhores”.
Segundo o empresário o fraco desempenho da economia aliado às indefinições do BNDES com relação a financiamentos prejudicaram as vendas neste início de ano. Ele calcula que 85% das vendas do setor sejam por meio do Finame, que, a exemplo do ocorrido no ano passado, ficou praticamente estagnado no começo do ano devido à demora para promover mudanças operacionais.
O presidente da Anfir reclamou também da ociosidade da indústria, que praticamente não tem pedidos em carteira. “As entregas são quase imediatas e a preços que eram praticados a três, quatro anos atrás”.
Braga admitiu que a situação já provoca demissões no setor: desde o fim do ano passado as fabricantes reduziram em torno de 20% do seu quadro de funcionários, em média. Ele estima que dos 70 mil trabalhadores que a indústria de implementos rodoviários empregava direta e indiretamente, cerca de 15 mil foram demitidos.
“Não posso dar números absolutos porque não fazemos uma pesquisa em todas as empresas. Dentro da métrica usada, os dados são esses. Posso garantir, porém, que a indústria fez de tudo para evitar essas demissões: usou lay offs, férias prolongadas, etc. Mas alcançamos uma situação em que não dava mais para segurar a mão-de-obra.”













