As vendas de máquinas para construção devem apresentar recuo de até 12% neste ano. A projeção foi feita por representantes das fabricantes Case New Holland Construction, John Deere Construction Equipment e Volvo Construction Equipment em workshop realizado pela AutoData Editora na quarta-feira, 25, no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo.
Para Afrânio Chueire, presidente da Volvo CE, os anos posteriores às eleições são tradicionalmente mais fracos: “Normalmente os volumes aumentam em anos eleitorais e caem no ano seguinte”.
O executivo avalia que o número de encomendas do governo federal, realizadas pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, o MDA, cairá cerca de 6% neste ano. “A redução desse volume impactará nos números finais.”
Para Gino Cucchiari, diretor comercial da Case New Holland Construction, a queda das vendas deste ano também será motivada pelas incertezas econômicas: “Passamos por um período de ajustes”.
Segundo os executivos a questão da Petrobras também afetará os negócios do setor, mesmo que de forma indireta. “Temos a maior empresa do País revendo seus investimentos e com uma nova diretoria. É evidente que os negócios vão diminuir”, afirmou o presidente da Volvo CE.
Como as condições de financiamento do PSI Finame só foram definidas no fim de janeiro, as vendas de máquinas começaram efetivamente em fevereiro e desta forma o primeiro bimestre será prejudicado.
Na Volvo CE as vendas iniciaram o ano em queda: “As políticas de financiamento deixaram os consumidores inseguros e já prevíamos o recuo”, disse Chueire. Na CHN Construction as vendas recuaram mais aos concessionários neste primeiro bimestre. “Observamos que a rede está insegura em comprar por medo de aumento dos estoques”, afirmou Cucchiari. “Mas as vendas aos consumidores caíram menos do que o esperado no começo do ano”, salientou.
Já na John Deere 2015 começou de forma mais positiva na comparação com o início do ano passado, mas por uma situação particular. Thiago Cibim, gerente de suporte ao cliente, lembra que a fabricante iniciou a produção em Indaiatuba, SP, em fevereiro de 2014, e assim os volumes neste ano são naturalmente maiores.
Os três executivos, em uníssono, acreditam que o volume de vendas deve apresentar reação a partir de meados de abril. Contudo, a média mensal deve ser inferior a 2014 e assim esse movimento não será suficiente para amenizar a perda anual.
“Olhando mais pra frente nos apoiamos em estudo do BNDES que prevê investimentos totais na economia do País na faixa de R$ 4 trilhões de 2015 a 2018. Uma hora a turbulência vai passar e o País voltará a crescer”, diz o presidente da Volvo CE.
Segundo Ana Paula Firmato, sócia da consultoria KPMG, o ritmo de crescimento do agronegócio deve diminuir no País na próxima década. A consultora fez uma palestra durante o workshop realizado pela AutoData na quarta-feira, 25, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, SP.
O ano de 2015 deverá encerrar com resultado de 10% a 15% abaixo de 2014 nas vendas de máquinas agrícolas – o que não necessariamente é uma notícia ruim: ainda assim, este será o terceiro ou quarto melhor resultado para o segmento em toda história.
Esta, inclusive, é a principal razão para que os negócios não sejam melhores no ano. “Os principais agentes financeiros não estão trabalhando na mesma velocidade do mercado”, revelou Pontes. Torretta e Miotto lembraram que na primeira grande feira do agronegócio em 2015, o Show Rural Coopavel, em Cascavel, PR, a demanda por aquisição de máquinas foi igual ou até mesmo superior à da edição 2014, mas “o problema é a obtenção de crédito para concretizar o negócio”.
Miotto ainda recordou a previsão para a atual safra de grãos, de 200 milhões de toneladas, volume recorde e representativamente acima da última safra, 191 milhões de toneladas, e os desafios que ela traz: “O custo do transporte no Brasil é muito elevado e alcança cerca de quatro vezes mais o dos Estados Unidos. Não temos visto muita coisa concreta acontecendo com relação à infraestrutura, apenas boas intenções”.
O ano comercial para o setor de caminhões começou, na prática, na última segunda-feira, 23, segundo Bernardo Fedaldo, diretor de caminhões da Volvo no Brasil. Com as novas regras de financiamento em prática o executivo revela que é perceptível aumento de consultas de negócios nos últimos dias: “Já notamos alguma movimentação mesmo antes do feriado de carnaval. O impacto será ainda pequeno, mas já veremos alguma mudança em março”.
O tom de moderação adotado pelo diretor de caminhões acompanhou o dos demais membros da cúpula da empresa, reunida em São Paulo na quarta-feira, 25, para a apresentação oficial de Claes Nilsson, novo presidente do Grupo Volvo Latin America.
