Presidente Cesar Alarcon afirmou que valores serão aplicados na construção de centro de pesquisa e novo armazém em Campinas
Campinas, SP – A Pirelli anunciou investimento de R$ 350 milhões em sua operação brasileira. Segundo o CEO para a América Latina, Cesar Alarcon, R$ 200 milhões serão aplicados em laboratório de pesquisa e de desenvolvimento e em um novo armazém e outros R$ 150 milhões na compra da Hevea-Tec, fornecedor de borracha natural adquirido em julho do ano passado e cuja negociação foi aprovada pelo CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, no início do ano.
O anúncio foi feito quarta-feira, 13, na fábrica de Campinas, SP, classificada por Alarcon como “centro nevrálgico” da operação latino-americana. À produção de pneus, que equipam automóveis, comerciais leves, motocicletas e veículos utilizados em competições esportivas, foi agregado um centro de pesquisa e um laboratório de testes indoor, que trabalham em paralelo com o central em Milão, Itália.
Agora é possível desenvolver um pneu do zero em Campinas, mas sempre com apoio da matriz: “Não produzimos apenas pneus aqui, pois mantemos um polo de tecnologia e de inovação. Somos capazes de exportar tecnologia além de pneus. Hoje um terço da nossa produção vai para diferentes mercados, como o dos Estados Unidos”.
O laboratório já está em operação desde o início do ano. Trabalha em conjunto com o Circuito Pan-Americano, de Elias Fausto, SP, onde são feitos os testes em campo. Assim a Pirelli avança em desenvolvimento de tecnologia na América do Sul.
Centro de distribuição
Em terreno anexo à fábrica está sendo erguido o novo centro de distribuição, que ocupará área de 56 mil m². Na terça-feira, 13, com a presença do prefeito de Campinas, Dário Saadi, foi inaugurada a pedra fundamental do empreendimento, construído em parceria com Galápagos, TZI e Monto Engenharia.
As obras já começaram – estão na fase da terraplenagem. A intenção é que em catorze meses o local seja inaugurado, com capacidade para 800 mil pneus: “Em Campinas teremos tudo: a produção de pneus, laboratórios de desenvolvimento e o armazém”.
Mais investimentos
Alarcon disse que o investimento anunciado independe do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação. Ele elogiou o programa e deu a entender que abre oportunidades para a atração de mais investimentos no futuro: “Nos últimos seis anos investimos mais de R$ 2 bilhões no Brasil. Já acreditávamos no potencial antes do programa, que foi também uma excelente notícia”.
O CEO da Pirelli ressaltou, porém, a dificuldade que a indústria brasileira de pneus vem passando com o avanço das importações, especialmente de produtos chineses. Ele acusou a prática de dumping de alguns fabricantes asiáticos:
“É uma prática prejudicial para a indústria, que pode afastar investimentos e tirar empregos. Prejudica a Receita Federal, com perda de arrecadação, e o meio-ambiente, porque estes importadores não têm a obrigação de retirar estes pneus de circulação e destiná-los de forma correta. Hoje nenhum pneu produzido no Brasil vai para aterros sanitários: é transformado em matéria-prima para outras atividades”.
O executivo disse que o governo está atento à questão e as negociações ocorrem no âmbito da Anip. Ele reforçou, porém, que a análise de novos investimentos passam por essa questão: “O Brasil é competitivo para produzir pneus mas temos a concorrência forte do México, por exemplo”.