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41 AutoData | Junho 2020 senadores, deputados, técnicos, enge- nheiros, advogados e tudo o mais, saiu o Rota 2030. Hoje é lei. Para surpresa geral, porém, dada a pandemia da covid-19, ainda que, é pre- ciso reconhecer, trate-se de fator novo, absolutamente inesperado e de efeito potencialmente devastador, uma das pri- meiras ações públicas de executivos do setor automotivo foi propor adiamento dos prazos estabelecidos para entrada em vigor das regulamentações do setor, abarcando não só aquelas do Rota 2030 como também as normas de emissão veiculares como Euro 6. “Não temos caixa para fazer todo esse investimento necessário no mesmo prazo que prevíamos antes”, alega Luiz Car - los Moraes, presidente da Anfavea. Ele acrescenta que “não é só a montadora, é uma questão dos fornecedores também. É preciso considerar, também, se vamos ter consumidor para pagar pelas novas tecnologias em um momento de forte queda de mercado como este”. Para o dirigente a questão não é exclusivamente brasileira: “Na Europa também estão discutindo postergação de marcos regulatórios. No momento estamos conversando sobre este tema internamente, mas esse debate haverá. Não somos contra a regulação, somos a favor, defendemos isso. Como Anfavea vamos coordenar a forma de ação que for decidida pelas empresas”. E não é apenas nos corredores da Anfavea que a postergação tem defen- sores. Em evento virtual promovido pela AEA, Associação Brasileira de Engenha - ria Automotiva, Ricardo Abreu, consultor da Bright, a rmou que programas como Rota 2030, Proconve P8 e Renovabio “constituem a fundação para o cenário da mobilidade do futuro, baseada na sustentabilidade, mas o que está acon- tecendo agora com a covid-19 afetará os programas de forma que sejam re- escalonados. Não poderá ser perdido o que já cou estabelecido e o pouco que sobrar para se investir, em meio a tanta demanda por caixa, deve ser empregado no redesenho dos programas”. Como modi cação viável o consultor citou o direcionamento da matriz energé - tica no qual a indústria pretende concen - trar seus esforços de desenvolvimento no futuro: “Os principais nomes do setor precisam utilizar o tempo, agora, para se perguntar para onde devemos seguir: se será mirando os biocombustíveis ou a eletromobilidade. Tudo ainda é muito disperso”. Na mesma linha Marcos Clemente, do conselho diretor da AEA, propôs que sejam promovidas mudanças nos progra- mas setoriais, uma vez que “o momen - to é propício para que melhorias sejam feitas”, em sua consideração: “Nem tudo nos programas setoriais depende de in- vestimento, algo que deverá ser restrito na indústria por razões que já conhe - cemos. Concordo que a busca por um foco em termos de matriz energética é algo que poderia car mais claro na

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