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27 AutoData | Setembro 2023 Estados Unidos. O etanol para a produção de hidrogênio será fornecido pela Raízen, além da sua sócia Shell, que realizou investimento de R$ 50 milhões no projeto. “Com este projeto será possível produzir hidrogênio verde de baixo custo”, observa Júlio Meneghini, diretor científico do RCGI, Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa, da Escola Politécnica, local onde será construída a estação de abastecimento de hidrogênio. Segundo Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell Brasil, a intenção é endereçar novas alternativas de uso do biocombustível brasileiro nas principais rotas de descarbonização: “O objetivo deste projeto inovador é tentar demonstrar que o etanol pode ser vetor para hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente de distribuição de combustíveis. Sonhamos em ser líderes globais em hidrogênio verde proveniente do etanol. Podemos chegar a isso. A tecnologia poderá ajudar a descarbonizar setores que consomem energia de combustíveis fósseis”. O poder público, também parceiro e incentivador do projeto, esteve representado no evento pelo governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que comemorou a vanguarda do projeto e ainda questionou a viabilidade dos veículos sem emissão abastecidos só por eletricidade: “Será que o caminho para a indústria automotiva é elétrico puro? Talvez não. Verifiquem o peso das composições elétricas no caso dos ônibus e a exigência de carregamento para os veículos comerciais. Talvez não faça sentido termos esses veículos 100% elétricos. Por outro lado temos o etanol, o biometano e o hidrogênio verde. São alternativas que já estão prontas para descarbonizar a mobilidade”. POSTOS DE HIDROGÊNIO A intenção é, a partir deste projeto piloto, deixar o discurso de lado e acelerar a utilização da tecnologia em massa, o que seria possível com a instalação de reformadores em postos de combustíveis já existentes. Desta forma, em tese, qualquer ponto de abastecimento no País com uma bomba de etanol poderia se transformar em produtor de hidrogênio verde. Ricardo Mussa, presidente da Raízen, confirma que este processo poderá ganhar escala rápido, pois há todas as condições para utilizar o etanol já distribuído nacionalmente. O etanol é um eficiente transportador de hidrogênio. Para efeito de comparação, hoje, o deslocamento do biocombustível de cana ou milho do local de produção até o destino é feito por caminhões-tanque com capacidade para levar 45 mil litros, que armazenam em si o equivalente a aproximadamente 6 toneladas de hidrogênio. Este mesmo veículo conduzindo uma carga de hidrogênio comprimido conseguiria transportar apenas 1,5 tonelada do gás, ou seja, quatro vezes menos. Por isto a ideia do reformador instalado nos postos ganha sentido prático. Antes, porém, é preciso comprovar a viabilidade técnica do reformador de etanol para a equação da matriz energética justificar essa rota livre de emissões. Tarcísio de Freitas afirmou que o Estado de São Paulo tem todas as condições para sair na vanguarda da utilização do hidrogênio verde: “Basta a indústria automotiva definir seus investimentos em veículos que possam rodar com hidrogênio como combustível. Esses propulsores já estão desenvolvidos e sendo utilizados em outros países”. Scharfsinn/shutterstock

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