23 AutoData | Abril 2025 ração que levará à queda das exportações brasileiras. Por outro lado a nova geopolítica deve acelerar novos acordos comerciais, principalmente da União Europeia com o Brasil: “Mas temos de procurar outros países asiáticos. Nós assinamos acordo com Cingapura e vemos oportunidades com Vietnã e Indonésia”. O economista chefe da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Igor Rocha, avalia que o aumento das incertezas globais, se prolongado, poderá ter efeitos negativos sobre os investimentos financeiros e produtivos e desencadear desaceleração da economia estadunidense. Exceto se a inflação fugir do controle a redução da atividade econômica dos Estados Unidos deverá resultar na queda dos juros no país. Como efeito em cadeia haverá menor pressão sobre o endividamento público brasileiro e um alívio tanto para a inflação como para a política monetária, ajudando a segurar a escalada dos juros no Brasil. Outro reflexo é a queda nos preços das commodities, por causa do menor crescimento global, o que desencadeará, por um lado, a redução da inflação, mas de outro uma pressão negativa sobre o real, pois pode haver redução de entrada de dólares pela via das exportações, tanto pela retração de embarques como pela redução dos preços internacionais. Considerando especificamente a tensão que se dá de forma mais intensa dos Estados Unidos com a China, Rocha reconhece que, em um primeiro momento, poderá haver enxurrada de produtos chineses no Brasil. Porém há também a possibilidade de abertura de mercado a produtos industrializados brasileiros nos Estados Unidos, uma vez que, lá, as sobretaxações reduzem a presença dos chineses e de outros concorrentes de peso. NECESSIDADE DE LOCALIZAÇÃO Gastón Diaz Perez, presidente da Bosch América Latina, e Sérgio Kramer, diretor geral da unidade de negócios de veículos comerciais e fora-de-estrada do Grupo Mobility América do Sul da Eaton, concordaram que, embora ainda não seja possível calcular o impacto das mudanças abruptas nas tarifas para exportar aos Estados Unidos, a guerra comercial torna ainda mais importante a necessidade de localizar produtos. No caso da Eaton o processo de localização foi uma dupla saída, pois representa a união da engenharia nacional e nacionalização da produção: “Hoje a nossas importações vêm se reduzindo em função dos nossos investimentos em P&D. Conseguimos avançar muito na diminuição das nossas dependências de importados. Reduzimos drasticamente. Nossa base de exportação é maior do que a de importação”. Na Bosch a situação é parecida: a companhia também exporta mais do que imIgor Rocha, economistachefe da Fiesp Gastón Diaz Perez (direita), presidente da Bosch América Latina, e Sérgio Kramer, diretor de unidade da Eaton América do Sul
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