Mercado europeu cresceu 6,8% no ano passado

Enquanto o Brasil amargou em 2016 seu quarto ano seguido de vendas de veículos no mercado interno e tornou o semblante dos executivos ainda mais fechados, o mercado europeu trata de amenizar, em boa parte, as perdas nos balanços globais dos fabricantes de veículos. O número de licenciamentos nos 27 países que formam a União Europeia chegou a 14,6 milhões no ano passado crescimento de 6,8% sobre o ano anterior.

O desmepenho ganha ainda maior expressão quando se sabe que se trata do terceiro ano consecutiva de vendas ascendentes na região composta sobretudo pór mercado considerados maduros. O próprio setor, como aponta comunicado da da ACEA, a Associação dos Fabricantes de Veículos Europeus:

“Esta tendência positiva é um sinal de que, apesar da instabilidade política e da incerteza econômica após os principais acontecimentos em 2016, como o Brexit ou o referendo italiano, a confiança dos consumidores tem permanecido robusta.”

A entidade, prossegue texto, destaca outra boa notícia: as vendas crescentes não ficaram restritas a um ou outro mercado mais importante que desequilibram a conta: “O crescimento registrado ao longo do ano foi largamente sustentado em toda a região e em todos os principais mercados de automóveis de passageiros”.

Chama a anteção, em especial, os mercados italiano, que evoluiu, 15,8%, e espanhol, com variação positiva de10,9%. O primeiro superou 1,82 milhão de veículos, enquanto o segundo cravou 1,14 milhão.

Mas os maiores polos também mostraram fôlego suficientes que já colocariam um sorriso no rosto dos executivos que lidam com o mercado brasileiro. Na França, os emplamentos subiram 5,1%, totalizaram 2 milhões de unidades – bem pouco abixo das vendas no Brasil –, na Alemanha – o maior do bloco – a evolução foi de 4,5%, para 3,35 milhões, e no Reino Unido cresceram 2,3%, com 2,7 milhões de unidades licenciadas.

Somente em dezembro foram negociados 1,14 milhão de veículos na região, com crescimento de 3% sobre igual período do ano anterior. Trata-se do melhor desempenho já registrado para o mês.

Analistas avaliam que o ambiente econômico – com recuperação geral combinada, baixas inflações, juros menores, geração de emprego e ganho salariais – foi a principal mola a impulsionar os negócios no ano passado.

Vendas dos rodoviários Actros cresceram 145% em 2016

Se a Mercedes-Benz comemorou a liderança do mercado brasileiro de caminhões no ano passado, a empresa tem outro bom motivo para estourar um bom champanhe. Seu modelo rodoviário Actros mais do que dobrou suas vendas no período.

Ao longo de doze meses foram emplacadas exatas 784 unidades do caminhão pesado, um salto de nada menos 145% com relação ao desempenho do ano anterior, quando foram negociados 320 veículos.

Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, vai mais além e reassalta ainda a evolução dos negócios com toda a linha Actros:

“Considerando as linhas rodoviária e fora de estrada, aumentamos em mais de 75% as vendas no País no ano passado. Foram 903 unidades, frente às 514 unidades de 2015. Isso mostra que o Actros está efetivamente ganhando crescente aprovação dos nossos clientes”.

Até mesmo o novato Actros 2651 6×4, que fez sua estreia no mercado no ano passado, teve desempenho digno de nota, apesar da retração nas compras dos transportadores ligados ao agronegócio no período. Foram negociadas 260 unidades do modelo.

Com o ótimo desempenho da linha Actros, a Mercedes-Benz viu sua participação no segmento de extrapesados chegar a 22,9%, 1,4 ponto porcentual a mais do que registrara no ano anterior.

A Mercedes-Benz vendeu, no total de suas linhas e modelos, 14,9 mil caminhões no mercado interno no ano passado. Esse volume garantiu à empresa a liderança com 29,6% de participação.

Wabco fornecerá suspensão pneumática eletrônica para SUVs elétricos

A Wabco, fornecedora global de tecnologias e serviços que melhoram segurança, eficiência e conectividade de veículos comerciais, anunciou na terça-feira, 17, que assinou contrato, pela primeira vez, com uma das maiores fabricantes alemãs de automóveis para fornecimento de suspensão pneumática eletrônica Twin Compressor. A empresa não revela o nome da montadora, mas deverá equipar os utilitários esportivos elétricos de luxo do novo cliente em produção global a partir do fim de 2018.

De acordo com o anúncio, o novo contrato de fornecimento de longo prazo fortalece a posição de liderança da empresa como o único fornecedor de sistema de fornecimento de ar controlado eletronicamente para veículos elétricos de passageiros. A companhia destaca que o sistema rebaixa o carro em velocidades mais altas, o que reduz o arrasto aerodinâmico, além de permitir seu acionamento com o veículo estacionado para melhorar a recarga elétrica por indução, eliminando a necessidade de cabos.

Em nota a empresa diz que o Twin Compressor é um sistema compacto para o suprimento de ar, embora aumente em 40% a taxa do fluxo de ar e eleve a pressão em 15%. Destaca ainda que o sistema opera praticamente em silêncio, oferecendo mais conforto e tranquilidade aos passageiros.

“Os fabricantes de automóveis continuam enfatizando a eletrificação. Vemos tendência crescente no número de modelos de veículos elétricos em todo o mundo, que exige compressão de ar cada vez mais eficiente em altas pressões para preservar a energia”, disse em comunicado Philipp Helmich, vice-presidente de equipamentos originais da Wabco. “O novo Twin Compressor está no centro dos sistemas de suspensão pneumática do futuro para automóveis elétricos de luxo e utilitários esportivos.”

Europeia GeoPost adquire a JadLog

A novata JadLog, já uma das maiores operadoras logísticas do Brasil, tem novo dono. A empresa brasileira, com forte atuação em cargas expressas e comércio eletrônico, acaba de ser adquirida pela GeoPost, a segunda maior rede de distribuição de encomendas europeia.

O DPDgroup, braço interncional da GeoPost, adquiriu 60% do capital da JadLog, em transação anunciada na terça-feira, 17, em São Paulo

A GeoPost e o DPDgroup estão presentes em mais de quarenta países, mais da metade deles integrante da União Europeia. “É uma grande oportunidade para a GeoPost entrar no mercado brasileiro. A JadLog tem uma rede sólida em todo o País, serve empresas importantes e presta serviço de excelente qualidade”, disse Olivier Establet, CEO da filial da GeoPost em Portugal e novo presidente do Conselho de Administração da JadLog.

O executivo acredita que a associação permitirá que as duas empresas “expandam seus negócios em particular no campo do comércio eletrônico internacional, com clientes de vários continentes, e estabelecerá uma base para a GeoPost crescer no Brasil”. Em 2015, a GeoPost registrou receita global de € 5,7 bilhões.

“A parceria com a GeoPost aumentará nossa capacidade de investimento, ao mesmo tempo em que nos beneficiaremos da expertise e do modelo de gestão do grupo europeu”, complementou José Afonso Davo, CEO da Jadlog, empresa criada há pouco mais de onze anos.

Davo antecipa que novos serviços e processos já estão em gestação e serão oferecidos ao mercado nesta nova etapa da empresa, que dispõe de rede de 508 franquias em todo o País. Em 2016, faturou R$ 406 milhões com o transporte de mais de 7 milhões de encomendas. Nos últimos três anos a JadLog registrou crescimento médio da ordem de 12% ao ano.

Em decorrência dessa ascensão, inaugurou centro de distribuição de 40 mil m² na rodovia Anhanguera, em São Paulo. Sua frota terrestre conta com 240 caminhões e cerca de 3 mil utilitários.

Fenatran 2017 em contagem regressiva

Representantes da Reed Exhibitions Alcantara Machado, empresa organizadora de eventos, deu o pontapé inicial na terça-feira, 17, para o 21º Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas, a Fenatran 2017, a ser realizado de 16 a 20 de outubro próximo. Em apresentação para expositores e pessoal de associações do setor de alguma maneira envolvido com a exposição, já estão confirmadas quatro montadoras – DAF, MAN, Mercedes-Benz e Volvo -, além dos fabricantes de implementos rodoviários associados à Anfir, os que mais presença tiveram na mostra passada, de 2015.

A maior novidade para a edição deste ano, a exemplo do que ocorreu com o Salão do Automóvel do ano passado, é a mudança de endereço: sai do Pavilhão do Parque Anhembi e desembarca no São Paulo Expo. Também, de cara, a confirmação de maior número de montadoras participantes. No evento de 2015 somente DAF e Volvo marcaram presença. “Falta pouco para outras fabricantes de veículos confirmarem a participação”, adianta Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente comercial da Reed Exhibitons. “O cenário econômico do passado recente era diferente do que sinaliza agora. Estamos de olho na retomada em 2018.”

Para Antonio Megale, presidente da Anfavea e presente na apresentação de lançamento da feira, embora o setor de caminhão ainda inspire muita preocupação, com queda superior a 29% no mercado no ano passado e uma capacidade ociosa nas fabricantes acima de 70%, “a Fentran deste ano será a melhor de todos os tempos. Já vemos sinais de retomada e gradualmente, ao longo do ano. Espero que em outubro, quando a Fenatran estará de portas abertas, o ânimo seja outro.”

As projeções da Anfavea para o segmento de pesados, divulgadas no início do ano, é de que o mercado cresce 6,5%, as exportações 10% e a produção 26%, para 100 mil unidades de caminhões e ônibus.

Com o novo local de exposição, os organizadores esperam incrementar a feira com que eles chamaram de “iniciativas de maximizar o seu investimento.” Trata-se de um pacote de ações em ser alinhado com os expositores com o objetivo de alavancar negócios. No conjunto de medidas se encontram Club de Vip de Compradores, rodadas de negócio, organização de caravanas para trazer os profissionais do setor ao evento, avaliações práticas de produtos, além de palestras e workshops. “A Fenatran também pode ser uma alavanca do processo de retomada”, acredita o vice-presidente comercial da Reed Exhibitions.

As projeções da empresa organizadora para este ano é de que a Fenatran traga mais de 450 marcas expositoras, contra 320 presentes na feira passada, proporcione R$ 150 milhões disponíveis para investimento durante o evento, em 2015 contabilizou R$ 118 milhões, e receba mais de 60 mil visitantes, na edição trouxe em torno de 50 mil.

Novembro teve maior volume de recursos para CDC em onze meses

O mercado de crédito de veículos não pode reclamar de novembro. Ao contrário, o penúltimo mês de 2016, segundo levantamento da Anef, a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras, cravou o melhor resultado do ano para a carteira de CDC, Crédito Direto ao Consumidor.

Foram liberados no período R$ 7,3 bilhões, 10,4% acima dos recursos registrados no mês anterior e 6,2% superior quando comparado ao mesmo mês do ano passado. Novembro, assim, superou agosto em recursos liberados pelo CDC, até então o melhor mês do ano com recursos de R$ 7,2 bilhões.

Do total no mês, para as pessoas físicas foram destino de R$ 6,6 bilhões, mais de 90% dos recursos, correspondentes a uma alta de 10,4% em relação a outubro e de 7,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os financiamentos pelo CDC para as pessoas jurídicas ficaram R$ 717 milhões, 7,3% a mais do que em outubro e 6,5% superior ao liberado no mesmo mês de 2015.

Apesar desse desempenho, Gilson Carvalho, presidente da entidade, ainda lamenta: “O mercado ainda sente a ausência de consumidores que receiam a aquisição de bens de maior valor. Esse cuidado está refletindo na queda do endividamento”.

Ainda assim o executivo antecipa que os volumes liberados em dezembro – e que serão divulgados nas próximas semanas – deverão representar alguma recuperação na comparação mensal. “Mas ainda muito aquém dos anos anteriores, quando tínhamos um mercado forte”, pondera o presidente da Anef

Se o CDC mostrou desempenho superior em novembro, a carteira de leasing, que chegou a R$ 194 milhões no período, também teve expressiva alta de 32% na comparação com outubro. Em doze meses, porém, o recuo foi da ordem de 17,4%.

Novamente as pessoas físicas foram o grande mercado, com R$ 158 milhões, 41,1% a mais do que em outubro e 19,7% sobre o mesmo mês do ano anterior. Os outros R$ 36 milhões liberados para as pessoas jurídicas representaram crescimento de 5,9% na comparação com outubro e foram impressionantes 65% menores do que no mesmo mês de 2015.

Inadimplência – O índice de inadimplência ficou 4,7%, estável com relação a outubro. Mas em um ano essa taxa cresceu 0,6 ponto porcentual. Os inadimplentes somaram somente 3,9% no caso da carteira de leasing, 0,1 ponto porcentual a menos que em outubro e expressivos 2 pontos porcentuais na comparação com o mesmo período de 2015.

A taxa de inadimplência das pessoas jurídicas manteve os mesmos índices nas carteiras de CDC e leasing: 5,2% e 4,2% respectivamente. Em doze meses, no entanto, registraram alta de 0,4 no caso do CDC e 0,9 ponto porcentual no leasing.

Librelato busca parceiros no Peru, Colômbia e Angola

Após firmar aliança com a chilena Tremac para ampliar sua participação naquele mercado, a Librelato Implementos Rodoviários dá continuidade ao seu projeto de internacionalização e procura agora parceiros estratégicos no Peru, Colômbia e Angola, na África. A informação é de Rafael Bett, gerente de exportação da Librelato, ao destacar visão de longo prazo da empresa de olho na ampliação dos seus negócios no Exterior.

A fabricante de Santa Catarina exportou US$ 7 milhões no ano passado, resultado 20% superior ao de 2015 e o equivalente a 10% da sua receita líquida. “Agora em 2017 pretendemos repetir esse mesmo índice de crescimento com a conquista de novos mercados internacionais e o desenvolvimento de novas alianças externas”, comenta Bett.

Principal destino das exportações brasileiras de semirreboques, o Chile responde hoje por 30% do total exportado pela Librelato. Com a definição de um novo distribuidor para aquele mercado, a empresa pretende ampliar as vendas lá em pelo menos 10% este ano.

“De forma direta e indireta exportamos atualmente para mais de dez países”, informa o gerente de exportação. “Nossos principais parceiros são países com mais proximidade geográfica e cultural, ou seja, Paraguai, Bolívia, Uruguai e o próprio Chile. Mas estamos constantemente buscando novas alianças e hoje há negociações em andamento em países da América Latina e África, mais especificamente Peru, Colômbia e Angola.”

O CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, destaca que desde 2012, quando iniciou seu projeto de internacionalização, a empresa tem no departamento de exportação um dos seus pilares estratégicos. Sobre o acordo firmado com a Tremac, Sprícigo diz que com essa parceria “poderemos atender o mercado chileno de maneira mais ampla e com a qualidade que nos é característica”.

Além da aliança comercial estabelecida, a Librelato e a Tremac compartilharão informações técnicas para que tanto os transportadores chilenos quanto os brasileiros possam ter acesso às novas tecnologias das duas companhias. Desde 1969 atuando no mercado de transportes, a Librelato possui quatro unidades fabris em Santa Catarina, nas cidades de Içara (matriz), Criciúma e Orleans, onde fabrica coletores de lixo, por meio da Libremac.

Vendas na quinzena atingem 67,2 mil veículos

As vendas de veículos na primeira quinzena de janeiro – até sexta-feira, 13 – atingiram 67,2 mil unidades, volume que, segundo fontes do mercado, sinaliza um resultado próximo ou até mesmo um pouco superior ao do mesmo mês de 2016, quando foram emplacadas 155,3 mil. Se confirmada a previsão, a queda em relação a dezembro será na faixa de 22% a 24%, comportamento normal para este período de virada de ano.

Executivos ligados ao setor de distribuição apostam em um mercado este mês na faixa de 155 mil a 158 mil veículos, enquanto na indústria há quem acredite em resultado até um pouco melhor, na faixa de 160 mil a 165 mil. As vendas diretas continuam tendo peso importante no mercado brasileiro. Dos 67,2 mil veículos emplacados na primeira quinzena deste mês, 35,3 mil foram negociados com pessoas jurídicas, ou seja, uma participação de 52,8%.

Esse índice é bem acima do registrado no fim do ano passado, de 37%, podendo assim não sinalizar uma tendência, mas apenas um movimento atípico neste início de ano. Como disse o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., à Agência AutoData na semana passada, o aumento da participação das vendas diretas tem mais a ver com a desaceleração do varejo do que com um eventual aquecimento dos negócios com pessoas jurídicas.

Tanto é que houve queda nas vendas diretas de automóveis e comerciais leves em 2016, só que em porcentual bem menor do que o do varejo. Elas totalizaram 678,7 mil unidades, 4,8% a menos do que as 713 mil de 2015. O varejo, por sua vez, despencou 25,95%, baixando de 1,7 milhão para 1,3 milhão de unidades. No total o mercado absorveu 1 milhão 986 mil automóveis e comerciais leves, com queda de 19,8% sobre 2015.

Com relação às projeções para este ano a Fenabrave mostra-se mais pessimista do que a Anfavea. Enquanto a associação que representa as montadoras estima alta de 4% nas vendas de automóveis e comerciais leves, a federação dos concessionários acredita em crescimento de apenas 2,4%, algo em torno de 2 milhões 34 mil unidades.

O canto do cisne …

A expressão popular estampada no título deste artigo remonta à Antiguidade, mais precisamente ao filósofo Platão ao descrever os últimos instantes de vida de Sócrates. Mas ela se aplica com incômoda precisão ao que parece estar vivendo a Ford no Brasil, hoje apenas a sexta dentre as principais montadoras aqui operando e que foi a líder até a era do Geipot, depois, terceira por largo espaço de tempo até meados dos 90.

Parece mais que sugerir esse ocaso tristonho as notícias do recente Salão de Automóvel de Detroit, ao destacarem que o novo EcoSport, pequeno SUV urbano aqui gestado e lançado, será o veículo de entrada da marca nesse segmento de notável elasticidade no país do Norte. Lá, instrumentado em tecnologia e expressivas alterações de forma, das quais não será usufrutuária a versão brasileira, que continuará a ser como a atual, à exceção dos cosméticos de praxe.

Aqui no Brasil, tanto quanto por aí afora, a Ford continua fiel ao mais recôndito dos conceitos do seu fundador, que erigiu a simplicidade e a repetição exaustiva do seu modelo emblemático, o Ford T, apelidado “Thin Lizzy” ou simplesmente “O Carro”, quando não percebia que seu concorrente de fígado, a GM, pelo seu mais longevo e importante chairman, Alfred Sloan, definia como estratégia de produto e de presença no mercado a adequação de sua linha a “cada bolso e cada objetivo de uso”.

Se com essa diretiva existencial Henry Ford pretendia dar plena economicidade ao custo de produção, além de formidável acessibilidade à massa de consumidores que inaugurava a mobilidade automotiva, por outro lado se colocava refém de sua própria arrogância e descabida pretensão de que ao mercado caberia apenas e tão somente submeter-se ao que ele e sua marca determinavam como linha desejável de consumo.

A GM, que assumiu a liderança sobre a Ford no final dos anos 20 do século passado –para nunca mais perdê-la –, e mais recentemente os fabricantes japoneses fizeram a Ford amargar, mesmo nos Estados Unidos, posição caudatária em relação não apenas à GM, mas, também, à Toyota, cujo fundador foi a Detroit aprender como funcionava a produção em massa inaugurada exatamente pela Ford!

Como que a trazer para si sempre a pretensa vanguarda nas ideias pioneiras no terreno da chamada mobilidade, a Ford se apresenta como novo Colombo de mares desconhecidos, penetrando em modalidades novas que vão do aluguel de bicicletas ao chamado “car sharing” e ao empenho total nos ambientes do carro elétrico e do próprio carro autônomo – campos em que pretende lhe seja reconhecida a imagem imutável, desbravadora e singular, que lhe legou o fundador.

Mas, tudo isso – se se tornar uma realidade no futuro – será geograficamente limitado aos Estados Unidos e Europa e muito provavelmente à China e Índia. O Brasil – ora o Brasil! – continuará a ser apenas uma “cash cow” de pequenos e acomodados currais, onde a sua presença continuará a ser uma cansativa repetição de imobilismo ou, no máximo, de letárgico deslocamento.

O caso do EcoSport – se confirmado esse fado indicado pelas notícias, ou seja, de nenhuma alteração na esteira do que será o modelo americano – trás de volta, por um lado, a máxima do velho criador: “Meus clientes poderão ter um Ford em qualquer cor…desde que seja preto”, ou ainda a repetição, por razões quaisquer, do lamentável atraso, logo após o desmantelamento da Autolatina, do lançamento e assim mesmo desatualizado do seu pequeno vencedor na Europa, o Fiesta.

Enquanto isso, os italianos, que lhe tiraram quase 10 pontos de porcentagem em penetração nos anos 90, continuavam a nadar com largas e imbatíveis braçadas. A contemplativa e conformista posição da Ford diante de tudo isso poderia dar margem a um novo personagem de Fellini, calcado conceitualmente na sempre atual trama do “E La Nave Va…” do genial diretor.

Para deixar ainda mais atônitos aqueles que teimam em acreditar nos princípios da marca e na sua sustância competitiva para o futuro, especificamente no que diz respeito à sua afamada busca de eficiência produtiva e financeira, é de se perguntar em que capítulo de sua tradição se insere a recentíssima decisão de desistir da instalação de planta no México, a isso “forçada” pelo esquisito novo presidente americano, sr.Trump. Onde ?!

E, aqui no Brasil, haverá alguém por todos os títulos de representatividade oficial intitulado, quem pergunte por que a Ford, beneficiária do Inovar-Auto e outras “invenções”, trata o EcoSport gerado pela inteligência automotiva brasileira de forma tão descuidada e desatenciosa?!

Luiz Carlos Mello, consultor e ex-presidente da Ford Brasil

México: cifras recordes.

O mercado mexicano tanto em dezembro quanto o resultado ao longo de todo o ano passado alcançou níveis históricos de venda de veículos, de acordo com balanço da Amia, associação que reúne as fabricantes de veículos instaladas naquele país. No último mês de 2016, os consumidores mexicanos adquiriram 192.567 automóveis e comerciais leves, volume 19,9% superior ao registrado no mesmo mês de 2015.

No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, o mercado mexicano absorveu 1,6 milhão de veículos leves, crescimento de 18,6% sobre o mesmo período de 2015.
Segundo a Amia, as vendas internas no período foram compostas com 45% de veículos de fabricação nacional e o restante de importados.

Também a produção nacional alcançou seus melhores níveis. Em dezembro as fabricantes produziram 242.495 unidades, alta de 8,8% em comparação com as 222.941 unidades produzidas em dezembro de 2015. Ao longo de 2016 as fábricas de veículos instaladas no México somaram mais de 3,4 milhões de automóveis e comerciais leves, 2% a mais do que o volume produzido um ano antes.

Com a produção em alta, também as exportações registraram cifras recorde. Em dezembro embarcaram 216.645 veículos leves, expansão de 4,8% em relação a dezembro de 2015. NO acumulado do ano de janeiro a dezembro de 2016 as exportações somaram mais de 2,7 milhões de automóveis e comerciais leves, ligeiro crescimento de 0,3% na comparação com o mesmo período de 2015.

No ano passado, os veículos leves exportados pelo México tiveram os Estados Unidos como o principal destino, 77,1% do volume embarcado. Depois aparece o Canadá, com 8,9% de participação nos embarques, e a Alemanha, 2,9%.