O governo federal anunciou na sexta-feira, 29, uma série de medidas para tentar destravar as operações de crédito no País. O anúncio ocorreu após reunião plenária do CDES, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, também chamado informalmente de Conselhão, no Palácio do Planalto, em Brasília, DF.
Presentes ao encontro, representantes de Anfavea e Abimaq elogiaram a iniciativa que, pelos cálculos oficiais, poderá representar injeção de até R$ 83 bilhões na economia.
Ao Blog do Planalto Luiz Moan, presidente da Anfavea, considerou: “Esse é o momento da reabertura do diálogo. A mensagem de todos foi muito clara: todos pensando no Brasil, ninguém com a sua própria ideologia, ninguém com a sua própria ideia política. Não precisamos perder tempo, o diagnóstico já está feito. Todos nós sabemos que quem vai salvar esse País é a geração de emprego e renda”.
À Agência Brasil o dirigente da associação das montadoras acrescentou: “Não tenho dúvida que poderemos estabilizar sim a indústria especificamente, não só a automotiva, mas a indústria como um todo. Nossos investimentos estão aí, a capacidade produtiva está aí, o que nós precisamos é voltar a gerar confiança no consumidor brasileiro. Porque hoje o que paralisa o mercado interno é o medo de perder o emprego. Esse medo de perder o emprego está provocado pelas questões políticas que correram a economia brasileira”.
A Abimaq soltou nota à imprensa após a reunião, da qual participou pela primeira vez. Carlos Pastoriza, presidente do conselho de administração, avaliou que as medidas de incentivo ao crédito devem ajudar as empresas. “Acredito que teremos um pouco de fôlego e a economia poderá ser destravada. O aumento do crédito é fundamental para que consigamos ajudar a retomada do Brasil”.
Uma das principais medidas para o setor automotivo, mesmo que indiretamente, foi o anúncio de refinanciamento de dívidas tomadas com o BNDES em anos anteriores pelas linhas Finame e Finame PSI.
Para Pastoriza a medida “além de dar fôlego neste momento tão agudo da crise contribuirá para que as empresas estejam preparadas e equipadas para o momento em que houver a retomada da economia brasileira”. Para o governo a iniciativa ajudará a melhorar o caixa das empresas – serão liberados R$ 15 bilhões apenas para esta nova linha de crédito.
Já para Moan, mais uma vez à Agência Brasil, a iniciativa é positiva e “visa não prejudicar o investidor que acreditou no Brasil e ao tomar o financiamento para investimento encontrou uma recessão bastante severa”.
Outras medidas indiretamente relacionadas à atividade automotiva são linha do BNDES de R$ 5 bilhões para financiar capital de giro de micro, pequenas, médias e grandes empresas, além de outros R$ 4 bilhões de capital de giro específico para empresas exportadoras financiarem embarques. Além disso o Banco do Brasil ofertará R$ 10 bilhões para o pré-custeio da safra agrícola, o que pode auxiliar as vendas de máquinas agrícolas. Projetos de infraestrutura terão R$ 22 bilhões em recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS.
Na área de consumo o governo deverá autorizar uso de até 10% do saldo da conta do FGTS, além da multa do FGTS nas rescisões sem justa causa, como garantia nos empréstimos no crédito consignado. Pelos cálculos do Ministro da Fazenda, caso apenas 10% dos recursos existentes nas contas do FGTS forem usados pelos trabalhadores nesse tipo de empréstimo, R$ 17 bilhões entrarão na economia. Porém esta medida dependerá de aprovação do Congresso Nacional para entrar em vigor.
O Conselho conta com 47 empresários e 45 representantes da sociedade civil e centrais sindicais. Depois de um ano e meio sem reuniões foi reativado e sua agenda aponta ao todo quatro reuniões neste ano, sendo a próxima em abril.