Humberto Marchioni Spinetti, há pouco mais de três meses no comando da operação de Ônibus e Veículos de Defesa da Iveco para a América Latina, terá muitos desafios em 2015. O executivo, que já trabalhou em outras empresas do setor automotivo como Mercedes-Benz e Polaris, destaca o principal: consolidar a Iveco Bus para retomar o crescimento da divisão.
A marca, mais conhecida na Europa, foi oficialmente apresentada no País durante a Fetransrio, em novembro. O primeiro lançamento no mercado nacional foi o chassi 170S28 de 17 toneladas, segmento de maior representatividade com cerca de 60% nas vendas totais de ônibus.
Segundo Spinetti, o veículo foi desenvolvido tomando-se por base um modelo comercializado na Europa. “Todo o processo de desenvolvimento foi realizado no Brasil e o chassis passou por mais de seiscentos mil quilômetros de testes antes de seu início de comercialização aqui.”
Para tal a montadora desembolsou parte não revelada de investimento de € 1 bilhão, em ciclo encerrado no ano passado, incluindo adaptações na fábrica de Sete Lagoas, MG, onde o modelo é fabricado. Na ocasião da Fetransrio a Iveco afirmou que pretende alcançar participação de 5% do segmento de chassis de 17 toneladas em 2015.
Mas, de acordo com Spinetti, este é apenas o primeiro passo para consolidar a Iveco Bus por aqui. Além de abocanhar parte do mercado nacional o executivo tem como missão ampliar a atuação da companhia na América Latina: “Temos subsidiárias na região, mas a coordenação das operações é do Brasil e a meta é aumentar as exportações”.
A Iveco Bus terá seu primeiro ano cheio no Brasil depois de resultados no mínimo desafiadores em 2014. Segundo dados da Anfavea a companhia encerrou o ano passado com participação de mercado de 2,7%, depois de verificar queda expressiva nas vendas, de 53,6%, para 731 unidades. Enquanto isso o mercado total do segmento recuou 16,3%.
Segundo Spinetti a redução do volume de vendas pode ser atribuída à redução do volume do Programa Caminho da Escola. Em 2013 o governo federal comprou cerca de dez mil ônibus e em 2014 o número caiu para aproximadamente 3,5 mil unidades. “Grande parte dos nossos emplacamentos estava atrelado ao programa e, por uma questão de prazos, uma fatia das nossas entregas será realizada somente neste ano. Além disso o contexto econômico de incertezas colaborou para a queda.”
Pelas contas da companhia aproximadamente 1,2 mil unidades foram vendidas ao programa federal em 2014, mas nem todas foram emplacadas dentro do ano.
Segundo o executivo está nos planos buscar maior participação em outros segmentos, como turismo e transporte urbano de passageiros. “Queremos diminuir a relação de importância do Caminho da Escola nas vendas.” Ainda assim Spinetti acredita que em 2015 o programa deva representar fatia relevante do mercado, pois “o número de unidades compradas pelo governo deve fechar em um meio termo de 2013 e 2014”.
Sobre o tamanho do mercado projetado para 2015 ele acompanha o coro de executivos da maioria das montadoras: “Acredito em estabilidade ou um pequeno crescimento”.
Na avaliação do executivo as novas condições de financiamento do Finame PSI não vão impactar o segmento de chassis de ônibus de forma significativa: “Há demanda reprimida dos dois últimos anos e necessidade de renovação de frota estipulada por contratos. Muitos empresários estavam esperando os desdobramentos da economia para comprar. Agora, passada a eleição, acredito que este movimento deva acontecer”.
Em março a Truckvan inaugurará sua quarta fábrica no Brasil. A fabricante de implementos rodoviários investe mais de R$ 10 milhões na expansão de seus negócios, com a construção de uma nova unidade produtiva de 5,7 mil m2 em Guarulhos, SP, próxima ao Aeroporto Internacional de Cumbica.
