A batalha pelo posto de veículo mais vendido do Brasil em 2014 durou até o último instante: competindo carro a carro, venda a venda – seja no varejo ou direta –, Palio e Gol mantiveram suspense que durou até o fechamento dos resultados de todos os Detrans do País e que teve no Fiat o vencedor.
O mais justo, de fato, seria considerar o resultado como um empate técnico, vez que a diferença ficou abaixo de míseras quatrocentas unidades considerando a soma das vendas de todos os meses, de janeiro a dezembro – índice mais apertado da história recente.
Na frieza dos números, entretanto, é inquestionável a vitória do Palio, com 183 mil 748 emplacamentos ante 183 mil 367 do Gol, de acordo com índices preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. Os separaram, portanto, apenas 381 unidades, o que no universo da soma de licenciamentos dos dois modelos, 367 mil, representa impressionantes 0,1%.
O resultado final – que será oficial com a divulgação dos números da Fenabrave, que serão revelados na terça-feira, 6 – representa de forma perfeita como foi o ano passado no quesito modelos mais vendidos. O Gol iniciou o ano parecendo mais uma vez inabalável, mesmo com os emplacamentos das unidades da Geração 4, descontinuada no começo do ano pela exigência de air-bags e freios ABS, reduzindo-se mês a mês conforme o estoque das unidades produzidas até o fim de 2012 baixava na rede. Em fevereiro veio o Up!, substituto do G4, que poderia representar uma ameça interna, mas susto mesmo só em março, quando a Strada ponteou o ranking geral, puxada por vendas diretas. Mas em janeiro, fevereiro, abril e maio o Gol dava sinais de que 2014 seria mesmo seu vigésimo-oitavo ano consecutivo na liderança: sim, o VW dominava a lista desde 1986.
Entretanto o segundo semestre foi do Palio, sempre recordando que seus números somam as versões Fire – que se transformou no nacional mais barato do País com o fim do Mille e do próprio G4 – e novo Palio. O Fiat tomou a liderança mensal em junho e não perdeu mais até dezembro, recuperando a diferença mês a mês até assumir no acumulado do ano com o fechamento de novembro.
O Gol, entretanto, não entregou os pontos e no último mês do ano mostrou recuperação impressionante, em especial na segunda quinzena, vez que até o fim de novembro a diferença para o Palio já atingia 1,6 mil unidades e chegou ao ápice de 2,4 mil no dia 10 de dezembro, sempre considerando os números no acumulado. De lá para cá o VW na prática teve mais emplacamentos que o Palio – no dia 17, por exemplo a vantagem do Fiat já fora reduzida para 861 unidades –, mas não o suficiente para tirar a diferença.
Em dezembro, isoladamente, o Gol fechou com 24 mil 160 licenciamentos para 22 mil 964 do Palio. A média diária, assim, considerando-se vinte dias úteis, foi de 1 mil 208 do VW e de 1 mil 148 do Fiat: respeitando-se este ritmo, o Gol precisaria de mais sete dias úteis em dezembro para retomar a liderança.
A Ford, por meio de seu vice-presidente de assuntos corporativos para América do Sul, Rogelio Golfarb, recebeu com preocupação o resultado das vendas de veículos em janeiro. Segundo o executivo a queda de 18,8% na comparação anual, de acordo com dados da Fenabrave, foi “pior do que o previsto”.
Esta nossa Agência Autodata de Notícias e um tradicional jornal de São Paulo deram grande ênfase, semana passada, para o fato de que, neste janeiro, as vendas de veículos no Brasil registraram queda de aproximadamente 30% e 20%, respectivamente, com relação a dezembro e janeiro do ano passado em números redondos.
Enquanto as tesourarias e os departamentos de TI dos bancos trabalham para adequar seus sistemas às novas regras do PSI Finame algumas montadoras estão tomando iniciativas próprias para acelerar as vendas neste início de ano, que está se mostrando difícil para o segmento, assim como ocorreu em 2014 – ainda que por diferentes razões.
Filho de alemães e nascido no Brasil, o engenheiro de produção Frank Sowade, diretor de operações da Volkswagen Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, assume em 1º. de janeiro a presidência da SAE Brasil, no lugar de seu amigo Ricardo Reimer, presidente do Grupo Schaeffler – os dois estudaram no mesmo colégio quando jovens.