São Paulo – De janeiro a junho foram enviados ao Exterior 246 mil veículos produzidos no Brasil, volume 23% maior do que o embarcado no mesmo período em 2021, quando as exportações chegaram a 200 mil unidades. O desempenho mais do que dobra o resultado do acumulado de 2020, que contou com 119 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus e supera, também, o do primeiro semestre de 2019, em que 227 mil veículos tinham sido vendidos a outros países.
Quanto aos valores obtidos com as operações, que somaram US$ 4,9 bilhões no semestre, o incremento é ainda maior, com avanço de 33,7% com relação aos primeiros seis meses do ano passado, com US$ 3,6 bilhões. O valor também traz significativa melhora na comparação com o acumulado de 2020, quando foram obtidos US$ 2,1 bilhões, e com o mesmo período em 2019, com US$ 3,5 bilhões. Os dados foram divulgados pela Anfavea na sexta-feira, 8.
Junho favoreceu o comércio exterior das montadoras, pois foram embarcadas 47,3 mil unidades, expansão de 41,2% ante igual período em 2021, com 33,5 mil veículos. Com relação a maio, quando foram exportadas 46,1 mil unidades, a alta é de 2,7%. Foi resultante dessas vendas US$ 1 bilhão, cifra 68,1% superior à do sexto mês do ano passado, US$ 595 milhões, e 6% maior do que a de maio, US$ 943,9 milhões.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, celebrou o desempenho, atribuído aos crescimentos de mercados como Chile, Colômbia, Peru e Equador, e da manutenção da Argentina:
“O Chile apresentou importante avanço após a liberação, pelo governo, do uso de recursos das contas de Previdência para a compra de veículos. Apesar de todas as dificuldades com abastecimento e logística estamos conseguindo manter as exportações em níveis interessantes”.
Leite emendou, entretanto, que o maior desafio daqui para a frente será o de manter os porcentuais de participação conquistados nesses mercados e, então ampliá-los: “Não podemos perder o foco neste momento. Os investimentos realizados nas plantas brasileiras miram o mercado interno mas também o ganho de participação nas exportações”.
Até 2030 estão programados aportes que somam R$ 55 bilhões de catorze montadoras para modernizar fábricas e prepará-las para as novas tecnologias de propulsão, como híbridos, elétricos e a gás, e de motorização, atendendo à mudança na legislação de emissões para o Euro 6 a partir do ano que vem.
Com relação à Argentina, que recentemente tem lidado com adversidades como a restrição do uso de dólares para o pagamento de produtos importados, a fim de frear a crescente fuga da moeda forte, Leite afirmou que ainda não foram notadas alterações, mas que é preciso ficar alerta para que não haja impactos consideráveis.
“Tudo é muito recente e estamos analisando o fluxo de pagamentos. Há grande complementariedade das fábricas brasileiras com as argentinas, e, inicialmente, o plano para 2022 era exportar 1 milhão de unidades para o país vizinho. Ambos têm demonstrado aumento de demanda, estamos de olho nessa questão.”