São Paulo – Ao todo vinte fábricas precisaram, em algum momento, paralisar a produção de veículos durante o primeiro semestre por causa da falta de algum componente, boa parte culpa da escassez global de semicondutores. Segundo levantamento da Anfavea, divulgado na sexta-feira, 8, elas somaram 357 dias de inatividade, o que refletiu no desempenho da indústria nos primeiros seis meses do ano: queda de 5% na produção, com 1 milhão 92 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus fabricados.
A boa notícia é que nos últimos dois meses a situação reverteu, com crescimento na comparação com iguais meses de 2021. Em junho foram 203,6 mil veículos entregues pelas montadoras, crescimento de 21,5% sobre o mesmo mês do ano passado e leve recuo de 1,1% na comparação com maio, justificado pela menor quantidade de dias úteis.
“Temos cinco fábricas paradas atualmente”, disse o presidente Márcio de Lima Leite. “No mês passado a média de dias parados já foi menor: dezoito, ante vinte dias da média do ano. São diversos os fatores que impactam a produção, dos semicondutores a outros insumos, agravado devido ao lockdown na China e a situação do porto de Xangai.”
A Anfavea espera um segundo semestre melhor do que o primeiro e até do que o segundo do ano passado. Nos próximos seis meses a indústria deverá produzir cerca de 1 milhão 250 mil unidades para alcançar as novas projeções, revisadas para baixo, da entidade, ampliando a média mensal de 182 mil veículos para 208 mil veículos.
“Agosto é um mês chave: é um mês sem feriados no Brasil e com férias de verão na Europa e Estados Unidos, o que pode garantir maior disponibilidade de semicondutores.”
Leite destacou, também, a geração de empregos que, nas suas contas, somados diretos e indiretos de fabricantes de veículos e máquinas agrícolas, chegou a 27 mil postos de trabalho. Os dados oficiais da Anfavea, que abrangem apenas as vagas diretas geradas por fabricantes de veículos, indicam 1,4 mil contratações desde o início do ano.