São Paulo – Apesar dos maus bocados pelos quais passou a indústria de ônibus ao longo da pandemia, tanto pela queda na demanda quanto pela falta de semicondutores, o setor mais afetado pelos desdobramentos do coronavírus conseguiu retomar sua produção e se aproximar, inclusive, de números anteriores à covid. As vendas, entretanto, ainda estão abaixo do ano passado.
De janeiro a julho, de acordo com dados da Anfavea divulgados na sexta-feira, 5, foram produzidos 16,5 mil ônibus, incremento de 38,8% em relação ao mesmo período em 2021, que contou com 11,9 mil unidades. O volume também supera o de 2020, com 10,6 mil veículos e encosta no de 2019, com 16,7 mil ônibus.
Em julho saíram das linhas de produção 3,1 mil unidades, pouco mais do que o dobro do mesmo mês no ano passado, com 1,5 mil veículos, e 4,6% mais do que em junho, 3 mil.
As vendas, contudo, ainda não refletem esse otimismo. No acumulado do ano foram licenciados 8,6 mil ônibus, leve recuo de 2,9% ante igual período de 2021, com 8,8 mil unidades. Embora a comercialização de 0 KM tenha superado janeiro a junho de 2020, que contou com 7,2 mil veículos, ainda está bem abaixo de 2019, com 11,4 mil.
No mês passado foram emplacados 1,2 mil ônibus e a queda porcentual chegou a 11,5% na comparação com junho, que comercializou 1,4 mil veículos. Frente a julho do ano passado houve diminuição de 2,1% nas vendas, com 1,3 mil unidades.
A maior parte da demanda de ônibus novos em julho proveio do programa do governo federal Caminho da Escola, com 31% das compras, seguido do segmento urbano, com 29%. Na sequência aparecem micro-ônibus com 17%, rodoviário com 12%, fretamento com 7% e mini-ônibus com 4%.
Segundo Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, como as montadoras associadas fabricam chassis de ônibus leva-se um tempo até que as encarroçadoras finalizem o veículo e os ofereçam ao mercado, o que pode levar de dois a quatro meses, em média, e justificar o descompasso de produção com vendas.
“Os ônibus que foram comercializados no ano passado tiveram seus chassis produzidos no início do ano, quando a indústria ainda estava com maior dificuldade de obter componentes. A expectativa é que nos próximos meses esses números sejam equiparados, pois, com maior disponibilidade de chassis os emplacamentos também apresentarão significativo crescimento.”
Bonini citou que as dificuldades econômicas na Argentina atrapalham as exportações de pesados, que recuaram em 1,7 mil unidades de janeiro a julho, incluídos caminhões e ônibus, ou 32%, na comparação com os sete primeiros meses do ano passado.
“Se por um lado vemos uma maior demanda por parte das empresas que atuam nos segmentos de turismo por outro as companhias de ônibus urbanos obedecem a distintos cronogramas de licitação em cada país, e as datas têm mudado, inclusive, de um ano para outro, o que explica essa diferença dos embarques nesse mesmo período.”