São Paulo – Para Marina Willisch, vice-presidente da General Motors na América do Sul, a vocação do Brasil é de veículos 100% elétricos. Ela descartou, durante o 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotivo, realizado desde o dia 15 de forma online pela AutoData Editora, opções transitórias, como veículos híbridos e híbridos plug-in. Segundo a executiva o País tem tudo para se tornar hub exportador de carros movidos a bateria.
A executiva disparou que o Brasil e o continente possuem papel fundamental na disrupção do setor automotivo e da transformação da mobilidade rumo à eletrificação. “A GM acredita que o Brasil e a América do Sul têm potencial enorme de tornarem-se atores importantes no futuro da mobilidade elétrica. Apostamos que o País pode ser polo de produção, exportação e desenvolvimento tanto de produtos como de tecnologias da eletrificação.”
Willisch citou como motivos que reforçam essa visão da GM o mercado consumidor desenvolvido e ávido por tecnologia e inovação e a detenção das maiores reservas minerais na América do Sul, de lítio, manganês, níquel, nióbio e grafite:
“Sabemos que mais de 50% do custo dos veículos elétricos se deve às baterias. A mobilidade elétrica do mundo vai depender dos nossos minerais, então por que não transformar essa exportação de commodity em um grande negócio? Gerar e agregar valor. Deixar de ser o Brasil colônia e se transformar em um grande exportador de veículos elétricos.”
Marina Willisch
A vice-presidente da GM também citou que o fato de 84% da matriz energética brasileira ser de origem renovável só reforça a vocação do País para ter produtos com zero emissões. Além de possuir parque industrial desenvolvido e moderno, com a presença de quase todas as montadoras e cadeia de fornecedores globais e especializada, e engenheiros capacitados que hoje são exportados e futuramente podem ser retidos na região.
Ela destacou que até hoje o setor realizou muitos investimentos em eficiência energética e conectividade para que até o fim desta década, início da próxima, haja muitos carros 100% elétricos, compartilhados e autônomos, e que a jornada do futuro da eletrificação se torne completa. “A mobilidade elétrica já é uma realidade.”
Para Willisch o próximo passo é unir esforços e organizar todos os atores do mercado, que são consumidores, fornecedores e indústria, enxergar o potencial conjunto da eletromobilidade, assim como identificar as dificuldades e traçar o plano para fortalecer o setor:
“É fundamental também contar com os governos para que, junto com a indústria e a sociedade, sejam estabelecidas políticas públicas que fomentem a adoção dessa tecnologia limpa, que será a grande responsável para inserir o Brasil na mobilidade do futuro”.
Segundo a executiva, somando as seis plantas no Brasil com as fábricas da Argentina, Colômbia e Equador, a capacidade produtiva da GM é, atualmente, de 700 mil unidades por ano na região.
Tecnologia inclusiva – A GM anunciou US$ 35 bilhões para lançar trinta modelos elétricos nos próximos cinco anos: “O objetivo é ter maior número de produtos para todos os gostos e bolsos, a fim de que a eletromobilidade não seja um privilégio de poucos, de nicho, mas que seja uma tecnologia inclusiva e que todo mundo possa andar no seu veículo elétrico”.
A parceria global com a Honda é parte importante no processo para atingir essa meta, a fim de unir esforços para desenvolver baterias, aumentar a escala e desenvolver produtos. A partir de setembro o Chevrolet Bolt EV desembarca dos Estados Unidos às concessionárias do País, mas o preço ainda não foi divulgado.
“Quem já experimentou um veículo elétrico não volta mais para um à combustão. E quem define como vai ser a matriz da mobilidade de um país não é a montadora, mas o consumidor.”
Willisch elencou como benefícios zero ruído, zero trepidação, maior potência, pelo fato de alcançar aceleração de zero a cem em até cinco segundos, ser mais seguro e ter custo de manutenção menor, sem vazamentos nem uso de fluidos.
A executiva comparou o gasto para abastecer, ao citar que a recarga de eletricidade custa até cinco vezes menos do que o abastecimento com etanol ou gasolina. A autonomia dos carros da GM, segundo ela, é de 450 km em média, então considerando que se roda 40 km por dia, defendeu que a recarga será feita uma vez a cada 15 dias e com a tomada de casa.
“Não tem por que atrasar esse processo, passando pelo híbrido, híbrido plug-in e só depois para o elétrico. Não temos de nos tornar uma ilha. Sabemos que é possível ir direto para o elétrico e o Brasil não pode ficar para trás.”