Foram emplacados 2 milhões 104 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus
São Paulo – O mercado brasileiro de veículos encerrou o ano passado com a venda de 2 milhões 104 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume que praticamente empata com o desempenho obtido em 2021, quando foram comercializadas 2 milhões 120 mil unidades. As 16 mil unidades a menos representam queda de 0,7%.
Embora a meta do setor fosse chegar aos 2 milhões 140 mil veículos, o que resultaria em alta de 1%, após revisão na projeção da Anfavea realizada em julho do ano passado, o desempenho está dentro do esperado e é visto com bons olhos pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Segundo ele é cristalino o fato de que, não fosse a dificuldade no fornecimento de semicondutores, principalmente nos primeiros meses do ano, a produção teria sido maior e, consequentemente, as vendas também.
Tanto que em levantamento global apresentado pela entidade apenas dois países, China e Alemanha, ampliaram seus emplacamentos em 2022, em 1,7% e 1,1%, respectivamente. Os demais avaliados tiveram baixas ainda maiores, como Estados Unidos, com queda de 7,6% e Itália, de 9,6%.
Leite citou que dezembro, como ocorre tradicionalmente, trouxe incremento das vendas, com 216,9 mil unidades, alta de 6,3% ante novembro, com 204 mil veículos, e de 4,8% frente o mesmo mês de 2021, com 207,1 mil unidades.
O dirigente ponderou, entretanto, que dois fatores puxaram para baixo a comercialização: a Copa do Mundo e o não funcionamento do Detran em alguns Estados no fim do ano.
“Isso acabou prejudicando bastante os números de dezembro porque emplacamentos deixaram de ser feitos e os últimos dias do ano, principalmente o dia 31, não foram computados.”
De forma geral, porém, Leite apontou que no segundo semestre, quando foram contabilizados 1 milhão 187 mil licenciamentos, houve crescimento de 13,5% com relação ao mesmo período de 2021 e, em comparação ao primeiro semestre, quando foram vendidas 918 mil unidades, o avanço foi de 29%.
“Apesar da reação na segunda metade do ano o Brasil nunca esteve em um patamar tão baixo. Desde 2020 estamos na casa de 2 milhões de unidades. E estamos falando de um mercado que já contabilizou 3,8 mil veículos em 2013, período em que, diante dos investimentos das montadoras, todos os estudos apontavam para potencial de 4,5 milhões a 5 milhões de unidades. Precisamos romper com esse patamar e voltar, pelo menos, aos 3 milhões de veículos, o que é possível com a relevante capacidade ociosa das 57 fábricas do Brasil e da pujante cadeia de autopeças.”
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea
O presidente da Anfavea atribuiu parte da responsabilidade deste desempenho também à escassa oferta de crédito, o que refletiu em 75% das vendas no ano passado pagas à vista, majoritariamente efetuadas por locadoras e frotistas, e somente 25% parceladas:
“Sem crédito não há mercado. Para romper com vigor o patamar de 2 milhões de unidades é preciso repensar o acesso ao financiamento e retomar as vendas a prazo. Antes da pandemia essa equação era o inverso, pois 70% das compras eram parceladas. Hoje com juros anuais em torno de 30% em três anos o consumidor já terá desembolsado custo de quase 100% sobre o valor base do produto”.