Brasil também é referência como centro de pesquisa e desenvolvimento de máquinas agrícolas e de construção
São Paulo – O sonho de todas as montadoras instaladas no País, das fabricantes de veículos leves e de comerciais leves e pesados até as de máquinas pesadas, é tornar sua operação no Brasil relevante base exportadora para além da América Latina, explorando mercados em todo o mundo. Este é um propósito defendido até pela Anfavea, que trabalha junto aos entraves burocráticos e logísticos que muitas vezes impedem o aproveitamento da magnífica capacidade produtiva instalada no País, que hoje está em torno de quase 4 milhões de veículos e 125 mil máquinas por ano, com 57 unidades fabris em operação.
Muitas empresas sonham e se preparam para este momento mas algumas já tornaram realidade os negócios com outros países e desenvolvem soluções aqui para clientes fora do Brasil. É caso da CNH Industrial, que possui algumas marcas internacionais de máquinas agrícolas e rodoviárias, e da AGCO, que também produz máquinas no Brasil para a exportação.
A CNH Industrial localizou no Brasil toda a sua produção de motoniveladoras, na fábrica de Contagem, próxima de Belo Horizonte, MG, decisão tomada por causa da representatividade deste segmento no País, que ainda dispõe de muitas áreas de trabalho que demandam este tipo de equipamento, caso da construção de novas estradas e da expansão do segmento agrícola. Thiago Wrubleski, diretor de planejamento comercial da companhia, enunciou alguns outros fatores que motivaram a localização:
“Temos um bom índice de conteúdo local para produção de motoniveladoras e isto isso nos motivou a especializar a produção. Também somos responsáveis pelo desenvolvimento global deste tipo de máquina. A decisão aconteceu há mais de uma década, não é de hoje, e atendemos a todas as demandas globais destes equipamentos a partir do Brasil”.
A AGCO também fez do Brasil um centro importante de pesquisa e desenvolvimento de novas máquinas, caso das suas plantadeiras, que são todas desenvolvidas localmente e exportadas para atender demandas globais. Rodrigo Junqueira, gerente geral da AGCO, citou como exemplo a plantadeira Momentum, desenvolvida e produzida no Brasil, com exportação para diversos continentes:
“A AGCO trabalha para ter alguns polos de engenharia pelo mundo e o Brasil é um dos principais, com grande participação da engenharia local nos seus planos globais. A nossa é uma região que trabalha com portfólio completo, desde o plantio até a colheita: temos, então, a competência para atender a diversas regiões do mundo”.
Com suas marcas New Holland Agriculture e Case IH focadas no agronegócio a CNH Industrial também faz do Brasil uma base exportadora, sendo que a unidade de Piracicaba, SP, é o seu centro de desenvolvimento para novas colhedoras de cana-de-açúcar. Este equipamento tem sua produção toda concentrada no Brasil, abastecendo o restante do mundo com volumes relevantes, disse Wrubleski.
Ao produzir quase todos os equipamentos do seu portfólio no Brasil de 85% a 90% de tudo o que é vendido na América Latina pela CNH Industrial é feito no País e na Argentina, sendo que existem exportações para outros mercados como China e Estados Unidos.
No caso da AGCO o abastecimento da América do Sul, Central e México também é realizado com a maior parte das máquinas produzidas no Brasil, enquanto uma pequena parte desse volume chega de outras regiões, caso de tratores muito grandes. A operação nacional da AGCO também exporta as marcas Fendt, Massey Ferguson e Valtra para alguns outros mercados ao redor do mundo.
Balanço
O alto volume de máquinas que o agronegócio, a infraestrutura, a construção civil e outros segmentos demandam anualmente fazem do Brasil um dos mercados mais relevantes para as empresas fabricantes, que aproveitaram as oportunidades para aumentar o portfólio local. Em 2022 o setor registrou resultado extraordinário, de acordo com a Anfavea.
As máquinas amarelas somaram 37,8 mil vendas em 2022, crescimento de 29,2% sobre 2021, e os equipamentos agrícolas chegaram a 67,4 mil, volume 19,4% superior ao do ano anterior. Somados os dois segmentos o mercado interno de máquinas foi de 105,2 mil unidades.
Nas exportações as máquinas rodoviárias somaram 11,9 mil unidades, expansão de 17,6% ante 2022, e as agrícolas registraram 10,6 mil unidades, volume 7,6% superior ao de 2021. Somando os dois segmentos o Brasil exportou 22,5 mil máquinas no ano passado.