O retorno do irlandês Lyle Watters ao Brasil para comandar a subsidiária sul-americana da Ford tem uma missão clara e prioritária: reduzir rapidamente as perdas que a montadora acumulou no País, especialmente nos últimos dois anos. Com carreira na área financeira – foi diretor-financeiro da Ford Brasil de 2008 a 2011 e vinha atuando na Europa como CFO e principal responsável pelos estudos de posicionamento e desenvolvimento estratégico da montadora–, o executivo já vislumbra um prazo para o retorno das contas ao azul.
“Não é segredo para ninguém que temos trabalhado com resultados negativos no Brasil. Precisamos saber lidar com esta realidade e reduzir rapidamente estas perdas para, se possível, revertermos esta situação já em 2017”, afirmou, completando que, segundo seu planejamento, 2018 será o ano em que a montadora estará certamente operando do lado positivo do balanço.
Watters deu sua primeira entrevista à imprensa durante o lançamento da nova linha Fusion 2017, na terça-feira, 20, em Salvador, BA. Na conversa com os jornalistas o novo presidente da Ford América do Sul elencou cinco atividades estratégicas que deverão ser rapidamente adotadas ou intensificadas na região para que o objetivo seja alcançado.
São elas: fortalecer ainda mais a marca junto ao mercado; manter o foco no cliente, inclusive com o lançamento de novos produtos ao longo dos próximos anos; introduzir política que possibilite levar os custos locais de produção a um nível de maior eficiência e competitividade; trabalhar com maior equilíbrio entre demanda e oferta, tanto pelo lado da montadora como dos fornecedores, de forma a otimizar a produção e equalizar os estoques; e, finalmente, ter permanente atenção aos sinais advindos do mercado que permitirão uma maior integração com os benefícios gerados pelos recursos globais da montadora.
Com relação às perspectivas de curto prazo do mercado brasileiro, Watters ponderou que retornou ao Brasil há apenas cinco semanas. Enfatizou, porém, que já existem vários sinais que possibilitam acreditar que a pior fase da atual crise pode estar começando a ficar para trás, segundo apurou em suas primeiras conversas com os executivos brasileiros da empresa.
“Estamos começando a perceber alguns sinais de virada, mas não podemos esquecer que vivemos talvez a pior crise econômica que este País já viu deste a grande depressão”, ponderou.
O novo presidente da Ford América do Sul informou que a companhia trabalha com previsão de que o mercado brasileiro deverá chegar a 2,1 milhão de veículos em 2016 e deverá iniciar um processo de recuperação constante já a partir do próximo ano. “Acreditamos em um mercado de 2,2 milhões de unidades em 2017 e de 2,6 milhões em 2018”.