O presidente da General Motors América do Sul, Barry Engle, avalia que o fundo do poço já chegou. “Estamos chegando mais perto de uma recuperação das vendas. A GM acredita em um mercado de 2 milhões 150 mil unidades este ano e de 2,4 milhões em 2017, o que representará crescimento de 12%.”
Engle divulgou os números durante palestra que proferiu na abertura do 26º Congresso Fenabrave, na segunda-feira, 16. Se confirmadas tais projeções a recuperação das vendas este ano será superior à prevista pela Anfavea, que mantém projeção de um mercado interno em torno de 2 milhões 80 mil veículos. Ele foi o primeiro executivo do setor a falar em um volume superior ao das projeções da Anfavea para este ano e também o primeiro a arriscar palpites para o ano que vem.
Segundo o presidente da GM América do Sul, as vendas vêm subindo mês a mês e a expectativa é que a recuperação se dê de forma lenta e gradual: “No caso da GM, estamos vislumbrando um mercado de 3,4 milhões de unidades daqui cinco anos e de 4,2 milhões num período de dez anos. É possível atingir esses números antes? É possível sim. Mas ao sair desta crise a indústria não pode esquecer da volatilidade do nosso mercado e, desta forma, tem de partir para planejamentos mais racionais”.
Com essa análise Engle reconheceu que a indústria automotiva brasileira superestimou o mercado ao investir pesadamente em aumento de capacidade num momento de aquecimento excessivo do mercado. “Investimos demais e agora temos ociosidade tanto nas indústrias como nas redes de concessionários. Além disso, para crescer importamos peças ao invés de produzi-las aqui e agora temos fornecedores quebrados.”
Avaliação – O presidente da GM América do Sul iniciou sua palestra fazendo uma análise da economia brasileira ao longo dos últimos anos, lembrando que o País cresceu por mais de uma década, época em que desfrutava de um período de paz entre a política e a economia. “Agora vivemos outro momento e tenho muito orgulho do Brasil, do que está acontecendo. As instituições estão se fortalecendo e há respeito aos princípios democráticos.”
Engle disse acreditar que o Brasil será mais seguro e mais forte ao término desta crise. E avalia que já há indicadores positivos na econômica, como a volta dos investidores ao País: “A Bovespa cresceu mais de 50% deste o início do ano e o real se fortaleceu. Lamentavelmente o consumidor ainda está cauteloso, mas estamos chegando cada vez mais perto de uma recuperação das vendas. Há uma correlação forte entre volumes da indústria e câmbio. Quando a moeda é forte a indústria é forte”.
Executivo do setor automotivo há anos, alguns dos quais passados em marcas concorrentes, Engle também teve experiência como concessionário durante três anos de sua vida profissional. Por isso abordou em sua palestra no Congresso Fenabrave o tema O que aprendi vestindo os seus sapatos. Dentre as dicas que deu aos concessionários presentes ao evento que acontece no Pavilhão Verde do Expo Center Norte, em São Paulo, nesta segunda-feira, 16, e na terça, 17, destaque para a necessidade de reduzir custos e aumentar receita. “Todo mundo esta fazendo isso mas sempre é possível fazer mais”. Também falou da importância de os concessionários darem maior atenção à internet, principalmente a móvel, que é hoje a principal base de consulta dos consumidores. “A resposta tem de ser dada em uma hora. É provado que quanto maior a satisfação do cliente maior a rentabilidade da empresa”.