A Mercedes-Benz comunicou oficialmente que dispensará a 1870 trabalhadores de sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP. A empresa argumenta que a continuidade da retração do mercado interno nos últimos quatro anos forçou a decisão. Em junho e julho 630 trabalhadores aderiram ao Programa de Demissão Voluntária da empresa, o que contribuiu para o menor número de dispensas anunciado ao sindicato na terça-feira, 2.
“Nesse momento, diante de um cenário que tem se agravado cada vez mais, não temos outra alternativa a não ser a redução do quadro de pessoal dessa fábrica. A Mercedes-Benz continua em negociação junto ao Sindicato dos Trabalhadores para discutir o tema”, afirmou a montadora em nota oficial. A reação dos trabalhadores foi imediata. Em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira,04, decidiram paralisar as atividades por um dia como forma de protesto.
“Procuramos a empresa logo após tomarmos conhecimento do comunicado e tentamos apresentar medidas alternativas. Sabemos que há queda na produção, mas acreditamos que existam outras formas de atravessar este período, como a renovação do PPE, lay-off ou outros instrumentos que preservem empregos”, afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira.
O dirigente disse também que o sindicato está disposto a dicutir a adoção de alguns elementos similares aos do acordo aprovado na Volkswagen nesta semana. “A fábrica, no entanto, não está aceitando essas alternativas, pois alega estar carregando o excedente de mão de obra há muito tempo. Não podemos aceitar essa decisão. Vamos insistir na busca de soluções”.
As dispensas serão possíveis somente a partir de setembro, já que os trabalhadores contam com a estabilidade prevista pelo PPE encerrado em maio. A montadora, que dispõe de cerca de 9,8 mil funcionários, afirma ter 1,4 mil funcionários em licença remunerada desde fevereiro. “Ainda assim”, afirma, “a fábrica continua operando com um dia a menos na semana com a concessão de folga remunerada para os demais funcionários das áreas produtivas”.
A montadora recorda ue, desde 2014, adota diversas medidas de flexibilidade e gestão de mão de obra para gerenciar o excedente de mais de 2,5 mil pessoas na fábrica de São Bernardo do Campo. “Além do PPE, com estabilidade de emprego por um ano na unidade, também oferecemos diversos PDVs” e “ programas com bons incentivos para desligamentos voluntários”.
Os trabalhadores devem retornar ao trabalho nesta sexta-feira. O sindicalista, contudo, que “o processo de mobilização continuará até que a empresa aceite iniciar uma negociação na busca de alternativas que preservem o emprego”.
