Saldo da carteira de financiamentos cai 13,9% em janeiro

O saldo da carteira de financiamento de veículos voltou a apresentar retração em janeiro, tanto com relação ao mês anterior quanto ao resultado de um ano atrás. De acordo com dados da Anef, associação que representa os bancos de montadoras, a soma dos saldos de CDC e leasing chegou a R$ 181,5 bilhões, recuo de 1% na comparação mensal e de 13,9% na anual.

A liberação de recursos apresentou queda ainda maior: os R$ 6,2 bilhões de janeiro representam baixa de 28,4% com relação ao mesmo mês do ano passado, quando os bancos liberaram R$ 8,8 bilhões em novos financiamentos.

“O cenário conturbado da economia segue afetando fortemente a concessão de crédito para o setor automotivo”, afirmou a Anef, em comunicado. “Na visão da entidade não é possível projetar retomada da economia nacional até que o desemprego estabilize e o mercado volte a ter poder de compra”.

Os atrasos nos pagamentos superiores a noventa dias na carteira de CDC subiu 0,7 ponto porcentual, para 4,2% em pessoas físicas, enquanto para pessoa jurídica chegou a 5%, também avanço de 0,7 ponto porcentual – ambos em doze meses. “A associação reconhece que a inadimplência decorre diretamente da perda de renda familiar e redução de volume de negócios para as empresas, ambos agravados nos últimos meses”.

O prazo médio dos financiamentos permaneceu 42 meses, mesmo índice registrado de 2013 a 2015. Os planos máximos também não sofreram alteração e seguem sendo de 60 meses.

Já as taxas praticadas pelos bancos de montadoras continuam mais atraentes: em janeiro a média foi de 1,8% ao mês, ou 23,8% ao ano, enquanto os bancos independentes ficaram em 2% ao mês e 27,5% ao ano para pessoas físicas.

Fiat, Ford e Hyundai-Caoa ajustam a produção de suas fábricas

Fiat, Ford e Hyundai-Caoa, cada uma à sua maneira, lançaram novos mecanismos para ajustar a produção de suas fábricas à atual realidade de mercado. São as velhas ferramentas conhecidas da indústria, mas ainda indispensáveis para atravessar esse período de demanda mais baixa: adesão ao PPE, lay offs e licenças remuneradas.

Em Betim, MG, a unidade da Fiat terá uma parada técnica de cinco dias – 18, 21, 22, 23 e 24 de março – em três das quatro linhas de produção, onde os trabalhadores ganharão licença. “No período apenas uma linha de produção manterá a operação”, afirmou a companhia em nota. “O objetivo é ajustar a produção à demanda de mercado”.

A Ford suspendeu o contrato de trabalho de cerca de novecentos trabalhadores da fábrica de Camaçari, BA. O lay off começou na segunda-feira, 14, e durará cinco meses, com possibilidade de extensão por igual período. Segundo a companhia, a decisão foi tomada após o fim do prazo de adesão a um PDV – que, nas contas do sindicato dos metalúrgicos local, contou com 440 adesões.

“A Ford está utilizando todas as ferramentas possíveis para tratar do excedente da força de trabalho decorrente do fechamento do turno da noite da unidade de Camaçari”, explicou a empresa em nota.

Na fábrica da Hyundai-Caoa, em Anápolis, GO, os trabalhadores aprovaram em assembleia na segunda-feira, 14, um pacote de medidas que inclui, dentre outras coisas, a adesão ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego. De acordo com o sindicato a medida será tomada para cessar as demissões.

“A montadora vai aderir ao PPE por seis meses”, afirmou o sindicato em sua página no Facebook. “Os dias trabalhados serão segunda, terça e quarta-feira. O PPE poderá ser prorrogado por mais seis meses ou ser adiado, conforme a situação de mercado”.

O presidente da associação que representa os trabalhadores, Carlos Albino, comemorou a aprovação do PPE e das outras medidas: reajuste salarial com reposição da inflação – em torno de 12% – a partir de 1º de maio, ou 6% para aqueles com salário superior a R$ 4 mil, um abono salarial de R$ 1 mil para pagamento em dezembro e PLR de R$ 4,5 mil, que será paga em março.

Déficit da balança de autopeças cai 42% no bimestre

O déficit comercial da balança de autopeças voltou a registrar forte redução no primeiro bimestre de 2016. Segundo dados do Sindipeças a diferença das importações para as exportações do segmento no período foi de US$ 716,5 milhões, ante US$ 1,2 bilhão registrados na soma de janeiro e fevereiro de 2015, queda de 41,7%.

No período as importações chegaram a US$ 1,6 bilhão, menos 30,1% ante os US$ 2,3 bilhões do primeiro bimestre de 2015, enquanto que as exportações foram de US$ 905 milhões, 17,1% aquém ante um ano, US$ 1,1 bilhão.

O Brasil recebeu autopeças de 120 países, enquanto que remeteu embarques a 142 mercados.

Em fevereiro, isoladamente, a redução no déficit comercial foi ainda maior, de 53%: as importações chegaram a US$ 766 milhões, baixa de 28,5%, enquanto as exportações foram de US$ 539 milhões, queda de 8,4%.

Faturamento – O Sindipeças revelou ainda os números de faturamento da indústria de autopeças no País, mas estes relativos apenas a janeiro.

O resultado foi 14,5% inferior ao verificado em igual mês de 2015. As vendas líquidas nominais – com inflação e sem impostos – para montadoras caíram 27,2%, as intrassetoriais 25,9% e para a reposição, 3,6%. As exportações cresceram 26% em reais mas se o valor for convertido em dólares, segundo o Sindipeças, registra-se queda de 18,1%.

O resultado vêm de pesquisa mensal feita com 64 empresas, que representam 32,2% do faturamento total da indústria de autopeças no Brasil.

Araguaia, de Campinas, é StarClass Diamante

No ano em que completará 50 anos de atividades como concessionário Mercedes-Benz o Grupo Pirasa pode ostentar em sua concessionária Araguaia, em Campinas, SP, o troféu Diamante do Programa de Certificação StarClass, concedido pela companhia à sua revenda que maior destaque obteve no ano.

Com base em avaliações feitas pela companhia durante todo o ano, o StarClass reconhece há dez anos as concessionárias que melhor atenderam os quesitos exigidos pelo programa, apoiado em três pilares – padronização de processos, estrutura e identidade visual, profissionalização e equipe de alto desempenho. Assim, as empresas são qualificadas com os selos Bronze, Prata e Ouro, de acordo com sua pontuação.

A campinense Araguaia recebeu certificação Ouro em todos os segmentos, maior atuação no ranking de indicadores de venda e de pós-vendas e inscreveu projetos no Prêmio de Responsabilidade Ambiental e Cliente Satisfeito, iniciativas da M-B.

“A brilhante conquista da Araguaia merece total reconhecimento”, afirmou, em nota, o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO para a América Latina, Philipp Schiemer. “Aliás, o Grupo Pirasa sempre demonstrou comprometimento com o programa, reconhecendo seu valor na busca da melhoria contínua”.

Fernanda Guidotti, diretora comercial do Grupo – que possui concessionárias também em Piracicaba e Limeira – afirmou que a conquista é consequência do entendimento da empresa de que o programa abrange pontos de qualidade e valores em que o Pirasa acredita. Ela, porém, não veio de uma hora para outra.

 “Desde o começo do ano buscamos entender todos os pontos que a Mercedes-Benz havia estabelecido para 2015 como importantes para a rede ser vencedora num momento tão difícil do mercado. Nesse sentido, contamos com o apoio da fábrica nos momentos de dúvidas sobre as regras da certificação. O programa é muito focado no cliente e isso é o que realmente interessa. Toda nossa equipe estava bem comprometida e a união foi fundamental”.

Confira todos os premiados com o selo Ouro:

Hyundai começa a exportar para o Paraguai

Desenvolvido especialmente para atender ao gosto do consumidor brasileiro, o Hyundai HB20 começará a explorar outros mercados a partir dessa semana. Na quinta-feira, 17, o modelo que comemora três anos de produção em Piracicaba, SP, estará disponível também para os consumidores do Paraguai, primeiro mercado fora do Brasil a oferecer o modelo em sua rede concessionária.

Segundo comunicado divulgado pela Hyundai 600 unidades do HB20X, versão aventureira do hatch, foram encomendadas pela rede paraguaia. Esse será o primeiro passo fora do País: outros mercados da região estão na mira da diretoria da montadora.

“Após consolidar nossa posição no mercado brasileiro com mais de 500 mil unidades vendidas podemos expandir nossas fronteiras, inicialmente para o Paraguai”, afirmou, em nota, William Lee, presidente da Hyundai Motor do Brasil. “Este é o primeiro passo para tornar o HB20 um grande sucesso também em outros mercados da América Latina”.

A Hyundai descarta, porém, aumentar a capacidade de produção neste momento: a ideia, segundo Lee, é compensar a possível queda de demanda no mercado interno. “Nossa intenção é prosseguir com a utilização plena de nossa capacidade produtiva”.

A montadora de Piracicaba foi a primeira a ganhar certificação da Receita Federal para Operador Econômico Autorizado, de acordo com informações do comunicado divulgado à imprensa na segunda-feira, 14. Com isso, a companhia terá maior agilidade e segurança no cumprimento dos procedimentos aduaneiros.

Iveco lança micro-ônibus para o transporte rural

A Iveco Bus deu mais um passo no processo de consolidação de sua unidade de negócio ônibus. A fabricante acaba de apresentar o GranClass 150S21, modelo para 15 toneladas, os chamados micrões, destinado às aplicações rurais e especialmente projetado para atender ao Programa Caminho da Escola, do governo federal. Derivado do chassi urbano 170S28, o novo micro-ônibus é oferecido encarroçado, por meio de uma parceria com a Mascarello, de Cascavel, PR.

Segundo Humberto Spinetti, diretor de negócios de ônibus da Iveco para a América Latina, a novidade reforça a linha da empresa no transporte escolar. É da própria Iveco o micro-ônibus mais vendido para o programa governamental, o CityClass, com mais de 6 mil unidades negociadas e, curiosamente, também criado em parceira, mas com a Neobus.

“A oferta do veículo completo ou simplesmente apenas o chassi são dois modelos de negócios que proporcionam diversas oportunidades”, obervou Spinetti, durante lançamento do GranClass, na noite de quinta-feira,10. “Como também foi projetado para terrenos de difícil acesso, o chassi também permite outras adaptações.”

Para o diretor da Iveco ainda, apesar da crise política-econômica, que fez minguar os investimentos do governo, o Caminho da Escola ainda é um dos maiores responsáveis pelas encomendas de ônibus escolares. “Há uma licitação em processo para esse modelo, na qual já vencemos uma das fases pelo preço. Uma hora a crise passa e já estaremos preparados.”

De acordo com a fabricante, embora derivado, o chassi 150S21 é praticamente um novo projeto, com redução dos balanços dianteiro e traseiro, maiores ângulos de entrada, 20°, e saída, 18°, aplicação de longarinas reforçadas, suspensão elevada e um trem de força mais potente, com motor FPT 4.5 de 206 cv e torque de 720 Nm acoplado a uma caixa de câmbio Eaton manual de seis marchas. O modelo ainda possui um dispositivo de bloqueio automático do diferencial, também da Eaton, para facilitar a transposição de atoleiros.

“Foi uma união de esforços em um projeto inteiramente nacional com o objetivo de entregar conforto, segurança e acessibilidade”, contou Gustavo Serizawa, gerente de marketing de produto da Iveco Bus. “Em seu desenvolvimento foram mais de 234 mil quilômetros rodados e 342 componentes validados.”

O GranClass é ofertado a partir de duas opões de entre-eixos – 5,1 metros ou 5,9 m –, com carrocerias de até 11 m de comprimentos com capacidade para 60 passageiros. Especialmente na versão escolar, o modelo pode ser configurado para 42 ou 48 alunos.

De fábrica o micro-ônibus já sai com elevador, porta mais larga e uma cadeira de rodas incluída. Também traz porta-mochilas, cinto de segurança em todos os assentos e rede no encosto do banco para acondicionar material escolar.

Mercado – Em pouco mais de um ano depois da criação a Iveco Bus como unidade de negócios, a empresa só tem a comemorar os resultados.

Em um ano de dificuldades econômicas, com queda de 38,9% no mercado brasileiro de ônibus, de 27,4 mil para 16,7 mil unidades, a Iveco cresceu 62,4%, para 1 mil 187 unidades negociadas em 2015, encerrando o período como a quarta fabricante do ranking de vendas.

 

Justiça condena réu por ameaças a Mauro Marcondes Machado e executivos da MMC

O Juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª. Vara da Justiça Federal em Brasília, DF, condenou o réu Halysson Carvalho a 4 anos e 3 meses de prisão no âmbito da Operação Zelotes – foi o primeiro caso de condenação envolvendo a investigação, ligada diretamente ao setor automotivo, por suspeita de compra de MPs que promoveram e estenderam benefícios fiscais a montadoras instaladas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do País.

A condenação do réu ocorreu, segundo a sentença, à qual a Agência AutoData teve acesso, pois segundo o juiz “entre os dias 15 e 20 de outubro de 2010, de forma consciente e voluntária, Halysson Carvalho constrangeu Mauro Marcondes Machado, mediante grave ameaça, a pagar vantagem indevida”.

À época Mauro Marcondes Machado era vice-presidente da Anfavea, na condição de representante da MMC na associação que reúne as montadoras no País.

A sentença traz íntegra de e-mail enviado pelo réu a Lilian Pina, secretária de Eduardo Souza Ramos, da MMC, representante local da Mitsubishi, em 15/12/2010. O texto afirma: “Dirijo-me, mais uma vez, à sua pessoa no intuito de resolver problemas com sua pessoa e com sua empresa. Refiro-me a MP 471 que foi tratada e beneficiada principalmente a MMC e CAOA (sic).

Por duas vezes o Sr. Mauro Marcondes Machado me recebeu a seu pedido e em outra oportunidade estive com o Sr. Carlos Alberto da Hyunday, ambos acharam que me levaram na conversa. Peço-lhe que intervenha nos honorários dos quais a MMC vem pagando e a CAOA não: os Deputados e Senadores dentre escritórios e outros os quais não convém citar nomes, agora, através do Sr. Mauro Marcondes. Onde este vem desviando recursos os quais não tem chegado às pessoas devidas. Inclusive comunico ao senhor do acordo para aprovação da MP 471, valor este do seu conhecimento, que o Sr. Mauro Marcondes alega ter entregado a pessoas do atual governo, PT, a quantia de R$ 4 milhões o qual não é verdade; sem contar outros fatos. (sic)

Através deste e-mail, quero comunicar e pedir desculpas, mas me sinto prejudicado pelo tratamento dado pelas pessoas envolvidas neste e-mail. Aviso-lhe a contar desta segunda-feira, dia 18/10/2010 que é quando o senhor estará no Brasil, dou até o dia 21/10/2010 para que me seja repassada a quantia de US$ 1 milhão e meio.” (sic)

Ainda na sentença o juiz afirma que “a segunda fase da cobrança incisiva realizada por Halysson seria consideravelmente mais ameaçadora e ampla, uma vez que não se destinaria apenas a Mauro Marcondes mas aos próprios representantes da MMC”.

Em outro e-mail enviado à secretária, segundo a sentença, Halysson escreveu: “não temos mais conversa com o Sr. Mauro Marcondes, ainda hoje passo o telefone para fazerem contato amanhã e combinar hora e local do pagamento combinado, não estou brincando e não armem nada”. (sic)

O juiz considerou: “Não tenho dúvidas que Halysson Carvalho efetivamente se utilizou de grave ameaça, inclusive à integridade física de Mauro Marcondes e Cristina Mautoni [sua esposa e sócia], para a cobrança dos valores referentes à medida provisória 471/09; e tais ameaças foram capazes de preocupar Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, de forma a leva-los a procurar, com urgência, auxílio de profissional com envolvimento na área de segurança”.

Há ainda a conclusão de que “como ressaltado pelo Ministério Público Federal, ainda que se considere que Halysson não teria conhecimento das pretensas ilicitudes do processo de edição da Medida Provisória em contento, a própria natureza para o qual fora contratado, bem como o modo pelo qual este fora executado, denotam que ele possuía efetiva consciência da ilicitude de sua conduta”.

O juiz ainda considerou que pelo fato do réu estar preso há mais de 4 meses, por apresentar quadro de depressão e filha menor de idade com problemas de saúde, tem o direito de apelar da sentença em liberdade.

Momento difícil da indústria de caminhões é tema de AutoData de abril

A indústria brasileira de caminhões tenta driblar aquela já é considerada como a pior crise de toda a sua história no Brasil. Em reportagem de capa, assinada por Décio Costa, a revista AutoData de abril mostra um quadro completo de como o setor está agindo diante do mercado em queda, bem como as ações em curso para fortalecer caixa e equilibrar a produção à demanda.

Para acessar a mais recente edição da publicação em computadores, basta acessar diretamente este link, via portal AutoData: arquivos/autodatadigital/320-2016-04. Esta revista pode ser lida ainda, no seu formato original, em smartphones e tablets, tanto aqueles com sistema Android quanto iOs – neste caso é só abrir o app AutoData e baixar a edição mais recente. Para quem ainda não tem o aplicativo em seu dispositivo móvel, basta fazer o download gratuitamente na Platy Store ou na App Store.

A edição de abril traz ainda na seção From the Top entrevista exclusiva com José Luis Valls, chairman da Nissan para América Latina, que revelou plano para exportar metade da produção de Resende a partir de 2018, além da perspectiva do futuro Kicks responder por 30% das vendas da marca no País no ano que vem.

Destaque também para a cobertura da inauguração da fábrica de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no Interior paulista, do Seminário de Compras promovido pela AutoData, a demanda crescente por aço de alta resistência e alumínio – o que significa que nossos automóveis caminham firme rumo aos padrões internacionais – e muito mais. Confira.

Luiz Moan e a lei das probabilidades

Na segunda-feira, 25, Luiz Moan encerra oficialmente seu mandato como o décimo-sétimo presidente da Anfavea e passa a faixa a Antonio Megale, da Volkswagen. Mais do que um movimento simbólico, este fato marcará também uma espécie de despedida do executivo da rotina diária do setor automotivo brasileiro.

Pois pouco mais de um mês depois, 31 de maio, Moan entregará também seu cargo de diretor de assuntos institucionais na General Motors do Brasil, onde bateu ponto pelos últimos 25 anos. E então se dedicará a algo que programa há bom tempo e que usualmente se considera, basicamente, como ‘curtir a vida’.

“Trabalho desde os 11 anos”, argumentou Moan, prestes a completar 61, em entrevista exclusiva à Agência AutoData. “E destes 50 anos, 40 foram no setor automotivo” – ele soma passagens por VW e pela própria Anfavea antes da GM.

Como bom economista Moan já traçara anteriormente plano claro e objetivo para os tempos de aposentadoria: a ideia original era trabalhar por cerca de 45 anos e pelos 20 seguintes aproveitar os benefícios. Mas perto do prazo final surgiu o indicativo de que a presidência da Anfavea estava no horizonte, o que causou atraso de 6 anos no cronograma. “Eu encarei a presidência como uma missão. Me preparei para ela. E, agora, ela está cumprida.”

A prova de que Moan está falando sério é a ausência de seu nome da lista dos vice-presidentes da nova gestão, algo tradicionalíssimo na história da associação que reúne as montadoras do País: em seu lugar a relação traz Marcos Munhoz a ocupar o posto a que a GM tem direito.

Novamente a evocar a veia de economista, Moan prefere considerar que lhe restam 14 dos 20 anos originalmente previstos para as benesses da aposentaria, em lugar de simplesmente empurrar o período de duas décadas pelos anos adiante. A missão número um, de qualquer forma, já está plenamente definida: curtir os dois netos, hoje com 4 e 6 anos.

A missão número dois será viajar – algo que poderia causar estranheza a interlocutor que conhece a rotina de um executivo do setor automotivo dedicado à área institucional, na qual viagens são tão comuns quanto um cafezinho no corredor com os colegas do escritório. “De todos os Estados brasileiros só não estive em Roraima. Pelo mundo estive em inúmeras cidades, de inúmeros países. Posso dizer que conheço esses lugares? Não. Conheço, no máximo, o aeroporto, um hotel e o caminho entre estes dois.”

Ele cita o exemplo do Rio Grande do Sul: “Fiquei muito tempo lá, por ocasião de todo o processo envolvendo a fábrica de Gravataí, mas não conheço o Estado de verdade. Não o visitei com calma, como deve ser”. E assim está desenhada mais uma estratégia para a diversão pós-trabalho duro: “Farei catorze viagens nacionais e catorze internacionais, cada uma delas por ano” – são 14 anos, afinal, lembra-se? O próprio Rio Grande do Sul e Portugal despontam como os primeiros destinos, ainda não confirmados.

Missão número três será adotar uma rotina mais serena, comum: caminhar – novos tênis já providenciados –, “ler os jornais na hora em que eu quiser”, já que hoje o faz por volta de 6h, assim que chegam à porta de casa, e, pasme, dirigir. “Atualmente prefiro nem guiar carros, pois imagine se acontece um acidente: o presidente da Anfavea envolvido em uma colisão de trânsito. Não ficaria bem.”

O período não será de todo moleza, entretanto, admite Moan: desafios mundanos, por assim dizer, o espreitam. Na lista estão aprender a usar um smartphone, sacar dinheiro em caixas eletrônicos, pagar contas, fazer check-in… “por incrível que pareça são coisas que realmente não sei fazer, pois há anos ficam a cargo das secretárias. É algo com o qual terei que me adaptar”.

Mas a racionalidade não se deixa enganar e Moan também tem planos para o caso das necessidades profissionais tão vigentes nos últimos 50 anos continuem a lhe cutucar mesmo neste período de planejada tranquilidade. Nesta hipótese estão serviços rápidos de consultoria, “mas sem envolvimento direto com os contatos que fiz ao longo destes anos”, ajuda técnica e até mesmo financeira a grupo de funcionários que assuma empresa em situação falimentar, não necessariamente do setor automotivo, e o estudo da chamada Lei das Probabilidades.

Sim, é isso mesmo: estudo da Lei das Probabilidades, e em especial sua relação com os prêmios de loterias, como a Mega-Sena. “Sei que não vou encontrar a resposta, mas vou tentar mesmo assim”, assegura Moan. Bem verdade que, para executivo ainda na linha de frente da batalha diária de uma empresa do setor automotivo, alguns anos atrás deste quase ex-presidente da Anfavea na escala profissional, é iniciativa que soa como coisa de quem não tem o que fazer; e pode até ser.

Mas vai que ele descobre a resposta…

 

Brasil e Alemanha firmam acordo para incentivar eletromobilidade no País

O governo alemão firmou acordo com o brasileiro para incentivar a eletromobilidade no território nacional. De acordo com informações do site do Mdic, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as duas nações assinaram um acordo de cooperação técnica que engloba um projeto de quatro anos e investimento de € 5 milhões do BMZ, Ministério de Cooperação Internacional e Desenvolvimento Econômico da Alemanha.

Este projeto será coordenado pelo Mdic, intermediado pela Agência de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores e apoiado pela GIZ, Agência de Cooperação do governo alemão. Dentre as ações previstas estão a criação de diretrizes para linhas de financiamento, o apoio à disseminação de tecnologias inovadoras e consultoria ao governo brasileiro, associações e representações do setor privado sobre a gestão da frota de veículos elétricos e híbridos.

“A Alemanha já possui know-how em tecnologias de propulsão mais eficientes”, afirmou Margarete Gandini, diretora do Departamento de Indústrias para a Mobilidade e Logística do Mdic, ao portal do ministério. “A contribuição deles vai ser de extrema importância para o desenvolvimento de políticas públicas e criação de novos modelos de negócios”.

Segundo Gandini a eletromobilidade, que já é uma realidade mundial, tem duas vertentes importantes: a da indústria e a da mobilidade logística. “A política industrial de abastecimento deve estar voltada a soluções e entregas que englobem essas duas vertentes”.

Na quinta-feira, 10, equipes do Brasil e da Alemanha de diversos órgãos se reuniram em Brasília, DF, para discutir o cenário brasileiro e quais medidas podem ser tomadas no Workshop Propulsão Eficiente em Áreas Urbanas.

No ano passado, como forma de incentivar o uso de veículos mais eficientes, o governo reduziu o imposto de importação de veículos híbridos e elétricos. De toda forma a presença deles no mercado nacional ainda é tímida: no primeiro bimestre foram licenciadas apenas 122 unidades, seis a menos do que no mesmo período de 2015.