Última Fenatran do Anhembi abre as portas com o PSI novamente em operação

A 20ª edição da Fenatran, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, marcará a despedida do setor automotivo ao Parque Anhembi, há décadas sede das mais importantes feiras da indústria – Automec, Fenatran e Salão do Automóvel passarão a ser realizados no São Paulo Expo, antigo Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul de São Paulo.

Sem o mesmo entusiasmo de outras edições e esvaziada pela ausência de importantes montadoras, a Fenatran 2015 ao menos trouxe uma boa notícia ao setor: a reabertura do Finame PSI, encerrado há pouco mais de uma semana.

Quem anunciou seu retorno foi Luiz Moan, presidente da Anfavea, durante seu discurso de abertura na manhã de segunda-feira, 9:  “O PSI está reaberto. As vendas de hoje  já podem ser feitas pelo programa, que manteve as condições que valiam até 30 de outubro”.

Na última sexta-feira de outubro a indústria foi avisada pelo BNDES que o PSI não estava mais em operação, notícia que foi recebida com surpresa pelos executivos do segmento, um dos que mais sofreu com a crise da economia brasileira – as vendas caíram 45% de janeiro a outubro, comparado com o mesmo período do ano passado.

Para Moan a reabertura da linha do BNDES é fundamental para o mercado. “Ao considerar a conjuntura atual do segmento e a realização da Fenatran, tenho certeza de que a decisão foi extremamente acertada e poderá dar uma injeção de confiança nos consumidores e investidores”.

Embora sem a presença de grandes montadoras – apenas DAF e Volvo, dentre as associadas da Anfavea, contam com áreas no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi –, a Fenatran abriu as portas com participação forte da indústria de implementos rodoviários, que ocupa parte do espaço liberado pelas fabricantes de caminhões.

Segundo Juan Pablo de Vera, presidente da Rheed Exhibitions Alcantara Machado, a feira ocupa 80 mil m² e tem 320 marcas expositoras. São esperados 50 mil visitantes durante os cinco dias de evento, que ocorre de 9 a 13 de novembro.

A partir da edição 2017, que será realizada em outubro, a Fenatran terá como sede o São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes – assim como a Automec e o Salão do Automóvel, eventos realizados bienalmente. Apenas a Automec, porém, fora oficialmente confirmado pela organizadora, a Rheed Exhibitions Alcantara Machado, no novo espaço.

O anúncio oficial do Salão do Automóvel 2016 e da Fenatran 2017 no São Paulo Expo deverá ocorrer nas próximas semanas.

Volvo: oportunidades na crise

Apesar de marcada pela ausência de quase todos os fabricantes de caminhões do País, o Grupo Volvo parece nunca ter apostado tanto na Fenatran quanto neste edição de 2015. “A situação econômica atual sem dúvida é difícil e foi uma mudança grande em um período muito curto”, avaliou Bernardo Fedalto, diretor comercial da Volvo Caminhões. “Mas não é a primeira vez que passamos por isso e a Fenatran se mostra como uma oportunidade para mostrar produtos e serviços e de estar perto do nosso cliente.”

A principal novidade da fabricante no gigantesco estande de 4mil m² que aprontou para a feira é uma versão do FH 6×4 dotado de um sistema suspensor. A solução permite ao transportador levantar o segundo eixo motriz quando estiver trafegando com o veículo vazio ou com pouca carga, proporcionando assim menor consumo de combustível – até 4%, de acordo com a Volvo – e dos pneus.

“Acreditamos muito no potencial desta solução, como foi no passado com o lançamento da caixa de câmbio I-Shift, que hoje está presente em 90% da nossa produção de caminhões.”

Em serviços a fabricante aumentou conectividade dos veículos com o cliente por meio de seu sistema de monitoramento e rastreamento Dynafleet. Agora, o transportador consegue acompanhar e avaliar tanto sua frota quanto motorista por aparelhos móvel, como tablets e smarthphones.

Embora animada com Fenatran, além de trazer de Curitiba, PR, por volta de quatrocentos funcionários de todas as áreas da empresa especialmente para a feira e construir em seu estande quarenta salas apenas para negócios, a Volvo teve decidir por medidas amargas para seu cliente. Depois de ter anunciado aumento de 8% no preço de seus veículos há cerca de duas semanas, Fedaltou adiantou que partir de abril do ano que vem os aumentos serão trimestrais.

“Ainda não é possível estabelecer os índices futuros, mas ação teve de ser tomada porque nossos custos cresceram 15%”, justificou.

Mercado – O diretor comercial da Volvo também acredita que o ano que vem pior não vai ficar em relação a 2015. “O mercado já de pesados já caiu 60% e nos últimos quatro a cinco meses, as vendas se estabilizaram em um patamar, o que me faz acreditar que será assim daqui para frente, melhorando pouco a pouco.”

Uma provável contribuição, segundo Fedalto, pode vir com as vendas de novembro com o breve retorno do PIS até o fim do mês, anunciado pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, na cerimônia de abertura da Fenatran. “Será uma última oportunidade de comprar caminhão com taxas fixas de juros”, avisa o diretor comercial da Volvo. “Depois não se sabe o que vem pela frente, mesmo porque acho difícil o mercado voltar a ter subsídio. O governo não tem dinheiro.”

Fedalto lembra ainda que o mercado sempre comprou com TJLP antes do advento do PSI. “Que seja ela. O importante é que se tenha regras claras.”

International suspende a produção de caminhões em Canoas

Os caminhões International deixaram de ser produzidos em Canoas, RS, de onde saíam há pouco mais de dois anos. Oficialmente a empresa afirmou ser uma decisão temporária para adequar os níveis de estoque – as linhas voltarão a funcionar assim que a demanda do mercado de caminhões retornar.

Segundo informações do sindicato dos metalúrgicos local, 75 trabalhadores foram demitidos somente na linha de caminhões. Há expectativa de mais demissões no negócio de motores, onde há um contrato em vigor com a General Motors até fevereiro – quando, segundo Cledenir Paim, diretor do sindicato, toda a fábrica será fechada.

“Desde junho fala-se no fim da produção de motores, porque esse contrato com a GM tem prazo para acabar, uma vez que a própria montadora passará a produzir seus motores. A novidade foi o fim da produção de caminhões”, afirmou o sindicalista. “O Centro de Distribuição de Peças será transferido para São Paulo. Os três negócios da Navistar aqui serão fechados”.

Thomas Puschel, diretor de vendas e marketing da MWM Motores, negou o encerramento das operações da fábrica gaúcha. “Canoas não será fechada. Vamos produzir motores até fevereiro e as linhas de caminhões estão temporariamente suspensas para ajustar de estoques. A International Caminhões continua ativa”.

O executivo confirmou as demissões dos trabalhadores e disse que, quando a produção retomar, a companhia estudará quais medidas serão tomadas. “Quando nossos estoques forem consumidos voltaremos com a produção. As operações de vendas e assistência técnica continuarão funcionando nesse período”.

As operações da International em Canoas começaram em junho de 2013, após quinze anos de produção dos modelos na fábrica da Agrale, em Caxias do Sul, RS. As linhas de produção dos caminhões funcionavam no mesmo galpão onde são produzidos os motores MWM.

De janeiro a outubro a International comercializou apenas 58 caminhões no mercado brasileiro, volume 93,8% inferior aos 936 modelos vendidos no mesmo período de 2014. Um contrato de exportação de 51 modelos para o Chile garantiu mais fôlego à fábrica – e segundo Paim, do sindicato, foi justamente um dos modelos deste contrato o último a sair da linha, na terça-feira, 3.

Abeifa: vendas reduzidas à metade em outubro.

As vendas de veículos importados pelas empresas associadas à Abeifa caíram exatamente pela metade em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado: 3 mil 974 ante 8 mil 28. Os dados foram revelados pela associação na sexta-feira, 6.

Na comparação com setembro, de 4 mil 461, o mês passado representou baixa de 10,9%.

De janeiro a outubro o índice de redução é um pouco mais comedido do que na relação mensal, mas ainda assim representativo: 33,8%, para 51 mil 82 unidades ante 77 mil 109 há um ano.

Marcel Visconde, presidente da Abeifa, considerou em comunicado que “tradicionalmente outubro é um mês de melhores resultados, mas em 2015 essa tendência não aconteceu e tivemos vendas abaixo da expectativa”. Além da alta do dólar, que impacta os preços dos veículos importados, deve-se considerar que algumas marcas, como BMW e Chery, passaram a produzir localmente, substituindo os modelos trazidos do Exterior por nacionais.

Prova disso é que os índices das empresas associadas à Abeifa que produzem localmente subiram fortemente: neste caso as vendas foram de 7,2 mil unidades, ou 3 200% acima do mesmo mês de 2014, de 219 unidades, e 4,7% melhor do que setembro.

Nesta análise o acumulado de janeiro a outubro da Abeifa aponta 36,9 mil unidades, crescimento perto de 1 800% ante idêntico intervalo de 2014.

Indústria de motos espera que verão aqueça as vendas

A indústria brasileira de motocicletas não vê a hora de 2015 acabar. O setor não tem quase nada a comemorar, nem mesmo em outubro, mês da principal mostra de motos do País, o Salão Duas rodas, palco de diversos lançamentos. No mês passado as fabricantes nacionais produziram 104,4 mil motos, 12,1% menos do que em setembro e ainda mais expressivos 27,8% abaixo do apurado no mesmo mês do ano passado.

Foi o terceiro pior resultado mensal no ano. O fraco desempenho das linhas de montagem apenas reafirmou o desânimo verificado ao longo de praticamente todo o ano: de janeiro a outubro foram fabricadas somente 1 milhão 137 mil motocicletas, 174 mil a menos do que em igual período do ano passado.

“Apesar do cenário atual, a chegada do verão, com o clima mais propício ao uso de veículos de duas rodas, além do pagamento do 13º salário, a expectativa é que haja um estímulo na demanda de motocicletas no final do ano”, afirmou Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.

A eventual demanda superior esperada pelo presidente da entidade, contudo, não será nem de longe suficiente para atenuar de forma significativa os índices de vendas acumulados até outubro. O mercado interno de motos no varejo encolheu 12,9% e chegou a 1 milhão 36 mil unidades. A média diária de vendas em outubro ficou em 4 mil 239 motos, 9,3% abaixo de setembro, 19% abaixo da de outubro de 2014, da ordem de 5,2 mil.

Os números dos negócios no atacado também não foram animadores no mês. Os fabricantes despacharam para as concessionárias 91,2 mil unidades no período, frente a 104, 4 mil em setembro e 129,1 mil em outubro do ano passado, retração de 29,4%

Os licenciamentos registrados pelo Renavam chegaram 89 mil motocicletas, quedas de 9,3% com relação a setembro  e de 26% na comparação com outubro do ano passado, quando foram emplacadas 120,3 mil motos.

Exportações – Se o mercado interno não reagiu em outubro, ao menos as exportações exibiram pelo menos um número no azul.  O setor embarcou 10, 9 mil motocicletas no mês passado, 12,5% acima do que conseguira em setembro e 54,3% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Mas as boas notícias param por aí. No acumulado de janeiro a outubro o Brasil exportou 56, 9 mil unidades, 27,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2014.

Moan: produção tem crescimento estatístico.

À primeira vista os dados de produção de veículos em outubro, com avanço de 17,4% com relação a setembro, poderiam trazer uma injeção de ânimo à indústria. Mas o presidente da Anfavea, Luiz Moan, logo jogou um balde de água fria aos jornalistas presentes na coletiva realizada na sexta-feira, 6, em São Paulo: a base de comparação era muito baixa.

Saíram das linhas de montagem 205 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus no mês passado, ante 174,6 mil unidades em setembro, mês marcado por diversas paradas na produção, férias coletivas e folgas remuneradas concedidas pelas montadoras.

“Foi um crescimento estatístico”, explicou Moan. “Setembro foi fortemente influenciado por ajustes na produção para adequar os estoques”.

Os dados negativos voltam à tona quando a comparação ocorre com outubro do ano passado e suas 293,3 mil unidades produzidas, o que representa uma queda de 30,1%. No acumulado do ano saíram das linhas de montagem 2,1 milhões de veículos, volume 21,1% inferior à produção de janeiro a outubro de 2014.

Em números absolutos deixaram de ser produzidas mais de 550 mil unidades de um ano para o outro.

O desempenho reflete nos dados de emprego: em doze meses foram cortados 14,3 mil postos de trabalho. Ao fim de outubro a indústria registrou uma base de 132,7 mil trabalhadores, cerca de 900 a menos do que em setembro.

Moan novamente apontou os esforços das montadoras em manter os trabalhadores: segundo o executivo existem 45 mil pessoas com algum tipo de restrição produtiva no quadro de funcionários do setor, ou 34% do total dos empregados pela indústria automotiva. “São 35,6 mil trabalhadores no PPE [Programa de Proteção ao Emprego do governo federal], 6,6 mil em lay off e 2,8 mil em férias”.

Nos últimos doze meses foram produzidos 2 milhões 580 mil veículos, volume próximo ao estimado pela Anfavea para 2015: 2 milhões 418 mil unidades, o que representará uma queda de 23,2% com relação à produção do ano passado.

Vendas diárias e estoque ficam estáveis

Apesar da queda de 4% em outubro comparativamente a setembro no total de veículos vendidos internamente o número diário de emplacamentos manteve-se praticamente estável nos dois meses – 9 mil 607 contra 9 mil 527, ou seja, pequena alta de 0,8%. Também os estoques nas redes e montadoras mantiveram-se no mesmo nível de 53 dias, respectivamente 340,6 mil contra 342,1 mil unidades.

Ao divulgar os dados na sexta-feira, 6, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, projetou que a atual média diária de vendas será mantida este mês e no próximo, assim como no primeiro trimestre de 2016. Também admitiu que no comparativo anual os dados serão bastante negativos neste final de ano, porque no último trimestre de 2014 houve antecipação de compras por causa da esperada volta do IPI aos índices tradicionais a partir de janeiro, como realmente aconteceu.

Foram emplacados em outubro 192,1 mil veículos, queda de 37,4% no comparativo com o mesmo mês de 2014, quando as vendas atingiram quase 307 mil unidades, e de 4% em relação às 200 mil do mês anterior. Moan admitiu que o momento é difícil, lembrando que há um ano os estoques estavam em quarenta dias: “Enquanto as vendas caíram mais de 24%  no acumulado do ano, os estoques subiram 26%”.

Também reconheceu que parte do consumidor de carros novos está migrando para o segmento de usados, tanto é que no acumulado do ano as vendas de veículos seminovos, com um a três anos de uso, cresceram 41,5%. Já as vendas de 0 KM caíram 24,3% este ano. Até outubro foram emplacados 2 milhões 146 mil veículos novos, ante um total de 2 milhões 833 mil do mesmo período de 2014.

No segmento de automóveis e comerciais leves o decréscimo no acumulado do ano foi de 23,3%, com o total de emplacamentos baixando de 2 milhões 670 mil para 2 milhões 70 mil. Segundo Moan, o número de consumidores que estão preferindo pagar a vista subiu de 38,6% no ano passado para 41,5% este ano.

Exportações de veículos crescem 16,9% no ano

Com crescimento expressivo nos negócios com o México, Peru, Chile, África do Sul e Paraguai a indústria automobilística brasileira continua expandido suas exportações em número de unidades. No acumulado do ano desempenho positivo de 16,9%, com 333 mil unidades exportadas até outubro, ante 284,8 mil nos primeiros dez meses de 2014. Em outubro as vendas para o Exterior atingiram 39,8 mil veículos, crescimento de 69,2% sobre o mesmo mês do ano passado e de 18,7% sobre setembro.

Ao divulgar o balanço do setor na sexta-feira, 6, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, fez questão de destacar que a entidade continua buscando novos parceiros externos para incrementar os negócios da indústria brasileira: “Na semana passada uma missão da Anfavea esteve no Irã para discutir a possiblidade de um acordo bilateral. E acreditamos que ainda este mês haja avanços nas negociações com a Comunidade Europeia”.

De acordo com Moan, os índices de crescimento nas vendas para países com os quais o Brasil mantém acordo ou tradição nas relações bilaterais têm sido expressivos este ano. No segmento de automóveis e comerciais leves, alta de 73% nos negócios com o México, de 66% com o Peru e 64% com o Chile. Em caminhões, acréscimos de 116% para o México, 84% para o Paraguai e 48% para a África do Sul. Em ônibus, destaque para a Venezuela – expansão de 29%.

Apesar do bom desempenho nas exportações de veículos a receita do setor nessa área ainda registra queda este ano por causa, principalmente, do mix de produtos exportados, segundo análise do presidente da Anfavea. É que enquanto as exportações de veículos cresceram 16,9% em número de unidades, as de máquinas agrícolas e rodoviárias caíram 28,1% – apenas 8,5 mil unidades este ano ante 11,9 mil nos primeiros dez meses de 2014.

No total dos dez primeiros meses foram exportados US$ 8,8 bilhões, 10,5% a menos do que o obtido no mesmo período do ano passado. A receita no segmento de veículos teve pequena queda de 1,5% – US$ 7,3 bilhões contra US$ 7,4 bilhões dos primeiros dez meses de 2014 -, enquanto a relativa às máquinas agrícolas e rodoviárias decresceu 38,9%, de US$ 2,4 bilhões para US$ 1,4 bilhão.

Vendas de caminhões registram queda de 45%

Momento dramático foram as palavras utilizada por Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea para definir o ambiente do setor de caminhões no País. De acordo com os números da associação, divulgados na manhã de sexta-feira, 6, no acumulado do ano de janeiro a outubro a queda nas vendas alcançou 44,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 61,3 mil unidades contra 111,2 mil negociadas nos mesmos meses do ano passado.

Somente em outubro, o mercado absorveu 5,7 mil unidades, o que representou recuo de 52,5% em relação ao desempenho de mesmo mês de 2014, quando foram vendidos 12,1 mil caminhões.

“A situação é muito delicada e reflete o estado de espírito da economia, contaminada pela atual crise política”, justifica Luiz Moan, presidente da Anfavea. “O quadro é muito incerto e fica ainda pior com o adiamento do ajuste fiscal.”

Moan lembra ainda que até o fim do ano as dificuldades no setor de caminhões podem ser acentuadas com o término do PSI, em 30 de outubro passado, como já era previsto. “Ainda não temos esse horizonte importante para vendas de caminhões, que podem ficar piores em novembro e dezembro com a ausência do programa. Mas estamos trabalhando junto ao governo para a reabertura do PSI.”

Com o mercado retraído, também a produção mostra sinais de desaquecimento. No acumulado do ano, as fabricantes produziram 66,1 mil caminhões, uma queda no ritmo de 46,9% na comparação com o período de janeiro a outubro do ano passado, quando as fábricas montadoras 124,5 mil unidades.

A produção de outubro isolada somou 6,8 mil caminhões, representando um recuo de 45,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando as fábricas produziram 12,4 mil unidades. Sem contar com a sazonalidade do período, porém, o ritmo do parque industrial de caminhões em outubro foi maior do que o de setembro, com alta de 16,8%. Segundo Moan, o crescimento se deve ao retorno de parte da mão de obra às linhas de montagem que estavam em setembro com alguma restrição ao trabalho, como lay off ou licenças.

No segmento de caminhões somente as exportações proporcionam algum alívio. As 17,4 mil unidades enviadas para fora do País de janeiro a outubro representam alta de 13,8% nos embarques.

Segmento de ônibus segue em queda

Como no segmento de caminhões, o desempenho no de chassi de ônibus também não se mostra nada animador. As 14,6 mil unidades negociadas de janeiro a outubro representam queda de 36% na comparação com o desempenho de um ano antes, período no qual o mercado absorveu 22,8 mil chassis.

Mais uma vez é a atual situação econômica impactando de maneira negativa o segmento. “A falta de confiança generalizada, a alta nas taxas de juros e as dificuldades em obter o crédito são os maiores dramas”, afirma Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz.

Somente em outubro as vendas somaram 885 unidades, o que representou uma queda de 69,2% com relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram negociados 2,8 mil chassis para ônibus.

Com o brutal desaquecimento do mercado também o ritmo nas fábricas relentou. Enquanto em outubro do ano passado as fabricantes montaram 2,7 mil chassis, neste último saíram das linhas pouco mais de 1,2 mil, um recuo de 54,3%.

No acumulado do ano até outubro a retração também se mostrou expressiva, de 34,7%, para 19,9 mil unidades contra as 30,5 mil produzidas nos mesmos meses do ano passado.

A exemplo do que ocorre com caminhões, somente no desempenho das exportações que o segmento de chassi para ônibus registra balanço positivo. Nos dez primeiros meses do ano, os embarques registram alta de 7%, para 5,8 mil chassis exportados, 381 unidades a mais do que o volume acumulado de um ano antes.

Apenas em outubro seguiram para fora do País 635 chassis, alta de 7,4% sobre o mesmo mês do ano passado, quando embarcaram 591 unidades.