Vendas não caem em 2015, mas sim mudam de perfil

A míngua oferta de veículos 0 KM com preços inferiores a R$ 30 mil nas concessionárias brasileiras tem ampla contribuição para a retração de 20,4% nos licenciamentos de automóveis e comerciais leves de janeiro a agosto na comparação com o mesmo período do ano passado: a maior parte dos clientes dessa faixa de preço migrou para o segmento de veículos seminovos e usados.

Nos primeiros oito meses do ano o mercado de veículos de segunda mão seguiu a contramão da indústria – e da economia em geral – e apresentou avanço de 3,8% no mesmo comparativo. Enquanto as vendas de novos caíram 432,4 mil unidades, as de usados ganharam incremento de 242,7 mil veículos em igual período.

Somados os dois segmentos a retração chega a apenas 2,2%. De janeiro a agosto do ano passado foram comercializados 8,5 milhões de automóveis e comerciais leves seminovos, usados e 0 KM, enquanto nos primeiros oito meses deste ano o volume chegou a 8,3 milhões.

Dados da Fenabrave indicam que os brasileiros compraram 189,7 mil automóveis e comerciais leves a menos em 2015 comparado com 2014. O volume equivale a menos de um mês de vendas de 0 KM – em agosto os licenciamentos somaram 200 mil unidades.

“Hoje o verdadeiro carro popular brasileiro é o carro usado”, sacramentou Guilherme Afif Domingos, ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, durante o 25º Congresso Fenabrave.

Já Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, culpa as montadoras pelo sumiço dos modelos mais baratos do mercado. “Elas não oferecem mais opções nessa faixa de entrada.”

De fato nos últimos anos sumiu dos showrooms das concessionárias a ampla oferta de veículos com preços abaixo de R$ 30 mil. Há dois anos, antes da obrigatoriedade do air bag e dos freios ABS em 100% da frota comercializada, era possível encontrar ao menos um modelo de cada marca com grande volume de vendas por esse valor. Chevrolet Celta, Fiat Uno Mille, Ford Ka da antiga geração e Volkswagen Gol G4 eram alguns exemplos, sempre com bons desempenhos no mercado.

Segundo levantamento da Agência AutoData, com base no preço de tabela do Datafolha Veículos, restaram poucas opções 0 KM abaixo dos R$ 30 mil. Apenas o Palio ainda tem oferta, mas da versão Fire, duas gerações anterior à mais nova. O Celta não é mais produzido, assim como o Mille e o Gol G4 – neste caso o modelo novo parte de R$ 31,2 mil. O Ka de nova geração agora parte de R$ 39,4 mil enquanto o Clio mais acessível é sugerido por R$ 34,9 mil.

Apenas dois modelos chineses podem ser encontrados abaixo da barreira dos R$ 30 mil: o Chery QQ, por R$ 25,6 mil, e o Geely GC2, por R$ 29,9 mil.

As montadoras se defendem e afirmam que os preços dos automóveis são reajustados abaixo da inflação, algo que não ocorre com os custos trabalhistas e produtivos. Alegam também que os modelos ganharam novos componentes obrigatórios, como os ABS e air bag, o que os tornou mais custosos.

Para Luiz Moan, presidente da Anfavea, o preço dos carros voltou ao patamar defendido pelo ex-presidente Itamar Franco há vinte anos. “Voltamos a oferecer carros por US$ 7 mil, mesmo com toda a inflação do período.”

Mas não é só isso: o perfil do consumidor também mudou. Para o brasileiro não basta mais ter o carro ‘pé-de-boi’, como ficaram conhecidos os automóveis sem opcionais. Ar-condicionado, bluetooth e outros itens de conforto e segurança pesam na hora da decisão, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

“Antes tínhamos mais modelos na faixa de R$ 25 mil a R$ 30 mil e hoje os veículos de entrada estão acima de R$ 35 mil. Isso gera uma migração para os seminovos. As montadoras mudaram o perfil de oferta porque o consumidor mudou: ele não quer mais carro pelado.”

A busca por financiamentos também reflete esse cenário. Segundo a Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames, foram financiados 990,3 mil automóveis e comerciais leves novos de janeiro a agosto, queda de 22,7% com relação ao mesmo período do ano passado, enquanto no segmento de usados houve recuo de apenas 3%, para 1,8 milhão de unidades.

Isolando-se os modelos com quatro a oito anos de uso os financiamentos cresceram 1,5%, para 993,9 mil unidades. Um Toyota Corolla 2007, por exemplo, com muitos itens de segurança e conforto, pode ser encontrado por menos de R$ 30 mil – foi o décimo-segundo usado mais vendido no mercado brasileiro em agosto.

Segundo Marques o consumidor brasileiro não deixou de comprar automóvel. “O mercado [de novos somados com usados] existe e segue praticamente no mesmo tamanho do ano passado”.

O metalúrgico lembra que as vendas de usados caíam enquanto as de 0 KM cresciam até 2012. No ano seguinte os dois mercados ficaram estáveis e desde o ano passado, quando a obrigatoriedade do ABS e do air bag começou a vigorar e alguns modelos foram descontinuados, os desempenhos se inverteram. Neste ano, com o fim do IPI e novo reajuste de preços, a curva dos usados para os novos se distanciou.

O diagnóstico de Marques resume o cenário atual: “O consumidor está aí e não deixou de adquirir veículos. Apenas mudou seu perfil de compra”.

Estados Unidos: vendas recuam 0,6% em agosto.

As vendas de veículos leves nos Estados Unidos recuaram 0,6% em agosto, ainda acima das expectativas de queda de 3,3% dos varejistas, segundo informações de agências internacionais. Os cidadãos estadunidense consumiram 1 milhão 577 mil unidades no mês passado, ante 1 milhão 586 mil veículos um ano antes.

Segundo analistas ouvidos pela agência Bloomberg, em agosto foram apenas 26 dias úteis de vendas, ante 27 dias um ano antes – os sábados são considerados dias úteis no mercado estadunidense. Na comparação com julho as vendas cresceram 4,5%.

Apesar do deslize no mês, o saldo acumulado do ano ainda segue 3,8% positivo, com 11,6 milhões de automóveis e comerciais leves comercializados de janeiro a agosto. Analistas projetam superar a marca de 17 milhões de veículos vendidos no mercado doméstico pela terceira vez na história.

Nos últimos doze meses foram vendidas 17,8 milhões de unidades, o melhor ritmo desde julho de 2005. Este índice superou a marca de 17 milhões de unidades em cinco dos oito meses do ano.

As montadoras de Detroit ganharam a disputa interna com as marcas japonesas no mês passado. Honda, Nissan e Toyota fecharam o mês com queda nas vendas – 6,9%, 2% e 8,8%, respectivamente –, enquanto Fiat Chrysler e Ford fecharam com crescimento de 1,7% e 5,7% e a General Motors apresentou retração de 0,7% no volume comercializado.

No acumulado do ano o mercado é liderado pela General Motors, com 2 milhões de veículos vendidos, alta de 3,2% sobre os primeiros oito meses do ano passado. A Ford, com 1,7 milhão de veículos, aparece na vice-liderança, aproveitando o crescimento de 5,4%, seguida pela Fiat Chrysler, com alta de 5,5%, para 1 milhão 461 mil unidades – mas que é seguida de perto pela Toyota, cujas vendas chegaram a 1 milhão 418 mil veículos, descontados os Lexus e Scion, um crescimento de 2,3%.

Brasil se isola na sétima colocação do ranking global

O Brasil se isolou na sétima colocação do ranking global de vendas de veículos até julho, segundo dados divulgados pela consultoria Jato Dynamics divulgados na segunda-feira, 31. Se o País viu o sexto colocado, a Índia, se afastar, pelo menos a distância para o oitavo, a França, também cresceu. Há um ano, entretanto, o Brasil era o quinto colocado.

De acordo com a compilação da consultoria a China continua a liderar as vendas globais, com 12,2 milhões de unidades vendidas – neste caso apenas automóveis, enquanto nos outros países a conta agrega também os comerciais leves –, em crescimento de 4,9%.

Os Estados Unidos são os vice-campeões, com 10 milhões e alta de 4,6%. Em julho, isoladamente, entretanto, o país norte-americano liderou o ranking, com 1,5 milhão, crescimento de 5,2%, para 1,4 milhão dos chineses, em baixa de 3,3%.

O Japão fecha o pódio do ano bem distante, com 3 milhões, queda de 10,7%. Na sequência aparecem Alemanha, 2 milhões e alta de 5,5%, Grã-Bretanha, 1,8 milhão e elevação de 7,7%, Índia, com 1,7 milhão e avanço de 4,6%, e Brasil, 1,5 milhão, em queda de 20%.

O oitavo é a França, com 1,4 milhão em subida de 4,7%. Fecham os dez primeiros o Canadá, 1,1 milhão e crescimento de 2,3%, e Itália, 1 milhão e aceleração de 14,2%.

Até junho o Brasil estava 232 mil unidades atrás da Índia e 61 mil à frente da França. Agora estas diferenças são de 257 mil e 106 mil, respectivamente.

POR GRUPOS – Já o ranking de vendas por Grupo continua a apontar a Volkswagen como a líder. Até julho os alemães comercializaram 4,4 milhões de veículos leves, 1% abaixo do mesmo período de 2014. No encalço segue a Toyota, com 4,1 milhões e 2,7% abaixo. O top-3 tem a General Motors fechando o bloco, com 3% de queda.

A Hyundai é a quarta colocada, com 3,2 milhões e retração de 0,7%. Na quinta posição aparece o primeiro Grupo com resultado positivo do ano, a Ford, 2,8 milhões e 1,9% acima.

Completam os dez primeiros, pela ordem, Honda, FCA, Nissan, PSA Peugeot Citroën e Suzuki. Destes, apenas FCA e Nissan acumulam índices positivos, de 2,8% e 3,2%, respectivamente.

Concessionárias no pós-mobilegeddon

Se você notou que o tráfego de seu site diminuiu consideravelmente desde o dia 21 de abril, isso realmente ocorreu – e com muita gente. O fato é resultado direto do mobilegeddon, apelido dado à mudança do algoritmo do Google que premia os portais Mobile-Friendly, sites adaptados aos dispositivos móveis. Para muitos concessionários a redução de até mesmo alguns pontos em resultados de pesquisa, principalmente na primeira página, pode resultar em perdas de oportunidades e prejuízos financeiros.

O mobilegeddon gerou muitas discussões mas não dissipou as dúvidas de muitas concessionárias de automóveis que querem saber como manter seus sites no topo da lista nas buscas móveis. Primeiro é importante obter um entendimento mais profundo do que faz um site verdadeiramente em situação ótima para dispositivos móveis, para então desenvolver uma estratégia digital forte em um mundo pós-mobilegeddon.

De maneira geral os portais são adaptados para celular a partir de uma versão para computadores de mesa. Como resultado a integridade do portal é comprometida quando visto em um tablet, e sua funcionalidade é ainda mais limitada quando acionado de um smartphone. Esses assim chamados sites adaptáveis podem desencorajar os usuários e prejudicar bastante o ranking de um site na busca.

Atualmente é fundamental para os concessionários alavancar um design de site responsivo a fim de proporcionar experiência superior aos usuários móveis. Isso começa com a construção da versão móvel para, em seguida, adicionar funcionalidades para telas maiores – e não o contrário. O grande diferencial dos sites responsivos é a existência de apenas um site que funciona em todos os tipos de dispositivos. Além disso, ao adotar o mecanismo de projeto de sites conhecido como mobile-first, sua primeira versão será desenvolvida com foco nos celulares e o site terá os elementos de usabilidades essenciais para uma boa experiência do consumidor no universo de smartphones e tablets.

Ao contribuir para que os usuários encontrem as informações de que precisam a qualquer momento e em qualquer tamanho de tela, os concessionários passam a oferecer uma experiência móvel totalmente imersiva. Um design de portal que torna o conteúdo acessível é essencial em qualquer estratégia de marketing mobile-first. O design do portal responsivo é um fator crítico de uma estratégia eficaz de marketing, mas somente isso não captura os usuários móveis.

Compradores de carro buscam conteúdo de marketing desde a pesquisa inicial até decisão final de compra. Ao desenvolver conteúdo atraente que atenda a essas necessidades as concessionárias podem melhor servir os clientes, reforçar seus rankings de busca e enriquecer a experiência mobile do consumidor.

Em marketing digital diz-se que o conteúdo mais curto leva a um melhor engajamento; por outro lado, mesmo em um telefone móvel, os usuários lerão qualquer parte do conteúdo até a conclusão, se isso for interessante o suficiente. De fato conteúdos mais longos e aprofundados podem desempenhar papel importante em uma estratégia de marketing digital mobile-first. Quando os usuários se engajarem com um conteúdo por um período mais longo de tempo eles sinalizam aos mecanismos de busca que o conteúdo é de alta qualidade – o que, por sua vez, aumenta o ranking de um site.

Até pouco tempo as concessionárias somente publicavam o estoque de veículos em seus sites, mas isso não é mais suficiente para subir no ranking das pesquisas orgânicas. Nos dias atuais tornar ótimo o resultado do mecanismo de busca, o SEO, significa ter conteúdo de alta qualidade e relevância, oferecido por meio de experiência atraente para os visitantes sem sacrificar a usabilidade.

No passado os concessionários muitas vezes postavam somente informações de estoque simples nos seus sites, mas isso não é o tipo de conteúdo envolvente que ganha rankings elevados em pesquisa. É preciso uma estratégia digital abrangente para alavancar o marketing de conteúdo. Segundo dados da Search Optics esforços seguindo essa estratégia têm recebido, em média, um aumento de 62% no tráfego orgânico, resultando em mais de 250% de aumento no total de eventos, tais como novas pesquisas de estoque, engajamento móvel, clique para chamadas e muito mais.

O novo algoritmo de busca do Google coloca os consumidores em primeiro lugar, dando maior ênfase na qualidade da experiência do usuário. Mas o mobilegeddon deve ser adotado, e não temido, pelos marqueteiros digitais. As mudanças nos encorajam a produzir melhor conteúdo, o que é mais relevante para nossos clientes, equipando-os melhor para tomar decisões sobre as suas compras. Em outras palavras, agora temos mais oportunidades de alcançar clientes do que jamais tivemos.

*Eduardo Cortez é o presidente da Search Optics para a América Latina

 

Setor automotivo destaca união para superar declínio das vendas

Pela primeira vez os representantes das principais associações de classe que representam as empresas da cadeia automotiva reuniram-se para o 1º. Encontro Estratégico das Lideranças do Setor Automotivo, no Novotel Center Norte, na Zona Norte de São Paulo. O objetivo da reunião da segunda-feira, 31, era debater o futuro do setor de curto a longo prazo.

Se divergem em alguns pleitos e opiniões, os representantes da Abac, Anfavea, Febraban, Fenabrave, Fenauto e Sindipeças que subiram ao palco concordam em um ponto: é preciso união para superar o momento de adversidade que o setor atualmente enfrenta.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, sugeriu reuniões trimestrais para discutir o futuro da cadeia automotiva: “As demais associações do setor interessadas em ingressar nos debates são bem-vindas, venham nos procurar. Não podemos deixar de nos reunir, quem sabe a cada três meses, para manter essas discussões”.

Moan apresentou sua visão de futuro do setor automotivo nacional, após a aguardada passagem do ajuste fiscal e superação da crise. Segundo o executivo é importante fortalecer todos os degraus da cadeia para se preparar para a retomada – que, nas suas projeções, ocorrerá a partir do fim do segundo trimestre do ano que vem.

O presidente da Anfavea e Paulo Butori, presidente do Sindipeças, e Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, lembraram da recente parceria feita pelas três associações com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que permite o financiamento de fluxo de caixa dos fornecedores com a garantia da produção das montadoras. Mais parcerias como essa são esperadas pelas entidades que, segundo os executivos, caminham juntas.

Butori cobrou do diretor da Febraban, Leandro Vilain, menos entraves do setor financeiro para a liberação de crédito para as empresas do setor. “Os bancos privados deveriam participar mais e firmar mais parcerias com as autopeças, a exemplo do que foi feito pelo BB e pela Caixa”.

Vilain, por sua vez, destacou a aprovação da lei que facilita a retomada do veículo em caso de inadimplência. Segundo ele, dá maior segurança jurídica aos bancos e abre apetite para concessão de novos financiamentos, até com juros mais baixos, pela redução do risco.

Para Paulo Roberto Rossi, presidente da Abac, que representa as operadoras de consórcio, a modalidade pode ser uma grande aliada da indústria automotiva. Ele calculou que até o fim do ano a base de participantes do sistema chegará a 3 milhões. “As montadoras deveriam ampliar o uso de consórcios em suas estratégicas comerciais. Aumentar a base de consorciados é uma ferramenta importante para ajudar no escoamento da produção”.

A Fenauto, por sua vez, comemorou o crescimento de cerca de 4% nas vendas de usados neste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas Ilídio dos Santos, presidente da associação, demonstrou preocupação com o mercado de novos: “O ideal é que todos cresçam juntos, porque somos uma verdadeira cadeia setorial”.

Governo cria o Renave para facilitar negociações de usados

O governo anunciou na segunda-feira, 31, a criação do Renave, Registro Nacional de Veículos em Estoque, uma medida que ajudará a reduzir a burocracia na transferência de veículos usados e os custos para as concessionárias e consumidor.

Já publicado no Diário Oficial da União, o sistema ainda precisa ser oficialmente regulamentado pelo Contran e colocado em operação – algo que, nas estimativas do ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, deverá ocorrer apenas em março do ano que vem.

Cálculos apresentados pelo ministro preveem economia de R$ 6,5 bilhões por ano para o setor de distribuição – isso porque o Renave cria um sistema virtual de estoque, que dispensa a transferência do veículo da pessoa física para a concessionária. Cada operação dessa custa R$ 980, valor que poderá então ser abatido do preço ao cliente que adquirir esse veículo usado.

Atualmente, quando uma concessionária ou revenda adquire um veículo usado, seja para seu estoque seja como parte do pagamento de um novo, é necessária a transferência do documento para o nome da pessoa jurídica. Ao negociar novamente esse veículo, nova transferência é exigida. Eliminando uma dessas etapas com a nova via eletrônica, economiza-se o valor citado pelo ministro.

“Cada vez que o veículo é negociado essa transferência é feita por duas vezes”, explicou Gilberto Kassab, ministro das Cidades. “Acreditamos que a medida ajudará a desburocratizar as operações de compra e venda de automóveis e é benéfica para o consumidor, que poderá encontrar veículos por preços mais atraentes, e para o concessionário, que terá uma melhora na sua margem de lucro.”

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, acrescentou que a criação do Renave gera também maior segurança jurídica na operação às revendas, que terão mais transparência no processo e maior controle dos estoques. Também ao consumidor final, que poderá adquirir um produto com nota fiscal e três meses de garantia, 100% livre de multas ou despesas de proprietários anteriores.

“Além da economia”, acrescentou, calculando: “Um automóvel de R$ 20 mil, por exemplo, terá um desconto de 5% com a eliminação desse processo”.

O primeiro passo foi dado para os modelos usados, mas a ideia do governo é, mais adiante, adicionar modelos 0 KM ao sistema. Nesse caso não haverá economia financeira, mas ganho de segurança jurídica, pois a intenção é criar um histórico virtual dos veículos.

Agosto deverá fechar abaixo de 210 mil unidades vendidas

As vendas em agosto deverão fechar pouco abaixo de 210 mil unidades, mais exatamente na faixa de 208 mil. A previsão é de varejistas, levando em conta o resultado colhido até a sexta-feira, 28: foram 195 mil emplacamentos de autoveículos, de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData – restam apenas os índices da segunda-feira, 31, para o fechamento definitivo do mês.

Caso confirmado o resultado confirmará o cenário de retração no acumulado do ano na faixa de 21%, índice apurado até julho. As possíveis 208 mil unidades de agosto levariam o total dos oito primeiros meses deste ano próximo de 1 milhão 755 mil unidades, queda de 21,3% quando comparadas às 2,2 milhões dos primeiros oito meses de 2014.

O número previsto igualmente representaria a manutenção da média diária de vendas no País na casa de 10 mil unidades – serão 21 dias úteis em agosto –, patamar que tem se repetido insistentemente nos últimos meses e que claramente se configura como o novo padrão para este momento de retração no mercado nacional de autoveículos.

Na comparação com agosto do ano passado, de 272,5 mil emplacamentos, a projeção do varejo, caso confirmada, significaria baixa de 23,6%. E ante julho, de 227,6 mil, nova redução, esta de 8,6% – aquele mês contou com 23 dias úteis.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, confirmou a projeção: “A média diária de vendas se estabilizou, mas em agosto teremos dois dias úteis a menos. O mercado se acomodou”.

O executivo voltou a dizer que não espera reação antes do segundo trimestre de 2016.

Em setembro serão 21 dias úteis, assim como agosto: haverá o feriado do dia 7, Independência do Brasil, em uma segunda-feira.
Os resultados oficiais do mês serão revelados pela Fenabrave na quarta-feira, 2.

Mercedes-Benz adere ao PPE e demissões são canceladas

A Mercedes-Benz será a primeira montadora de autoveículos do País a aderir ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego, do Governo Federal. Com a decisão as 1,5 mil demissões previstas para ocorrer na terça-feira, 1º., estão definitivamente canceladas.

Um acordo costurado durante o fim de semana e votado em assembleia na manhã da segunda-feira, 31, também serviu para colocar fim à greve dos funcionários no ABCD, motivada pela decisão da montadora em realizar os cortes e iniciada uma semana antes, na segunda-feira, 24.

A negociação contempla estabilidade de emprego até 31 de agosto de 2016 aos quase dez mil funcionários da fábrica. Todos os horistas e mensalistas terão redução de 20% da jornada de trabalho e de 10% dos salários, vez que os outros 10% relativos à redução de jornada serão pagos pelo FAT, conforme as regras do PPE.

Haverá ainda congelamento da tabela salarial até dezembro de 2016 e o reajuste pelo INPC, no ano que vem, terá apenas metade incorporada aos salários na data-base, maio, enquanto a outra metade será paga como abono, em duas parcelas, no valor total de R$ 3 mil.

Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC comemorou a decisão. Seu presidente, Rafael Marques, considerou o processo como “uma negociação dura que chegou a um resultado final positivo após esforço conjunto dos trabalhadores, do Sindicato e também da empresa.Revertemos as demissões com o PPE, que é o programa certo para dar conta da situação de crise atual”.

Pela montadora, também em comunicado, o presidente Philipp Schiemer afirmou: “Estamos felizes pelas famílias e pelos nossos funcionários, que terão a garantia de emprego até o próximo ano. Isso representa um fôlego tanto para a Empresa quanto para os colaboradores diante de uma forte crise econômica no País”.

O executivo complementou: “As expectativas de vendas para o mercado de veículos comerciais em 2015 continuam negativas e não existe nenhuma previsão de recuperação no próximo ano. Nesse sentido, o País precisa de medidas para sair da recessão, controlando a alta inflação e as elevadas taxas de juros, retomando o crescimento econômico e despertando a confiança dos investidores para realizar novos negócios. A falta de estabilidade política e econômica gera uma desconfiança dos clientes, que deixam de investir no mercado brasileiro. Essa situação, se não resolvida, continuará ameaçando as empresas e a manutenção de empregos no País”.

Já o presidente da Anfavea, Luiz Moan, reafirmou que o PPE pode ajudar a proteger o nível de emprego no setor automotivo, além da condição da Mercedes-Benz como pioneira das montadoras de autoveículos a aderir ao programa – iniciativa que teve o apoio da associação desde sua gestação. Durante seminário sobre o setor automotivo em São Paulo na segunda-feira, 31, Moan considerou que “cada caso é um caso. Na General Motors em São José dos Campos, por exemplo, não houve negociação [para adesão ao PPE] por intransigência do sindicato. A Mercedes-Benz mostrou que o instrumento está aí e pode ajudar a evitar demissões”.

VW TAUBATÉ – Quadro similar na VW de Taubaté, onde os funcionários voltaram ao trabalho na segunda, 31, após 12 dias de greve. As cerca de cinquenta demissões, que iniciaram o movimento, também foram revertidas. Pelo acordo aprovado, haverá abertura de PDV na unidade.

O programa concede incentivos de cinco a quinze salários adicionas, dependendo do tempo de casa. Para empregados com comprovação de doenças ocupacionais, haverá adicional de um salário por ano de casa. A meta da empresa, de acordo com o sindicato local, é alcançar quinhentas adesões.

Em nota, a VW considerou que “a proposta aprovada é balanceada e possibilitará a adequação necessária da estrutura de custos e de efetivo da unidade”.

Audi recebe habilitação ao Inovar-Auto

Na reta final dos preparativos para a cerimônia que marcará o início da produção do Audi A3 Sedan na fábrica de São José dos Pinhais, PR, um importante documento foi publicado na edição do Diário Oficial da União de segunda-feira, 24: a habilitação da Audi, agora na condição de montadora, ao Inovar-Auto.

Desde o segundo trimestre alguns modelos pré-série já são montados na fábrica, que divide espaço com linhas de produção de automóveis Volkswagen – a nova geração do Golf, aliás, deverá  começar a ser produzido pouco depois do sedã da Audi. Apesar de compartilharem algumas peças e componentes, as linhas dos dois modelos serão independentes.

Porta-voz da Audi confirmou à reportagem a oficialização da companhia como montadora pelo Mdic: “[Esse documento] é a formalização de que estamos habilitados a começar a produção”.

Pela habilitação a companhia tem cota para importar 3,5 mil veículos isentos dos trinta pontos porcentuais do IPI majorado de setembro deste ano a julho do ano que vem.

Em entrevista à Agência AutoData em junho, Bernd Martens, integrante do board da Audi AG, afirmou que nesta primeira etapa vidros, bancos, revestimento do compartimento de bagagem, chicotes, tanques de combustível e a montagem dos eixos, dentre outros componentes, serão nacionais. O cronograma prevê a localização de novos itens a cada três meses, sempre em atendimento às exigências do Inovar-Auto.

A inauguração da fábrica ocorrerá na segunda quinzena de setembro. O Q3 nacional, segundo modelo Audi a sair das linhas brasileiras, começará a ser produzido em março de 2016.

Antes a Audi cumpriu outra importante etapa no seu processo de retorno à condição de montadora brasileira: fez a mudança de seu escritório-sede em São Paulo para outro mais moderno e integrado com a nova identidade que a empresa procura divulgar no Brasil. O novo escritório não fica muito distante da sede antiga, ambos na Zona Sul de São Paulo.

Greve continua na Mercedes-Benz

Em três horas de reunião na tarde de sexta-feira, 28, representantes da Mercedes-Benz e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não chegaram a um acordo para evitar a demissão de 1,5 mil trabalhadores da fábrica de caminhões e chassis de ônibus da companhia em São Bernardo do Campo, SP, agendada para a terça-feira, 1º de setembro.

Segundo comunicado divulgado pelo sindicato, nova negociação ocorrerá durante o fim de semana, ainda sem horário definido. Enquanto as duas partes não chegam um senso comum a greve, iniciada na segunda-feira, 23, segue por tempo indeterminado.

As demissões começaram a ser oficializadas na semana passada, quando os trabalhadores da fábrica ainda estavam em licença remunerada. Eles retornariam ao trabalho na segunda-feira, 23, mas em assembleia decidiram cruzar os braços para protestar contra as demissões.

Tanto sindicato quanto Mercedes-Benz sinalizam intenção de aderir ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego, que permite redução de jornada de trabalho com equivalente em salário bancado pela empresa, mas a metade da redução dos vencimentos seria arcada pelo FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador. A montadora, porém, avisou que somente isso seria insuficiente para recuperar a competitividade na fábrica do ABC, que, segundo a M-B, tem 50% de ociosidade.

A companhia deseja, dentre outras coisas, reposição parcial da inflação nos reajustes salariais do ano que vem. Os trabalhadores recusaram essa proposta no começo de julho e desde então há esse impasse nas negociações.