As vendas de etanol ensaiam um retorno aos tempos de pujança no País. No primeiro semestre deste ano as vendas do combustível vegetal, somadas as versões hidratado e anidro, cresceram nada menos do que 40% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O índice, preliminar, foi obtido pela Agência AutoData junto ao Sindicom, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes, que tem em seus quadros as maiores empresas do segmento no País, tais como Petrobras, Raízen, Ipiranga, Cosan, Ale e outras.
De acordo com a associação o crescimento do etanol mais do que compensou baixa da demanda por gasolina, de 5,8% no mesmo período. Desta forma, na primeira metade de 2015 o consumo de gasolina e etanol somados cresceu 1% no comparativo anual.
Entretanto o diesel, em queda de 2,4% no período, puxou o resultado geral preliminar do segmento de combustíveis no ano para baixo. O índice final, somando-se gasolina, etanol e diesel, será aproximadamente 0,5% inferior ao do primeiro semestre do ano passado, mas ainda assim para mais de 50 bilhões de litros. Os números completos deverão ser divulgados pelo Sindicom até o fim do mês.
Em junho, isoladamente, as vendas totais de combustíveis das distribuidoras associadas ao Sindicom foram 2,7% superiores às de maio. O destaque foi justamente o diesel, que cresceu 4,2% no mesmo comparativo. Para o sindicato, o resultado representa “um indicativo de reação e maior demanda desse produto”.
2G – Na quarta-feira, 22, a Raízen inaugurou em Piracicaba, SP, a segunda fábrica-piloto para produção de etanol de segunda geração – obtido a partir do reaproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar – do País. A iniciativa recebeu investimento de R$ 237 milhões, dos quais pouco mais de R$ 200 milhões via BNDES. A presidente da República participou da cerimônia de inauguração.
A capacidade de produção da usina é de mais de 42 milhões de litros por ano e a Raízen tem planos de construir mais sete unidades para a produção do etanol 2G até 2024, quando pretende atingir a marca de 1 bilhão de litros do combustível produzidos por ano.
Também chamado de etanol celulósico, o combustível vegetal de segunda geração pode elevar de 40% a 50% a capacidade de produção a partir da mesma área agrícola plantada, graças à destinação aos resíduos da produção tradicional – até então desperdiçados.
A expectativa do governo federal é que a partir do domínio completo da tecnologia pelo Brasil a produção nacional de etanol salte dos atuais 27 bilhões de litros ao ano para cerca de 40 bilhões de litros ao ano – o que elevaria também a média de produtividade das áreas plantadas de 6 mil para 10 mil litros de etanol por hectare.
O Brasil é o único país a fazer uso da tecnologia flex fuel em grande escala, o que gera maiores oportunidades para o etanol sem sacrificar uma opção do consumidor pela gasolina em tempos de escassez do combustível vegetal ou relação de preço desfavorável. Segundo dados da Anfavea no primeiro semestre de 2015 a participação dos modelos flex fuel no total de vendas de automóveis e comerciais leves no País foi de 88,2%, a mesma registrada no total do ano passado. Os modelos movidos exclusivamente a gasolina responderam por 5,6% e os diesel por 6,1%.
Pelo menos três dúvidas de bom tamanho atormentam, hoje, no Brasil, a vida dos executivos do setor automotivo, quase todos mergulhados na missão desta vez quase impossível de definir os contornos básicos do budget do próximo ano. São elas:
Letícia Costa, diretora da Prada Consultoria, aponta uma possibilidade na economia: a de que a inflexão rumo ao crescimento possa vir a acontecer, para o setor automotivo, em algum instante próximo ao segundo semestre do ano que vem. Mas que pode tomar uma outra forma, não a de retomada mas a de crise que simplesmente para de piorar. Ela aponta um risco político: o de a presidente da República ser mantida isolada, com poucos aliados no Congresso, como está hoje, até o fim de seu mandato. Para o setor automotivo, fabricantes de veículos e de autopeças, reservou recomendação: dediquem-se mais à reposição e à exportação.
O sempre otimista Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, afirmou durante sua apresentação no Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2015, na segunda-feira, 20, na Fecomércio, em São Paulo, que acredita em retomada do setor de caminhões no ano que vem. Sem citar números, o executivo disse que a produção e as vendas em 2016 deverão ficar em nível intermediário dos volumes de 2014 e 2015.
