Apenas duzentas unidades separaram líder do quarto colocado em abril

Abril terminou como um dos meses mais acirrados em termos de disputa pela liderança do ranking dos modelos mais vendidos de todos os tempos: nada menos do que quatro veículos de três montadoras brigaram unidade a unidade até o último dia útil do período, a quinta-feira, 30. E ao fim um velho conhecido sagrou-se campeão: o Fiat Palio.

A vitória do hatch compacto da Fiat – considerando-se suas duas versões de carroceria em oferta no mercado –, entretanto, foi apertadíssima: com 8 mil 841 emplacamentos, ficou somente 58 unidades à frente do Chevrolet Onix, com 8 mil 783, assim o vice em abril.

Os números do Renavam foram divulgados pela Agência AutoInforme na sexta-feira, 1º de maio. A Fenabrave fará a revelação oficial dos índices na terça-feira, 5.

A três dias do fechamento o Palio estava empatado com o Onix e perdia por 200 unidades para o HB20. O Hyundai, que liderou a maior parte do mês, perdeu a ponta na reta final e encerrou abril em terceiro, com 8 mil 753, a apenas trinta unidades do Onix e a 88 do Palio.

Fechando a empolgante disputa ficou a líder de março, Strada, em quarto com 8 mil 598: diferença de 155 unidades para o HB20, de 185 para o Onix e de 243 para o Palio.

Como referência, a média diária de vendas do Palio em abril foi de 442 unidades e, da Strada, 430. Ou seja: considerando-se o horário comercial de funcionamento regular de uma concessionária, em todo o mês o Palio venceu o quarto colocado por algo como uma tarde a mais de vendas.

Fecharam os dez primeiros de abril o Uno, 8 mil 14, Ford Ka, 7 mil 845, VW Gol, 7 mil 525, Renault Sandero, 7 mil 238, VW Fox, 5 mil 927, e Chevrolet Prisma, 5 mil 771, sempre de acordo com os dados da Agência AutoInforme.

Quem teve um mês muito bom foi o Toyota Corolla, em décimo-primeiro com 5 mil 760. Foi seguido pela VW Saveiro, com 5 mil 426, e pelo Honda HR-V, com um excepcional desempenho em seu primeiro mês de vendas, com 4 mil 958 emplacamentos, suficiente para lhe dar a décima-terceira posição de abril. Foi melhor que o Fiat Siena, 4 mil 793, e que o Hyundai HB20S, que fechou os 15 primeiros com 4 mil 419.

Dentro dos SUVs compactos o lançamento da Honda desbancou com facilidade seus rivais diretos, o Ford EcoSport, 24º. em abril com 2 mil 290, e o Renault Duster, com 2 mil 893. O Jeep Renegade registrou seus primeiros 575 emplacamentos no mês passado, e o Peugeot 2008, outra novidade desta faixa, estreou suas primeiras 181 unidades licenciadas.

Dois compactos que comumente ocupavam posições altas no ranking tiveram resultado fraco em abril: o VW Up!, que chegou a frequentar os dez mais em março, foi o 18º. com 3 mil 725 unidades emplacadas, enquanto o Ford Fiesta hatch registrou a 20ª. colocação, com 3 mil 401. Os dois ficaram à frente do Toyota Etios hatch, 22º. com 3 mil 179.

Setor automotivo é beneficiado em nova lista de ex-tarifários

Resolução publicada pela Camex, Câmara do Comércio Exterior, no Diário Oficial da União de quinta-feira, 30, reduz de 14%  para 2% a alíquota de importação de 177 bens de capital até 31 de dezembro  de 2016. Desses, 158 são referentes a novos pedidos e 19 são renovações.

Os itens, agora incluídos no regime de ex-tarifários, não possuem similar nacional e por isso podem agora fazer uso do benefício fiscal.

Em comunicado o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o MDIC, afirmou que os ex-tarifários incentivarão investimentos de US$ 1,9 bilhão no País. A aquisição de equipamentos importados deverá custar ao todo US$ 186 milhões.

O setor automotivo foi o segundo maior beneficiado na nova lista, com 31,3% do montante de investimentos, perdendo apenas para construção civil, com 46,3%. Na sequência aparecem os setores de energia, com 5,4%, cerâmica, 2,6%, bens de capital, 2,4%, autopeças, 1,68%, siderúrgico 1,4%, madeira e móveis, 1,1% e outros, com 3,2%.

Segundo o comunicado do MDIC dentro do setor automotivo os projetos beneficiados diretamente serão “aumento da capacidade produtiva de motores em Minas Gerais” e também o “fornecimento de linha de produção para a fabricação de peças estampadas de carrocerias de veículos no Paraná”.

Como exemplo, foi concedido benefício para “equipamentos geradores de vácuo pneumático, dotados de acumulador e sistema especial de sucção com cilindros plásticos com finalidade de garantir a não deformação de peças durante o processo de dobradura feito por robôs na linha de montagem de componentes de veículos”.

Um porta-voz do MDIC afirmou à Agência AutoData que não há pormenores sobre as empresas que farão uso dos benefícios e ressaltou que a lista é baseada em produtos sem similares nacionais e não nas companhias interessadas na aquisição.

Os produtos importados virão principalmente da Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão. Mas Áustria, Holanda, Taiwan, Coreia do Sul e Espanha também enviarão remessas ao País, de acordo com o MDIC.

Audiência termina sem acordo e greve na Chery completa 25 dias

Terminou sem acordo a audiência de conciliação da Chery com o Sindicato dos Trabalhadores de São José dos Campos realizada na quinta-feira, 30, no TRT da 15ª região, em Campinas, SP.

Com isso, a greve na unidade de Jacareí, SP, completou 25 dias. A unidade responsável pela produção do modelo Celer produz cerca de 25 unidades por dia e emprega 450 trabalhadores.

Em nota, a montadora afirmou que solicitou o novo encontro por estar empenhada em resolver a questão “o mais rápido possível”. No comunicado a empresa afirma que ofereceu reajuste de 54,3% no salário-base, que passaria a ser de R$ 1 mil 850, “valor já aprovado pelos funcionários durante assembleia realizada no último dia 27”.

Como contrapartida a Chery negociava o encerramento da paralisação, com compensação parcial dos dias paralisados no decorrer deste ano. “Os demais pontos reivindicados pelo sindicato seguiriam em negociação”, afirmou a montadora.

O comunicado da Chery considerou que “o sindicato manteve a postura intransigente e mostrou-se mais preocupado em enfatizar seu posicionamento contrário à terceirização, tema alvo de discussões no Congresso e na mídia nacional. Diante disso, a Chery lamenta e fica no aguardo da decisão do TRT”.

O sindicato, por meio de porta-voz, informou que as reivindicações incluem 32 pontos e não apenas o piso salarial. Segundo os representantes dos trabalhadores há necessidade de melhoria nas condições de segurança e alimentação na fábrica, dentre outros pontos citados como críticos pelos metalúrgicos.

Diante da discordância das partes o TRT julgará a greve, em data ainda a ser definida.

Secretaria da Saúde do Piauí compra 30 ônibus Volkswagen

Trinta chassis de ônibus VW Volksbus 9.160 serão responsáveis pelo transporte gratuito de pacientes a serviços médicos no Estado do Piauí. Os modelos farão o transporte a hospitais e postos de saúde públicos de Teresina e de outras cidades próximas para tratamentos de média e alta complexidade.

A estimativa é de que 1,5 milhão de pessoas de mais de 40 municípios sejam beneficiados – em alguns casos a viagem para atendimento médico no Piauí chega a 300 quilômetros.

Os veículos foram adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde do Piauí por meio do QualiSUS, projeto do Governo Federal de qualificação e atenção à saúde, com apoio do Ministério da Saúde e recursos do Banco Mundial.

Com 26 lugares e poltronas reclináveis e ar-condicionado, os veículos passam pelas cidades atendidas e buscam os pacientes em suas casas.

A entrega dos modelos foi realizada pelo Grupo Mônaco, concessionário da MAN Latin America no Piauí, que também fará o atendimento da frota.

Antônio Cammarosano, diretor de vendas nacionais da MAN Latin America, destaca que “o compromisso é entregar veículos de qualidade e também atender demandas que beneficiem a população”.

Quadrimestre confirma retorno aos níveis de 2009

Pela primeira vez desde 2009 o mercado brasileiro de autoveículos não alcançará a marca de 1 milhão de unidades vendidas nos primeiros quatro meses do ano. Segundo as projeções dos varejistas, sequer chegará a 900 mil veículos – ficará muito próximo, porém, retornando aos níveis de seis anos atrás, mantendo a trajetória do trimestre.

A um dia do encerramento do mês as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em abril somavam 209,6 mil unidades, de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. Em média foram emplacados pouco mais de 11 mil veículos por dia útil.

Fonte do varejo consultada pela reportagem projeta de 11 mil a 16 mil licenciamentos na quinta-feira, 30, último dia útil, fazendo com que abril feche com 220 mil a 225 mil emplacamentos, em torno de 24% abaixo das 293 mil unidades comercializadas no mesmo mês do ano passado. Na comparação com março, de dois dias úteis a mais – 22 a 20 – o resultado será próximo de retração de 5%.

Na mais otimista das projeções, de 225 mil unidades, as vendas alcançariam 899,3 mil unidades. Em 2009, última vez que o mercado brasileiro ficou abaixo de 1 milhão de veículos no primeiro quadrimestre, as vendas chegaram a 902,7 mil unidades.

Alcançado este resultado projetado pelos varejistas, os brasileiros consumiriam de janeiro a abril 19% menos veículos do que em igual período do ano passado – que teve 1,1 milhão de licenciamentos. A queda se agrava quando comparado com o primeiro trimestre, em que as vendas retraíram 17% com relação ao período de janeiro a março do ano passado.

Mas no meio de tantos dados negativos, a média diária aponta para o lado oposto. Em fevereiro estava em 10,9 mil unidades, caiu para 10,6 mil veículos no mês passado e deverá fechar abril acima de 11 mil veículos. O fato aponta indício de recuperação, mesmo que ligeira, a partir de maio, confirmando panorama observado na primeira quinzena de abril.

Os dados oficiais da Fenabrave serão divulgados apenas na terça-feira, 5 de maio.

A logística das idas e vindas

Estruturar o recebimento de peças que vêm de outros Estados brasileiros e também do Exterior de modo a não prejudicar a produção e nem acumular estoques foi um dos grandes desafios no processo de instalação do Polo Automotivo Jeep em Goiana, PE, inaugurado oficialmente na terça-feira, 28.

Assim como também não foi tarefa simples organizar a distribuição dos veículos produzidos em Pernambuco para todo o restante do País.

Para esses trabalhos a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, criou duas bases: a primeira em São Paulo, que recebe e distribui as peças, e a segunda em Betim, Minas Gerais, que centraliza a distribuição de veículos para o Centro-Sul do País. Os galpões estratégicos para as autopeças, chamados de cross-docks, estão distantes de Goiana em 2,1 mil quilômetros, no caso de Betim, e 2,8 mil quilômetros, em São Paulo.

“A grande maioria dos fornecedores Jeep estão instalados nas regiões Sul e Sudeste. Os caminhões menores sairão carregados dessas empresas e deixarão as peças e componentes nos cross-docks, os responsáveis por reorganizar o material em veículos de maior capacidade”, explica Mauricélio Faria, gerente de logística e distribuição da FCA para a América Latina.

“São estes, em menor número, que farão o transporte das peças para Goiana.”

Segundo o executivo essa operação reduzirá o volume de caminhões nas estradas e as viagens de idas e vindas de Goiana para outros Estados. Há ainda os fornecedores do parque anexo à fábrica da Jeep, que farão a distribuição just-in-time para o Centro de Distribuição de Carga, um galpão de 54 mil m² construído ao lado da unidade.

Ali as peças chegam na mesma ordem em que serão utilizadas na linha da Jeep.

“Esse modelo contribui na redução do estoque de peças, diminui as movimentações internas e, por consequência, o risco de danos aos materiais. É um modelo bem mais eficiente do que o tradicional.”

Também de modo a aproveitar ao máximo a capacidade de transporte de cargas dos caminhões foi estruturada a operação logística de distribuição dos veículos. Quando estiver a todo o vapor a fábrica da Jeep terá capacidade para produzir 250 mil veículos, dos quais 80% terão como destino os Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

AO CONSUMIDOR – A base de distribuição para as concessionárias dessas regiões será a fábrica de Betim. Os caminhões-cegonha sairão de lá com modelos Fiat para distribuição no Norte e Nordeste e voltarão com os Jeep, aumentando assim a eficiência dos carregamentos.

 “A Fiat vende em torno de 700 mil a 800 mil unidades por ano, das quais cerca de 20% na região Norte e Nordeste. Temos, portanto, caminhões-cegonha suficientes para transportar carros de uma fábrica para a outra sem desperdício de viagens, pois o volume Jeep inicialmente chegará a cerca de 140 mil a 150 mil unidades/ano.”

O executivo calcula que a estratégia logística poupará 23 mil viagens por ano, o que representa economia de 104 milhões de quilômetros e 42 milhões de litros de diesel, que por sua vez resultariam na emissão de 101 mil toneladas de dióxido de carbono.

A distribuição está nas mãos da Sada Transportes, que já realiza o serviço na unidade de Betim, MG, há muitos anos.

De acordo com Faria todo o transporte será feito por rodovias: “Teremos atenção especial com essa operação, porque precisamos evitar possíveis danos”. A preocupação e o zelo com os veículos são tamanhos que a FCA assumirá a operação no pátio de veículos de Goiana em vez de terceirizá-la para operadores logísticos especializados, como é o usual.

SUAPE – Faria revelou ainda que há previsão de exportação dos primeiros Jeep Renegade para países sul-americanos ainda este ano. Neste caso toda a logística será conduzida a partir do Porto de Suape, em Pernambuco.

“Fizemos um acordo com o governo local para a construção de um pátio de veículos em Suape. Ele está lá e é público, pode ser usado por qualquer montadora. Nós usaremos para exportação e importação de modelos que tiverem como destino as regiões Norte e Nordeste.”

Mais para frente, a depender de regulamentações e questões burocráticas, a FCA pretende fazer operações de cabotagem no porto, onde originalmente foi assentada a pedra fundamental da fábrica da Fiat que, em 28 de abril, foi inaugurada como legítima unidade Jeep.

Caminhões devem encerrar quadrimestre em baixa de 40%

Ainda que o segmento de caminhões alimente estimativas de recuperação de volumes a partir de maio, os índices do segmento em abril e no primeiro quadrimestre não serão exatamente animadores.

De acordo com cálculos preliminares da Agência AutoData baseados em números do Renavam, o volume de caminhões licenciados no acumulado dos primeiros quatro meses do ano deverá ficar muito perto de 25 mil unidades, o que representaria retração de 39,5% ante o mesmo período de 2014, 41,3 mil. Em volumes, a diminuição é de cerca de 16 mil caminhões, sendo que em todo o primeiro trimestre deste ano as vendas chegaram a 19 mil unidades.

A prévia da reportagem indica que abril encerrará com aproximadamente 5,7 mil caminhões emplacados no País – até a terça-feira, 28, foram 5,1 mil, média diária de 285 unidades, um pouco menor que a registrada em março, 295. Se confirmado o resultado representará queda de 48% ante abril de 2014, de 10,9 mil emplacamentos, e de 12% ante março, de 6,5 mil.

Estas 5,7 mil unidades ainda significariam o segundo mês mais fraco do ano até agora para o segmento, melhor apenas que fevereiro e suas 5,1 mil unidades. Até agora janeiro segue com o índice mais favorável, 7,7 mil, seguido por março.

Além disso o resultado de abril, se sacramentado, aprofundará a curva de queda no resultado acumulado de 2015 para caminhões, que ensaiara uma recuperação ao término do primeiro trimestre. Em janeiro o comparativo anual acumulado indicara retração de 29%, que desceu a 39,4% em fevereiro, evoluiu a 36,6% e agora deverá retornar à baixa de 39,5%.

Na segunda-feira, 27, durante evento promovido pela AutoData Editora, executivos das áreas de venda de MAN e Mercedes-Benz previram média de sete mil caminhões vendidos ao mês no País a partir de maio. “Parece pouco, mas se conseguirmos chegar a este patamar já será um bom avanço. Já não existe mais a expectativa de que a taxa do Finame irá cair, o que é bom, uma vez que essa possibilidade estava adiando as compras”, considerou Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America na ocasião.

ÔNIBUS – Por sua vez os chassis de ônibus devem encerrar o mês de abril com 1 mil 590 emplacamentos, de acordo com os cálculos da Agência AutoData realizados com base nos números do Renavam – até a terça-feira, 28, foram 1 mil 440 licenciamentos registrados para o segmento.

Caso confirmado este volume, abril fechará para os chassis de ônibus em queda de 29% ante mesmo mês de 2014, de 2,2 mil, e de 12% ante março, de 1,8 mil. No quadrimestre o resultado será próximo de 6,8 mil emplacamentos para o segmento, retração de 26% no comparativo com mesmo período de 2014, de 9,2 mil – no trimestre o índice foi negativo em 25%.

Ford investe US$ 1,3 bilhão para ampliar produção de motores no México

O complexo da Ford em Chihuahua, no México, receberá U$ 1,3 bilhão em investimentos para produzir até 1 milhão de motores por ano – o dobro da capacidade atual e equivalente a cerca de 10% da sua produção total no mundo.

Segundo a companhia, em comunicado divulgado à imprensa mexicana, uma nova geração de motores a gasolina será produzida na unidade, que também terá ampliadas as linhas dos propulsores I-4 e diesel.

Na segunda-feira, 27, houve a cerimônia de assentamento da pedra fundamental da nova fábrica de motores. A Ford não deu pormenores a respeito da nova geração que abastecerá mercados dos Estados Unidos, Canadá, América do Sul e a região Ásia-Pacífico.

 “Serão motores de alto rendimento e grande economia de combustível”, disse no comunicado o presidente e diretor geral da Ford no México, Gabriel López. “O investimento em Chihuahua abrirá novos horizontes, permitindo exportações para mercados onde ainda não tínhamos presença”.

O valor prevê também a ampliação da capacidade de produção dos motores I-4 e diesel, que equipam modelos comercializados nos Estados Unidos. No total serão gerados 1,8 mil postos de trabalho somados os dois projetos, de acordo com a companhia.

Em meados de abril a companhia havia anunciado US$ 2,5 bilhões de investimentos no México, para a ampliação de Chihuahua e a fabricação de transmissões em Guanajuato, que chegará a 800 mil unidades por ano.

O problema é o que vem depois

Há um ponto que emergiu no Workshop AutoData Tendências Setoriais – Caminhões, realizado na segunda-feira, 27, em São Paulo, que merece exame à parte. Trata-se da constatação de que, quando é demais, até incentivo governamental atrapalha.

Houve relativo consenso de que em parte, boa parte, a atual queda de vendas do setor superou todas as projeções e acabou alcançando proporções catastróficas porque, de tão elevados, os incentivos que existiam até o ano passado geraram fortes distorções no mercado.

E distorções tão pronunciadas que, a rigor, conforme também ficou evidente no evento, ninguém sabe mais dizer hoje, com maior dose de certeza, qual seria, afinal, o real tamanho do mercado doméstico de caminhões.

Ninguém acredita que seja tão grande quanto as 160 mil a 180 mil unidades/ano que chegaram a ser registradas em passado ainda nem tão distantes. Mas todos tem certeza, também, de que o número que agora se projeta para este ano, na casa das 80 mil a 90 mil, também é irreal, baixo demais – até porque todos se declaram convencidos de que o pior já passou e que a média diária de vendas tende a subir a partir de maio.

A verdade, conforme comentou um dos participantes do evento, deve estar em algum ponto que vai de um extremo ao outro. A questão é saber hoje qual seria, afinal, este ponto e, mais que isto, quando poderá ele ser alcançado. Em um ano? Dois?

Explica-se: para contornar a dura queda de vendas de caminhões nos dois primeiros meses do ano passado o governo manteve as linhas oficiais de crédito, em especial as ligadas ao PSI, com taxas de juros negativas e possibilidade de financiamento do valor quase que integral do bem.

Funcionou. O mercado, de fato, melhorou a partir do segundo trimestre. Mas, como agora já se sabe, esta melhora só aconteceu às custas de antecipações de compras por parte de transportadoras interessadas em não perder aquela oportunidade financeira. Neste contexto, um tanto da pronunciada queda de vendas que marca este princípio de 2015 explica-se a partir da constatação de que parte das unidades que deveriam ser vendidas agora já está no pátio das transportadoras desde meados do ano passado. Algumas ainda sem uso.

Outro tanto da queda vem a bordo das empresas transportadoras que, embora até tenham se sentido tentadas, acabaram não aproveitando, em 2014, a oportunidade dos juros negativos que foram abolidos pelo ajuste fiscal.

A questão é que não são poucos os empresários do transporte a apostar que como as vendas de caminhões estão, agora, até mais fracas do que no inicio de 2014, o governo acabará sendo obrigado a voltar às condições do ano passado. E, assim, adiam a compra.

Para colocar um pouco mais de condimento neste prato, vale ressaltar que, devidamente alimentada por tantos incentivos, a idade média das frotas das grandes transportadoras é hoje relativamente baixa, o que aumenta o fôlego para eventual adiamento das compras. No mínimo até que surjam, no horizonte, sinais bem evidentes de que a economia garantirá cargas a serem transportadas.

E há mais um pormenor: como nenhuma outra modalidade de crédito tinha como competir com os juros negativos do PSI as montadoras, seus concessionários e as próprias transportadoras têm de reaprender a trabalhar com CDCs, leasing e até consórcios. Saindo praticamente do zero. E tendo contra si, como termo de comparação, as condições financeiras utilizadas no ano passado.

Vale ressalvar que, com o ajuste fiscal, inflação alta, aumento do desemprego, projeção de PIB negativa e, de quebra, indefinições de toda ordem na área política, a queda nas vendas de caminhões neste inicio de ano seria inevitável.

É bastante provável, todavia, que sem o impacto simultâneo das distorções geradas pelo excesso de incentivos no ano passado, tudo tivesse ficado mais próximo do que estava projetado: queda suportável, na faixa de um dígito porcentual ou, no máximo, de dois dígitos baixos, não muito além dos 10%.

A dificuldade, agora, é trazer o setor de volta à sua realidade. Afinal, tal como comentou outro participante do evento, quando em excesso incentivo é como droga, tipo cocaína: gera dependência.

Pois é. E como os psiquiatras costumam dizer, o problema de se tratar um dependente de droga, seja ela qual for, é que no momento em que está sendo utilizada a vida do usuário fica uma maravilha. O problema, como aprendeu, agora, o setor automotivo, é o depois. É o que vem depois…

FCA estuda novo investimento na Argentina

A Fiat prepara um aporte na Argentina. Durante a inauguração da fábrica da Jeep em Goiana, PE, o CEO da Fiat Chrysler Automobiles, FCA, Sergio Marchionne, afirmou que haverá um investimento de “grande importância” para a unidade de Córdoba, na Argentina. As informações foram veiculadas pelo Argentina Autoblog.

Marchionne afirmou que os pormenores do investimento serão revelados em cerca de doze ou vinte meses. “Nas últimas 48 horas realizamos reuniões com a liderança da região para concluir a definição do portfólio da América Latina para os próximos anos. Tudo o que posso dizer é que haverá um produto e um investimento muito significativo para a fábrica de Córdoba”, afirmou a representantes da imprensa local o CEO em Goiana.

Recentemente Renault, Nissan e Mercedes-Benz anunciaram investimento conjunto para produzir picapes médias na Argentina. O CEO global negou que o projeto da FCA para a Argentina seja para atender este segmento – uma futura picape média da Fiat está nos planos da montadora, mas esta deverá ser produzida em Pernambuco, na mesma plataforma do Jeep Renegade.

A Argentina tem tradição na produção deste tipo de veículo: a Toyota produz ali a Hilux, a Ford a Ranger e a Volkswagen a Amarok. No Brasil são produzidas a Chevrolet S10, a Nissan Frontier e a Mitsubishi L200 Triton.

Ainda de acordo com o site argentino o Jeep Renegade fabricado em Pernambuco começará a ser comercializado na Argentina apenas em outubro. Durante a inauguração da unidade brasileira o CEO da companhia afirmou ainda que nos próximos dezoito meses dois novos modelos serão produzidos no local – o executivo não ofereceu outros pormenores, mas estes devem ser um segundo produto Jeep e a picape média Fiat.

Segundo o Argentina Autoblog o modelo Fiat é chamado internamente de Projeto 226, e representa uma picape de porte intermediário da S10 para a Strada – ou seja, similar à futura picape Renault, apresentada como o conceito Oroch –, com capacidade de carga para até uma tonelada.

Atualmente a unidade argentina da Fiat em Córdoba produz os modelos Palio e Siena, destinados especialmente àquele mercado.