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09/02/2015

VW demite oitocentos na Anchieta e trabalhadores decretam greve

Por Michele Loureiro

- 09/02/2015

Oitocentos funcionários da Volkswagen Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, que retornavam ao trabalho na terça-feira, 6, após férias coletivas de trinta dias, foram notificados pela montadora por telegrama de que não precisariam retornar às atividades. A confirmação da demissão dos trabalhadores, na mesma data, culminou em início de greve por tempo indeterminado na unidade.

Em três assembleias realizadas ao longo da própria terça-feira, 6, os cerca de 13 mil funcionários da unidade decidiram paralisar as atividades como forma de protesto e de reivindicação do cancelamento das demissões. Todos permaneceram na fábrica durante o horário de trabalho, porém sem atividades produtivas.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC há ainda temor por novos cortes – uma vez que a montadora reportou no ano passado excedente de 2,1 mil funcionários na unidade Anchieta.

Em nota a Volkswagen afirmou que a decisão de demitir os trabalhadores “visa estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade”.

A companhia reforça que diversas medidas de flexibilização da produção foram aplicadas desde 2013, como, por exemplo, férias coletivas e lay off, mas considerou que “no entanto todos os esforços não foram suficientes”.

O comunicado afirma ainda que “com foco na melhoria de competitividade da fábrica frente ao cenário atual de mercado e as projeções para 2015, a Volkswagen buscou uma alternativa junto ao sindicato, realizando um longo processo de negociação para a composição de uma proposta que permitisse a adequação necessária da estrutura de custos e efetivo da unidade. O resultado balanceado contemplava a continuidade de formas de adequação de efetivo por meio de Programas Voluntários com incentivo financeiro e também de desterceirizações temporárias para alocação de parte do excedente de pessoal, dentre outras medidas. Lamentavelmente a proposta foi rejeitada em assembleia realizada em 2 de dezembro”.

A montadora alegou que continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade, motivo pelo qual a empresa iniciou “primeira etapa de adequação de efetivo”.

Segundo comunicado de Wagner Santana, secretário-geral do sindicato, em junho de 2014 representantes da montadora procuraram os representantes dos metalúrgicos para relatar que não havia como manter o acordo aprovado para o período 2012 a 2016 – que previa estabilidade de emprego neste período – e então negociações para elaboração de ajustes foram iniciadas. “Após a rejeição da nova proposta pelos trabalhadores a empresa rompeu o acordo e tomou a iniciativa de se livrar daquilo que considera como custo, mas que para nós são pais e mães de família.”

O sindicato afirmou que a greve será mantida até que a montadora volte a negociar.

A VW reconhece que há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que inclui estabilidade no emprego, mas afirma que este foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que não se confirmaram. “Quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística atingisse a marca de praticamente quatro milhões de unidades em 2014. O que ocorreu de fato foi uma retração para 3,3 milhões.”

Mercedes-Benz – O sindicato do ABC ainda enfrenta outra situação de cortes em São Bernardo do Campo, SP: segundo os metalúrgicos 244 trabalhadores da Mercedes-Benz não tiveram o contrato de lay off – que se encerrou em 30 de novembro – postergado até 30 de abril e foram dispensados.

Uma manifestação de solidariedade aconteceu no portão principal da fábrica da montadora no início do primeiro turno de terça-feira, 6. Cerca de dois mil funcionários se reuniram para se mobilizar contra as demissões.

A montadora não confirmou o número de contratos de trabalho encerrados. Porta-voz afirmou apenas que a parcela do grupo que se mantém em lay off até 30 de abril é maioria.

Nas unidades do ABCD Paulista e Juiz de Fora, MG, aproximadamente 1,2 mil trabalhadores estavam afastados em regime de lay off. A montadora acrescentou que todos os empregados da unidade mineira tiveram o afastamento prorrogado, mas que no grupo paulista houve a abertura de um Programa de Demissão Voluntária e parte dos funcionários não teve o contrato renovado – mas não pormenorizou os números relativos.

Os custos com o lay off até 30 de abril serão pagos integralmente pela montadora, uma vez que os subsídios do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT, do Governo Federal, tem validade de cinco meses e já haviam sido utilizados pela montadora em primeira fase do lay off.


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