Impasse na fábrica da General Motors de São José dos Campos, SP, resultou no início de greve por tempo indeterminado. Em reunião com o sindicato local na quinta-feira, 19, representantes da montadora alegaram que há excedente de mão-de-obra na unidade e propuseram a realização de um novo lay-off, com duração de dois meses.
No dia 13 de fevereiro 798 trabalhadores que estavam em lay-off desde setembro de 2014 voltaram à fábrica. Todos teriam garantia de emprego até 7 de agosto, conforme acordo prévio.
Em entrevista à Agência AutoData o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, afirmou que a montadora alegou que caso o lay-off não fosse aprovado haveria 798 demissões. “Eles estavam decididos e disseram que a decisão tinha de ser tomada logo.”
Em duas assembleias realizadas na sexta-feira, 20, às 5h30 e às 14h30, os metalúrgicos foram informados sobre a proposta da GM e decidiram iniciar a greve.
Em nota a montadora afirmou que sua proposta apresentada para o complexo industrial do Vale do Paraíba foi “deturpada” pelo sindicato, porém a fabricante não concedeu pormenores do que foi negociado durante a reunião. A empresa disse que a greve “causou surpresa” e que não foi oficialmente comunicada pelo sindicato sobre o movimento, como determina a legislação.
A GM informou também que protocolou no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas o pedido de dissídio coletivo. Audiência de conciliação foi agendada para o dia 24 de fevereiro, às 15h30. Segundo a companhia “a expectativa é que os empregados do complexo industrial de São José dos Campos retornem ao trabalho imediatamente”.
De acordo com Mancha o sindicato compreende a situação de queda do mercado automotivo, contudo considera a proteção dos empregos primordial: “Fizemos uma contraproposta de colocar um outro grupo menor em lay-off por dois meses, desde que não houvesse nenhuma demissão na unidade. A empresa se recusou a aceitar essa hipótese, deixando clara a intenção de demitir.”
A exemplo da situação observada na unidade da Volkswagen em São Bernardo do Campo, SP, no início do ano – que chegou a anunciar a demissão de 800 trabalhadores – os funcionários da GM permanecerão dentro da fábrica durante o movimento de greve. No entanto, nenhum veículo será produzido.
Segundo o sindicato a fábrica tem cerca de 5,2 mil trabalhadores e produz 300 veículos por dia, dos modelos S10 e Trailblazer.
“Teremos assembleias diárias para acompanhar o andamento das negociações. A próxima será na segunda-feira, 23, às 5h30.”
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos terá eleições na próxima semana – dias 24 e 25 de fevereiro –, mas Macha garantiu que a greve não guarda relação com o pleito. “O que nós menos queríamos nesse momento era um movimento desta natureza. Preferimos tranquilidade durante as eleições.”
Em comunicado o presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, afirmou que entrou em contato na noite de quinta-feira, 19, com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, e solicitou que o governo federal faça intermediação nas negociações com a GM.
“A greve é nossa única forma de impedir uma demissão em massa na GM. Queremos convocar todas as centrais sindicais do País a se unirem aos trabalhadores daqui para lutar contra esse plano absurdo da montadora”, afirmou o dirigente sindical na nota.
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