AutoData - O Brasil é maior do que o buraco, diz Butori
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16/04/2015

O Brasil é maior do que o buraco, diz Butori

Por Alzira Rodrigues

- 16/04/2015

O setor de autopeças deve ter queda de produção inferior ao das montadoras, compensando parte da redução das vendas diretas para a indústria com aumento de exportação e melhor desempenho no mercado de reposição. O comentário foi feito na segunda-feira, 16, pelo presidente do Sindipeças, Paulo Butori, durante o Seminário AutoData Compras Automotivas:

“Tradicionalmente as montadoras respondiam por 55% a 50% do nosso faturamento, enquanto 25% a 30% advinha do aftermarket e o restante das exportações. Nos últimos anos a fatia dos negócios OEM subiu para 65% a 70%. Agora estamos no movimento reverso e nosso futuro está na reposição e na exportação”.

Segundo Butori, inclusive, este perfil tende a ser mais lucrativo, visto que os fornecedores têm grandes dificuldades de repassar custos para as montadoras, o que não acontece na mesma intensidade nos demais segmentos. O executivo informou ainda que está trabalhando com números similares ao da Fenabrave quanto às projeções do mercado interno este ano, que indicam queda de 15% nos negócios com automóveis e 25% nos caminhões.

Ao reconhecer que a crise do momento é maior do que se esperava inicialmente, Butori destacou que “o Brasil é maior do que o buraco, tudo passa”. Comentou ainda que “vamos sofrer muito”, avaliando que 2016 será um pouco melhor que 2015, mas ainda difícil, s só em 2017 virão dias efetivamente melhores: “Vai haver acomodação, muitas empresas vão sangrar, algumas vão quebrar. Mas também têm as que vão crescer”.

O presidente do Sindipeças insistiu na análise de que o Inovar-Auto não favoreceu como deveria a produção local da indústria de autopeças, acreditando que a partir de agora, em função da valorização do dólar, esse processo possa ser acelerado: “Talvez passe por aí um aumento da nossa produção. Tem muita nacionalização acontecendo por causa da taxa de câmbio”.

Butori chegou a admitir que o déficit comercial do setor poderá até cair este ano. A indústria de autopeças, que havia registrado superávit de US$ 2 bilhões em 2004, foi perdendo competitiva e encerrou 2013 com déficit de US$ 10,5 bilhões, valor ampliado para US$ 14 bilhões no ano passado. Sem falar em números absolutos, insistiu que tudo indica que haverá crescimento das exportações e, em consequência, redução do déficit.


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