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17/04/2015

Renovação pede passagem

Por Leandro Alves

- 17/04/2015

A frota de ônibus urbanos envelhece no Brasil. Desde as manifestações populares em junho de 2013 centenas de veículos foram queimados em protestos por melhores condições no transporte público, manutenção de tarifas e, em alguns pontos do País, por reformas políticas.
Empresários de diversos municípios postergaram investimentos em aquisições e, em meio à aguardada virada de mercado e retomada de vendas, 2015 começou com boas notícias para o segmento de chassis de ônibus.

Enquanto os comparativos da indústria automotiva em geral apontaram queda em janeiro deste ano com relação ao mesmo período de 2014, os licenciamentos do segmento total de ônibus [urbanos e rodoviários] avançaram 8%, segundo números da Anfavea.

Foram negociados 1 mil 875 chassis de ônibus no primeiro mês deste ano versus 1 mil 735 em janeiro do ano passado. No caso específico dos urbanos as vendas atingiram, respectivamente, 1 mil e 10 unidades e 539, com o expressivo crescimento de 87,4%. Um resultado que pode indicar o retorno à trajetória positiva no transporte coletivo.\

Luís Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, garante que há indícios de “que tudo retornará ao seu caminho”. E justifica: “O reajuste das tarifas foi feito em diversos municípios, tal como esperávamos. Isso deve motivar o empresário a investir em renovação de frota. Além disso o fato de estarmos em ano que precede eleições municipais também é positivo, pois tradicionalmente é neste perío­do que ocorrem muitas compras”.

VIÉS DE ALTA – Apesar da queda de 10% no acumulado do ano passado, quando foram emplacados 15,3 mil ônibus urbanos no País, segundo a Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, o segmento vem mostrando recuperação desde setembro. De janeiro a agosto as vendas caíram 17,6% ante o mesmo período de 2013, enquanto de setembro a dezembro houve alta de 7,7% no mesmo comparativo.

Com relação a 2015 Pimenta evita traçar projeções absolutas para o mercado e afirma, por ora, aguardar estabilidade com viés de alta na comparação com 2014: “É importante destacar que os licenciamentos de janeiro e fevereiro dizem respeito aos chassis faturados de setembro a novembro do ano passado, considerando o intervalo para o encarroçamento”.

Segundo o executivo, no período ocorreu antecipação de compras: “Já se sabia que as condições do Finame mudariam em 2015 e, dadas as dificuldades operacionais da linha do BNDES neste início de ano, as vendas fracas de janeiro terão reflexos em março”.

Mesmo com a baixa esperada Pimenta está confiante: “A partir do segundo trimestre a tendência é a de crescimento nas vendas de ônibus. Principalmente com a mencionada questão da sazonalidade das eleições municipais, que deve ocorrer se mantida a lógica de mercado”.

Para Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America, o mercado deste ano “será equivalente ou um pouco melhor que o do ano passado”. Ele argumenta:

“A média dos empresários em todo o País não renova frota há dois ou três anos e precisa atender às legislações locais de idade dos veículos. Dessa maneira deve-se iniciar um movimento com prefeituras e órgãos gestores”.

Já uma alta consistente de vendas de ônibus depende, na análise de Alouche, das compras do governo voltadas ao programa Caminho da Escola:

“Se o governo federal licitar e comprar um volume adicional de chassis o mercado crescerá. No ano passado foram cerca de 2 mil veículos. A nova licitação ainda não ocorreu e a expectativa é a de que aconteça até o início do segundo trimestre”.

SUBSTITUIÇÃO – Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, pondera que novas compras ocorrerão, sim, neste ano com o objetivo de renovar as frotas municipais.

A tendência, porém, é a de que um chassi articulado substitua outros três convencionais, o que pode não ser tão representativo em termos de alta comparativa de volumes.

“Praças como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão dentre as maiores do País, devem optar cada vez mais por corredores e BRTs. Ou seja: menos carros para transportar mais passageiros com mais conforto e rapidez e menos emissões. Por isso estimo volume no máximo igual ao do ano passado, o que não é negativo sob esta ótica da evolução do transporte.”

Humberto Spinetti, diretor de negócios de ônibus e veículos de defesa da Iveco para a América Latina, concorda com a evolução no transporte urbano: “Novas exigências, como ar-condicionado, devem contribuir com a renovação de frota”.

Sílvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus urbanos da Scania, também aposta no que chama na nova estrutura de transporte:

“Cidades paulistas de médio porte deverão adotar o BRT em breve. Santos e Sorocaba sinalizam que utilizarão os corredores, enquanto a bilhetagem eletrônica se espalha rapidamente. O aumento da capacidade e da qualidade do transporte público é uma pressão positiva”.


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