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22/04/2015

Tipo automóvel

Por Viviane Biondo

- 22/04/2015

Robôs soldam e pintam carrocerias modernas, feitas de materiais cada vez mais leves para reduzir o consumo de combustível e as emissões. O desenvolvimento dos bancos do veículo, por sua vez, leva em conta aspectos de ergonomia para garantir o conforto a bordo, complementado por ar-condicionado e até wi-fi, em alguns casos.

A apresentação, que até lembra a de um automóvel, é na verdade a de um ônibus urbano, conceito que deve ganhar, ainda que aos poucos, as ruas de todo o País. Municípios em diversas regiões já publicaram cronogramas para instalação de ar-condicionado em suas frotas, o que deve contribuir para acelerar a renovação no transporte urbano.

No município de São Paulo, que abriga a maior frota do País, menos de 1% dos chassis conta com sistema de refrigeração, o que representa uma oportunidade e tanto para a indústria no médio prazo. Segundo portaria publicada em 22 de janeiro, ainda não regulamentada e sem prazo definido, “todos os veículos vinculados aos serviços de transporte coletivo de passageiros deverão ter equipamentos de ar-condicionado”.

Movimentos nesta direção ocorrem em diversos municípios: no Rio de Janeiro 30% da frota circulante têm ar?condicionado e o cronograma prevê salto para 80% até 2016.

Em Fortaleza toda a frota deverá ter ar-condicionado até 2020 e, em Porto Alegre, até 2024. Os prazos podem ser alterados pelos respectivos governos. De todo modo é um sinal positivo para a indústria e para os passageiros.

CONCEITO AMPLIADO – Avanços inicialmente possíveis apenas nos veí­­culos articulados, que circulam em corredores, gradualmente chegam às linhas alimentadoras e até mesmo aos chassis menores, caso do embarque e desembarque facilitados, como conta Silvan Poloni, gerente de vendas da Agrale, que destaca o chassi para micro-ônibus com piso baixo e motorização traseira: “Esse conceito, antes restrito aos corredores, pode ser utilizado em todas as vias urbanas. Ele reduz o tempo de parada nos pontos e, dessa forma, contribui para viagens mais rápidas. Com suspensão pneumática integral, aumenta o conforto”.

Além de piso baixo e suspensão a ar a transmissão automatizada deve aumentar no transporte urbano. Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, revela que hoje 80% das vendas da fabricante são de chassis com transmissão manual, o que deve mudar:

“Nos próximos cinco ou oito anos essa curva será inversa. É um processo gradativo, mas virá”.

Segundo o gerente da Agrale nos últimos anos os avanços no transporte urbano foram inúmeros, “tanto com relação aos agentes que operam os sistemas, como concessionários e permissionários, quanto na legislação que regulamenta a operação, os veículos e a qualidade geral dos serviços aumentou. Adequamos os chassis às normas de emissões, de acessibilidade, de segurança e com sistemas de freios ABS. Tudo para proporcionar conforto e segurança aos passageiros”.

A redução no tempo das viagens, principalmente graças ao tráfego em corredores especiais, deve atrair mais passageiros ao sistema público. E segundo análise de José Antônio Fernandes Martins, presidente da Fabus e diretor da Marcopolo, contará com reforço da conjuntura econômica este ano: “A recomposição de tarifas administrativas e a alta nos combustíveis e energia elétrica pesarão no bolso no consumidor, que deve deixar o automóvel para o fim de semana e preferir os ônibus. Isso deverá ter consequências positivas ao mercado e impulsionar renovações”.

ENCARROÇAMENTO – O primeiro bimestre do ano não representou grandes negócios para as fabricantes de carrocerias de chassis de ônibus.

Para Martins, contudo, o baixo volume nos pedidos de encarroçamento no primeiro bimestre não assusta:

“São meses tradicionalmente fracos, que foram agravados pelas dificuldades de financiar e pelas incertezas na economia. O que motiva os empresários é a confiança no governo e, após as últimas medidas, isso tem aumentado. O mercado urbano vem se recompondo e está comprador. Creio que os corredores continuarão aumentando no Brasil”.

Para Maurício Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, “quando os indicadores econômicos apontarem estabilidade do mercado haverá uma retomada da demanda normal de produção”.

Mas enquanto ela não vem fabricantes de carrocerias aguardam com estrutura pronta para combinar customização e competitividade.

A Comil investiu mais de R$ 110 milhões em sua operação em Lorena, SP, e a Volare, unidade independente da Marcopolo, R$ 35 milhões em São Mateus, ES. O aporte deverá chegar a R$ 100 milhões ao final do projeto.

Em Lorena a aposta foi no princípio de consórcio modular e automatização: lá 75% dos serviços de solda são feitos por robôs, também usados na pintura. Além disso a fábrica está estrategicamente localizada perto dos principais fornecedores de chassis e mercados consumidores de ônibus urbanos: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo respondem por 66% deste segmento.

Já a Volare, no ES, chega para reduzir custos de logística e também ampliar a competitividade.

O projeto conta com alto nível de automação e processo linear de produção que permite a montagem de conjuntos e kits in loco para abastecer a linha de montagem em tempo real, com significativa redução na movimentação dos veículos.


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