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27/05/2015

Exportações: só potencial não basta para ganhar o jogo.

Por Alzira Rodrigues

- 27/05/2015

O Brasil tem potencial para exportar mais caminhões, mas a retomada não acontece de uma hora para a outra. Crescimento, mesmo, só deve ocorrer a médio e longo prazo. A análise foi apresentada pelo vice-presidente de vendas e marketing internacional da MAN Latin America, Marcos Forgioni, na segunda-feira, 27, em palestra sobre exportações do segmento no Workshop AutoData Tendências Setoriais – Caminhões:

“O Brasil tem o que exportar e tem condições de ampliar seus negócios no Exterior. Sem dúvida temos potencial. Mas só potencial não ganha o jogo”.

Forgioni destacou três fatores que considera essenciais para que a indústria automotiva nacional amplie suas exportações. Em primeiro lugar, a previsibilidade: “É difícil administrar vendas externas com o dólar variando de R$ 1,70 a R$ 3,20 em período relativamente curto considerando o perfil dos negócios externos.” Em segundo a necessidade de acordos comerciais na área de caminhões, citando o caso do México, que mantém parcerias com vários países nessa área e, no caso, o Brasil está de fora. Por último defende ser importante haver um instrumento de financiamento para quem quer comprar produto brasileiro: “Até existem alguns instrumentos em vigência, mas eles esbarram no excesso de burocracia. Há caso em que houve demora de um ano para o crédito ser aprovado”.

O vice-presidente da MAN apresentou um amplo balanço dos mercados latino-americanos e sul-africanos, regiões que concentram os principais negócios externos da companhia. Na América Latina, por exemplo, as vendas de caminhões chegaram a 285 mil unidades no ano passado, das quais praticamente a metade foi comercializada no Brasil: “Ou seja, há um outro Brasil na América Latina”. Comentou ainda sobre as especificidades de cada mercado, citando, por exemplo, que no Peru concorrem 62 marcas de caminhões, número que no Brasil está restrito a doze.

No caso da África as vendas de caminhões atingiram no ano passado 99 mil unidades.

No primeiro trimestre deste ano as vendas de caminhões na região latino-americana caíram 2%. Na avaliação de Forgioni o resultado do ano deverá ser estável em relação a 2014, com perspectiva de pequeno crescimento em 2016. Desde 1981, quando exportou seu primeiro veículo, a MAN totalizou vendas para fora de 130 mil caminhões, dos quais 75% embarcados nos últimos dez anos. “Nos próximos dez anos podemos mudar de patamar, mas não acredito em recuperação no curto prazo.”

Dentre as dificuldades enfrentadas na área externa o executivo destacou a questão da legislação de emissões: “Alguns países ainda estão no Euro 1, outros no Euro 0. Não temos como colocar Euro 5 nesses mercados por causa do preço, mais elevado. É só lembrar que até hoje não conseguimos repassar todos os custos do Euro 5 para os caminhões vendidos internamente”. Outro desafio é manter rede de vendas e assistência técnica em todos os países compradores – a MAN tem hoje 183 concessionárias na América Latina e África do Sul. Mantém linhas de montagem no México, Colômbia e África do Sul.

Com relação à conquista de mercados novos, Forgioni diz que sempre há oportunidades. Citou a África do Norte, um mercado com potencial, mas destacou que hoje os países dessa região são abastecidos pelos fabricantes europeus.


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