AutoData - A logística das idas e vindas
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01/06/2015

A logística das idas e vindas

Por André Barros

- 01/06/2015

Estruturar o recebimento de peças que vêm de outros Estados brasileiros e também do Exterior de modo a não prejudicar a produção e nem acumular estoques foi um dos grandes desafios no processo de instalação do Polo Automotivo Jeep em Goiana, PE, inaugurado oficialmente na terça-feira, 28.

Assim como também não foi tarefa simples organizar a distribuição dos veículos produzidos em Pernambuco para todo o restante do País.

Para esses trabalhos a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, criou duas bases: a primeira em São Paulo, que recebe e distribui as peças, e a segunda em Betim, Minas Gerais, que centraliza a distribuição de veículos para o Centro-Sul do País. Os galpões estratégicos para as autopeças, chamados de cross-docks, estão distantes de Goiana em 2,1 mil quilômetros, no caso de Betim, e 2,8 mil quilômetros, em São Paulo.

“A grande maioria dos fornecedores Jeep estão instalados nas regiões Sul e Sudeste. Os caminhões menores sairão carregados dessas empresas e deixarão as peças e componentes nos cross-docks, os responsáveis por reorganizar o material em veículos de maior capacidade”, explica Mauricélio Faria, gerente de logística e distribuição da FCA para a América Latina.

“São estes, em menor número, que farão o transporte das peças para Goiana.”

Segundo o executivo essa operação reduzirá o volume de caminhões nas estradas e as viagens de idas e vindas de Goiana para outros Estados. Há ainda os fornecedores do parque anexo à fábrica da Jeep, que farão a distribuição just-in-time para o Centro de Distribuição de Carga, um galpão de 54 mil m² construído ao lado da unidade.

Ali as peças chegam na mesma ordem em que serão utilizadas na linha da Jeep.

“Esse modelo contribui na redução do estoque de peças, diminui as movimentações internas e, por consequência, o risco de danos aos materiais. É um modelo bem mais eficiente do que o tradicional.”

Também de modo a aproveitar ao máximo a capacidade de transporte de cargas dos caminhões foi estruturada a operação logística de distribuição dos veículos. Quando estiver a todo o vapor a fábrica da Jeep terá capacidade para produzir 250 mil veículos, dos quais 80% terão como destino os Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

AO CONSUMIDOR – A base de distribuição para as concessionárias dessas regiões será a fábrica de Betim. Os caminhões-cegonha sairão de lá com modelos Fiat para distribuição no Norte e Nordeste e voltarão com os Jeep, aumentando assim a eficiência dos carregamentos.

 “A Fiat vende em torno de 700 mil a 800 mil unidades por ano, das quais cerca de 20% na região Norte e Nordeste. Temos, portanto, caminhões-cegonha suficientes para transportar carros de uma fábrica para a outra sem desperdício de viagens, pois o volume Jeep inicialmente chegará a cerca de 140 mil a 150 mil unidades/ano.”

O executivo calcula que a estratégia logística poupará 23 mil viagens por ano, o que representa economia de 104 milhões de quilômetros e 42 milhões de litros de diesel, que por sua vez resultariam na emissão de 101 mil toneladas de dióxido de carbono.

A distribuição está nas mãos da Sada Transportes, que já realiza o serviço na unidade de Betim, MG, há muitos anos.

De acordo com Faria todo o transporte será feito por rodovias: “Teremos atenção especial com essa operação, porque precisamos evitar possíveis danos”. A preocupação e o zelo com os veículos são tamanhos que a FCA assumirá a operação no pátio de veículos de Goiana em vez de terceirizá-la para operadores logísticos especializados, como é o usual.

SUAPE – Faria revelou ainda que há previsão de exportação dos primeiros Jeep Renegade para países sul-americanos ainda este ano. Neste caso toda a logística será conduzida a partir do Porto de Suape, em Pernambuco.

“Fizemos um acordo com o governo local para a construção de um pátio de veículos em Suape. Ele está lá e é público, pode ser usado por qualquer montadora. Nós usaremos para exportação e importação de modelos que tiverem como destino as regiões Norte e Nordeste.”

Mais para frente, a depender de regulamentações e questões burocráticas, a FCA pretende fazer operações de cabotagem no porto, onde originalmente foi assentada a pedra fundamental da fábrica da Fiat que, em 28 de abril, foi inaugurada como legítima unidade Jeep.


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