AutoData - Em busca do zero acidente
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15/06/2015

Em busca do zero acidente

Por Décio Costa

- 15/06/2015

Desde 2012 a Volvo, na Suécia, persegue o desafiador cenário do trânsito sem nenhum acidente, um posicionamento aprovado pelo parlamento sueco em 1997. O Zero Acidente, como se convencionou chamar a filosofia adotada pela empresa, foi abraçado pela operação brasileira o ano passado. “Trata-se de uma visão ética”, observa J. Pedro Corrêa, consultor da Volvo especializado em segurança no trânsito. “Não é ético esperar ou aceitar que um ser humano torne-se vítima fatal em um acidente de trânsito.”

A meta é um ideal de futuro e pressupõe um pacto social, no qual todos os agentes envolvidos no transporte, como indústria, empresas, autoridades e usuários, colaboram de alguma maneira no cumprimento do objetivo. Apesar de ousado e parecer até um sonho distante, alguns resultados: em dez anos o número de acidentes de trânsito por ano na Suécia caiu pela metade, de seiscentos para 260.

A realidade sueca, claro, é muito diferente da brasileira, onde os acidentes acontecem anualmente aos milhares. O que não significa, porém, problema sem solução. Sob o chapéu do tradicional PVST, Programa Volvo de Segurança no Trânsito, o Zero Acidente e como torná-lo possível foi tema de seminário organizado pela Volvo na sede da NTC&Logística, Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística, em São Paulo, na tarde de quinta-feira, 14. No evento debateram propostas representantes de associações de classe e de empresas ligadas ao transporte.

No seminário ficou claro que um dos caminhos sem volta para garantir um possível cenário sem acidentes será a adoção da recém-criada certificação ISO 39001 – Road Traffic Safety Management. Publicada em 2012, surgiu para integrar os sistemas gestão sob o ponto de vista da segurança viária.

“A certificação é aplicável a qualquer organização na qual o trânsito impacta de alguma maneira o negócios, escolas, shoppings, supermercados, por exemplo”, ressalta Paulo Gottlieb, sócio-diretor da TRS Engenharia, empresa especializada em soluções de segurança viária. “Diferentemente das certificações de qualidade, que viram moeda para fazer concorrência, a 39001 permite desenvolver um linguagem única, os resultados são multiplicados para todos. É aplicada para reduzir os riscos, não atua somente na causa.”

De maneira resumida, a certificação apresenta maneiras para que a empresa faça um diagnóstico da segurança viária, como número de acidentes e custo deles, análise os riscos nos processos de transporte, aplique ações corretivas e preventivas, verifique regularmente a efetividade das ações e, por fim, estabeleça planos de ações.

“A 39001 é mais adequada do que a própria ISO 9001. Enquanto a 9001 é focada essencialmente em qualidade, a 39001 é voltada especificamente para a redução de acidentes, mortes e feridos. Assim, o transportador terá segurança, mas sem abrir mão da qualidade.”

Por ser relativamente nova, são poucas as empresas certificadas no mundo. De acordo com Gottlieb, ao todo são trinta e apenas uma na América Latina, a YPF, na Argentina. “Mas o potencial é grande, a começar com os benefícios em seguradoras e gestoras de risco”.

O representante da TRS Engenharia conta o caso da FM Conway, uma operadora logística britânica que após a certificação o desconto obtido junto à seguradora rendeu recurso suficiente para pagar o certificado e ainda manter a manutenção da certificação pelos próximos sete anos.

A ISSO 39001 está em processo de tradução e adequação à realidade brasileira na ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. A Volvo, no entanto, já lançou o manual de aplicação da norma, disponível para download no www.pvst.com.br.


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