AutoData - Adeus ao pedal da embreagem
news
19/06/2015

Adeus ao pedal da embreagem

Por Viviane Biondo

- 19/06/2015

Os baixos volumes da indústria automotiva neste início de ano não alteraram os planos das fabricantes de transmissões no País para os próximos anos. Convictas de que a automatização das caixas é o caminho natural para a frota brasileira, empresas como a Voith mantêm a meta de crescer, principalmente na fatia que representa os ônibus urbanos.

Rogério Pires, diretor de desenvolvimento de negócios da divisão de veículos comerciais, acredita que até o fim deste ano a fabricante atenderá todas as montadoras de ônibus instaladas no Brasil: “Fornecemos caixas automáticas para Mercedes-Benz, Volvo e, mais recentemente, MAN Latin America. Considerando a alta demanda pelas caixas automáticas e os futuros contratos de fornecimento, nossa projeção é passar das atuais 2 mil caixas/ano para 5 mil/ano” – o executivo não revela o período estimado para atingir este volume, mas o plano é de médio prazo.

O executivo calcula, no entanto, que o atual mercado desaquecido representará queda de produção das transmissões montadas na unidade do bairro do Jaraguá, em São Paulo, neste 2015.

“A baixa não deve ultrapassar 10% frente às 2 mil do ano passado. Ainda assim, ampliaremos nossa participação de 50% para 60% na fatia de ônibus articulados com piso baixo e motor traseiro que ganham os corredores de todo o País.”

O executivo também não revela o atual índice de nacionalização das transmissões, mas afirma que com a demanda crescente o avanço na localização dos componentes utilizados em sua montagem vem a reboque. “A qualidade de vida no transporte público estava fora de propósito, por isso projetos para a melhoria da mobilidade devem se manter, caso do aumento dos corredores de ônibus.”

RENOVAÇÃO – Alexandre Marreco, gerente de desenvolvimento de negócios de sistemas de transmissão da ZF, calcula que hoje 80% dos ônibus no País usam transmissão manual e 20% automática. “Em 2000 essas caixas sequer existiam. A certeza é de que essa curva irá se inverter, mas a velocidade com que isso acontecerá depende do ritmo de renovação das frotas.”

Amaury Rossi, diretor de desenvolvimento de mercado da Eaton, vislumbra a retomada do mercado automotivo a partir de 2016. “O mercado está fraco hoje, mas não podemos nos abater. A tecnologia de caixas automáticas e automatizadas virá, não há dúvidas. Tanto que mantemos os investimentos e teremos novos contratos de fornecimento de caixas automatizadas a montadoras em breve.”

Rossi justifica que a falta de motoristas qualificados, mesmo em tempos de economia em baixa, motiva o empresário a optar pelas caixas inteligentes: “A redução de consumo e de desgaste prematuro de componentes reduz o custo operacional, o que sem dúvida é interessante ao frotista”.

Thomas Schmidt, diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação da ZF para América do Sul, destaca que mesmo com os avanços em tecnologias do motor a transmissão é peça fundamental para se aferirem benefícios na operação: “O powertrain hoje automatiza ações que antes eram do ser humano. Tira-se o peso do trabalho mecânico do motorista, que pode dedicar mais atenção à segurança”.

Marreco, da ZF, afirma que no anda-e-para das cidades as caixas automáticas tornam os ganhos mais perceptíveis, enquanto nas aplicações rodoviárias as automatizadas revelam melhores resultados.

A ZF fornece a caixa AS Tronic automatizada para caminhões DAF, Ford, Iveco e MAN Latin America, além da automática Ecolife para ônibus Mercedes-Benz.

“O mercado está retraído neste início de ano, mas tem potencial de recuperação a partir do segundo semestre”, analisa o gerente de desenvolvimento de negócios da ZF. Ele entende que “com mais clareza após os ajustes econômicos, os frotistas retomarão as compras. O custo operacional ainda é preponderante na decisão de compra e, por isso, as transmissões automáticas e automatizadas devem continuar a ganhar mercado”.