AutoData - Honda Sumaré chega à maioridade de bem com o Brasil
news
22/06/2015

Honda Sumaré chega à maioridade de bem com o Brasil

A fábrica da Honda de Sumaré, SP, completará dezoito anos no começo de outubro, mas a empresa já comemora essa maioridade. Não sem motivo para tanta antecipação: em um mercado de vendas declinantes e seguidas notícias de demissões ou lay-offs, a primeira fábrica de automóveis da empresa no Brasil registrou vendas 15% maiores no primeiro quadrimestre e tem que contornar agora demanda superior à oferta de seus produtos e, para isso, até lança mão de horas adicionais.

A unidade de Sumaré trabalha em dois turnos e mais 1h40 extra para cada um deles. Ainda assim a espera pelo recém-lançado SUV HR-V é da ordem de um mês no caso da versão mais barata ou até cem dias para a mais sofisticada.  

Carlos Eigi, diretor industrial, reconhece: quase metade dos mais de 540 carros que a unidade fabrica diariamente é do utilitário esportivo – embora algumas áreas trabalhem de forma ainda mais acelerada, em ritmo que permitiria produzir mais de seiscentos veículos por dia.

Hoje saem de Sumaré cerca 240 unidades diárias do HR-V. E Eigi calcula produzir 50 mil deles até o encerramento do ano. O problema – bom – é que a procura pelo hatch Fit e pelo sedã City, modelos renovados há menos de um ano, também cresceu. No caso do primeiro, os emplacamentos foram em torno de 50% maiores no primeiro quadrimestre.

“Dos quatro modelos que Sumaré produz, três são novos”, enfatiza o executivo, que entretanto não admite ainda a adoção de um terceiro turno “em um momento de instabilidade do mercado interno”.  Mesmo assim o executivo calcula produção 15% maior em 2015 na comparação com 2014.

O crescimento poderia ser ainda mais expressivo caso a Honda não enfrentasse também a concorrência de outras plantas do Grupo que fabricam o HR-V e que, com o sucesso do modelo, têm demandado os mesmos componentes eletrônicos, de suspensão e transmissões necessários na linha de montagem brasileira.

Sem um terceiro turno de trabalho e mantido o atual o ritmo dos pedidos, o desafogo de Sumaré deve acontecer mesmo somente a partir no início de 2016, quando a fábrica de Itirapina, SP, entrar efetivamente em operação.

A nova unidade terá capacidade de produzir 520 veículos por dia em dois turnos e, assegura Eigi, concentrará a produção do Fit, deixando Sumaré livre para produzir mais sedãs e o desejado SUV, que chegou ao mercado em 20 de março e já soma mais de 9,8 mil emplacamentos até a primeira quinzena de maio.

Itirapina contará com 2 mil funcionários, sendo que cerca de cem deles já trabalham em Sumaré e serão deslocados para a nova planta no fim do ano. A unidade, naturalmente, será mais moderna em recursos e tecnologias: com 1 mil trabalhadores a menos poderá produzir praticamente o mesmo do que Sumaré, que ainda responderá pelo fornecimento de partes plásticas injetadas, componentes e motores para a nova planta.

E exatamente por essa prevista produção complementar Sumaré tem recebido seguidos investimentos paralelos aos de Itirapina – foram R$ 100 milhões somente nos últimos três anos, sobretudo em automação das linhas, com uso mais intensivo de robôs nas áreas de solda e armação, nova linha de prensas, incorporação de processos e tecnologias e mesmo em obras civis, como laboratórios, centro de desenvolvimento e pesquisa e ampliações dos prédios que hoje abrigam em torno de 3,5 mil funcionários.

No começo do ano o complexo passou a abrigar também a sede da Honda South America, antes instalada na cidade de São Paulo. O prédio imponente já abriga setecentas pessoas de diversos departamentos, como financeiro, serviços, administrativo, jurídico, comercial e marketing, dentre outros.

Todos os funcionários, inclusive os gestores, estão concentrados no mesmo andar e espaço para facilitar a troca e informações e acelerar os processos – paredes e salas somente as extremamente necessárias.

A Honda calcula que ao longo desses dezoito anos tenha investido R$ 4,7 bilhões para produzir automóveis no Brasil. Desde então Sumaré, que foi inaugurada com capacidade para apenas 15 mil unidades do Civic por ano e que em 1997 contava com somente quatrocentos trabalhadores, produziu mais de 1,4 milhão de veículos.